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Sustentando-se nas Lesões: Problemas ocasionados pela Biomecânica Incorreta de Prótese / Órtese e Cadeira de Rodas E-mail
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Trabalho realizado por:

- Kleyton Trindade

- Lana Soglia

 

RESUMO

 

As patologias relacionadas à imobilidade têm sido bastante relevantes na sociedade, pois estão envolvidas com o processo de afastamento social, o que acarretará danos psico-sociais para o indivíduo.

As próteses, ortéses e cadeira de rodas são instrumentos que vem na tentativa de reinserir o indivíduo em suas atividades do cotidiano. No entanto, o que poderia ser uma solução, apresentando apenas vantagens, acaba se tornando um grande risco para as pessoas que fazem o uso, pois em muitos casos compromete a biomecânica, resultando em lesões(Moretzsonh,2003).

Neste estudo buscaremos demonstrar as disfunções biomecânicas mais freqüentes provenientes do uso incorreto de muletas, próteses para membros inferiores e cadeiras de rodas, além de avanços tecnológicos nessa área.

 

Palavras - chaves: Próteses; Muletas; Cadeira de rodas; Biomecânica; Lesão