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Expressão Fenotípica de Indivíduos Portadores da Síndrome do X Frágil Imprimir E-mail
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Phonotypic Expression of Patients with the Fragile X Syndrome.

 

Trabalho realizado por:

Karina Carvalho de Oliveira.
Aluna do 3º período do Curso de Fisioterapia da Universidade Presidente Antônio Carlos/UNIPAC – Barbacena – MG.

Contato: karina.oliveira06@hotmail.com

 

Resumo

A síndrome do x frágil é responsável pela maioria das causas de retardo mental herdado, é causada por uma expansão de trinucleotídeos CGG no primeiro exon do gene FMR-1, localizado na região Xq27.3 no cromossomo X. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão a cerca da literatura para identificar a manifestação do fenótipo de indivíduos portadores da síndrome do x frágil e apresentar as características de comunicação, comportamentais e físicas. Através dos dados obtidos foi possível constatar que indivíduos acometidos apresentam atraso e distúrbio de fala com ritmo acelerado, repetitiva e restrita. Além do retardo mental, déficit de memória com dificuldade de aprendizagem, movimentos estereotipados das mãos, considerável dificuldade em interagir com a sociedade, agressividade, timidez e algumas manifestações comportamentais assemelham-se ao autismo. Algumas anomalias físicas são consideradas significantes como escoliose, macroorquidismo, face estreita e alongada, pés planos, hiperextensibilidade de articulações metacarpofalangianas, peito escavado, flacidez ligamentar e incordenação motora.

 

Palavras – chave: fenótipo, síndrome do x frágil.

 

Abstract

The fragile X syndrome is responsible for most of the causes of inherited mental retardation, is caused by an expansion of CGG repeats in the first exon of the FMR-1 gene, located on chromosome Xq27.3 region X. The aim of this study was to review the literature to identify some of the manifestation of the phenotype of individuals with fragile X syndrome and present the characteristics of communication, behavioral and physical. Through the data obtained it was established that affected individuals have delayed speech disorder and fast-paced, repetitive and restricted. In addition to mental retardation, memory deficits with learning disabilities, stereotypic hand movements, considerable difficulty in interacting with society, aggression, shyness, and some behavioral manifestations resemble autism. Some physical anomalies are considered significant as scoliosis, macroorchidism, long and narrow face, flat feet, hiperextensibility of metacarpophalangeal joints, pectus excavatum,

Key Words: phenotype, fragile X syndrome and ligamentous laxity incordenação motor.

 

Introdução

A síndrome do X frágil (SXF) é a causa mais frequente de retardo mental herdado, com uma incidência estimada de 1/4000 em homens e 1/6000 em mulheres, é causada por uma expansão de trinucleotídeos CGG no primeiro exon do gene FMR-1, localizado na região Xq27.3 no cromossomo X. Indivíduos afetados apresentam acima de 200 repetições de sequência CGG, sendo chamados de portadores de mutação completa.¹ Essa característica pode ser verificada pelo exame de cariótipo, desde que seja utilizada técnica específica para a pesquisa de sítios frágeis, situando-se em torno de 4% o percentual limite para que o resultado da análise citogenética seja considerado positivo.²

Esta síndrome ligada a alterações no cromossomo X acomete ambos os sexos, sendo, porém, a expressão fenotípica menos comum, e mais branda, em indivíduos do sexo feminino. A SXF foi descrita inicialmente por Martin e Bel, em 1943, que observaram a presença de atraso mental em onze crianças do sexo masculino, em duas gerações de uma família, sendo todas as mães normais, fato que os fez suspeitar de síndrome ligada ao cromossomo X.³

O grau de retardamento mental é classificado como moderado, sendo sua incidência superada apenas pela síndrome de Down.4

O indivíduo portador da síndrome do X frágil apresenta considerável dificuldade em se comunicar, devido ao atraso no desenvolvimento da linguagem, anomalias comportamentais e físicas.²  Sendo assim o objetivo deste estudo é realizar uma revisão bibliográfica evidenciando as principais manifestações fenotípicas de indivíduos acometidos com esta síndrome.

 

Discussão

Devido a síndrome do X frágil ser manifestada pela expansão de trinucleotídeos CGG no primeiro exon do gene FMR-1, localizado no cromossomo X, os indivíduos portadores apresentam a manifestação do fenótipo com algumas características consideradas anomalias.

Na literatura referente a SXF pode-se constatar que distúrbios de fala e de linguagem são aspectos consistentes  na descrição de indivíduos com SXF.  Observam-se na fala desses indivíduos algumas manifestações frequentes, como escolalia e perseveração. Tais manifestações são caracterizadas como fala com repetições de expressões ou frases.²

Segundo o estudo feito por Yonamine e Silva, onde foram selecionados aleatoriamente, dez pacientes com idade entre seis e treze anos, com diagnóstico de SXF, para realizar avaliação de linguagem com base na evolução comunicativa, considerando-se as escalas de desenvolvimento da comunicação normal, obteve-se dois pacientes com forma de comunicação pré-linguistica e oito pacientes com forma comunicativa linguística, sendo assim é possível constatar o atraso na comunicação da fala, um aspecto muito evidente na SXF.

Além do atraso na fala, portadores da SXF apresentam a manifestação clínica mais importante, que é o retardo mental, que entre os homens, costuma ser grave(QI entre 20 e 35) ou, predominantemente moderado (QI entre 35 e 50).²

Mulheres com SXF costumam apresentar comportamento anormal, semelhante ao dos homens em termos de qualidade, mas com grau de comprometimento inferior, possivelmente pela diferença no QI.²

As manifestações comportamentais assemelham-se ao autismo, como a hiperatividade e alguns portadores desta síndrome apresentam também déficit de memória, o que colabora para dificuldades de aprendizagem.4

Dentre outras características associadas ao retardo mental estão a dificuldade na interação social, a timidez, a ansiedade, a labilidade emocional e os movimentos estereotipados das mãos.²

Um estudo realizado por Rodrigueiro revela que a maioria dos pacientes portadores da SXF analisados apresentam certas características comportamentais incluindo a hiperatividade, fala perseverante, contato visual pobre, déficit de atenção, estereotipias das mãos, mordida de mãos, agressividade, padrão desordenado da fala, ansiedade, ataques de pânico, timidez, comportamento depressivo e fraca memória auditiva.

Certas anomalias físicas são observadas, porém a expressão fenotípica é mais marcante em pacientes do sexo masculino e consiste em macroorquidismo, que é o aumento do volume dos testículos, mais evidentes a partir da puberdade, face estreita e alongada, problemas ortopédicos, como hiperextensibilidade de articulações metacarpofalangianas, pés planos, escoliose, peito escavado, além de outros sinais menos comuns, como prognatismo, calosidades, prega única simiesca, palato ogival ou fendido, prolapso de valva mitral, hérnia inguinal e sinal de Babinski.³
Mulheres portadoras da mutação completa do gene FMR-1 que apresentam deficiência mental ocasionalmente manifestam algumas das características faciais exibidas pelos homens afetados, mas em geral suas características físicas permeiam a normalidade.5

No estudo realizado por Boy e Correia, et. al., onde foram analisados 104 indivíduos, 92 do gênero masculino (53 pré-puberais, 39 pós puberais) e 12 do gênero feminino (pós-puberais), faixa etária de 2 a 33 anos, cujo principal objetivo foi determinar as características clínicas pré e pós-puberais mais significativas observadas entre indivíduos que apresentam mutação no gene FMR-1, foi constatado dentre as anomalias físicas, que pacientes pré e pós-puberais apresentam orelhas grandes, flacidez ligamentar, face alongada, fronte proeminente e apenas os pacientes pré-puberais apresentaram pés planos.

Em outro estudo realizado por Modesto e Aguiar et. al. com dois irmãos portadores da síndrome do X frágil foi observado que ambos apresentam orelhas grandes (em abano), face alongada, macroorquidia, hiperextensibilidade articular, hiperreflexia de patelares, sinal de Babinski e incordenação motora.

Outras características que podem estar presentes nesses pacientes com SXF são estrabismo, torcicolo, cifoescoliose, distúrbios do aparelho genitourinário, criptorquidia, reflexos de membros inferiores exaltados e cutaneoplantar em extensão.³

Alguns pacientes portadores da mutação completa no gene FMR-1 apresentam hipotonia, consequente a disfunção do sistema nervoso central, levando a efeitos deletérios sobre o desenvolvimento da criança, afetando a coordenação motora.5

Alterações ortopédicas poderiam ser explicadas por uma displasia do tecido conjuntivo, que, por sua vez, também justificaria anormalidades cardíacas, como o prolapso de valva mitral.3

O interesse na apresentação deste artigo reside na necessidade do reconhecimento das características clínicas da síndrome pelos fisioterapeutas devido a sua incidência relativamente alta, visando um acompanhamento precoce, com consequente reabilitação e adaptação destes indivíduos à sociedade.

 

Conclusão

Através dos dados obtidos neste artigo por meio de revisão bibliográfica, foi possível concluir que portadores da síndrome do X frágil apresentam alterações significativas quanto aos aspectos de comunicação, comportamento e características físicas.

Em relação a comunicação é notório o atraso e distúrbios da fala com ritmo acelerado, restrita e com repetições de frases ou expressões.

Quanto ao comportamento, este apresenta alterações no que diz respeito aos movimentos estereotipados das mãos, déficit de memória com dificuldade de aprendizagem e interação com a sociedade, além do retardo mental apresentado por indivíduos portadores da síndrome do x frágil.

Algumas anomalias físicas são observadas, tais com face estreita e alongada, orelhas grandes, macroorquidismo e estrabismo. Além dos problemas ortopédicos, pés planos, escoliose, hiperextensibilidade de articulações metacarpofalangianas, peito escavado, flacidez ligamentar e incordenação motora.

 

Referências

1-BOY. Raquel, CORREIA. Patrícia Santana, et. al. Estudo caso-controle envolvendo pacientes pré e pós-puberais com dianóstico confirmado por análise molecular. Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2000.
2-YONAMINE. Sueli Mami; SILVA. Ariovaldo Armando Características da comunicação em indivíduos com a síndrome do X frágil. São Paulo 05 de julho de 2002.
3- MODESTO. Adriana M; AGUIAR. Maria de Fátima M; et. al. Síndrome do X frágil: relato de caso em dois irmãos. Jornal de Pediatria, 1997.
4-WILLARD. TM. Portadores de herança monogênica. Genética Médica. 5ª edição. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan. 1991. p.51-68.
5- RODRIGUEIRO. Débora Aparecida. Síndrome do cromossomo X frágil: análise intrafamilial das características clínicas, psicológicas, fonoaudiológicas e moleculares. 2006.

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.

- Publicado em 22/03/2011.


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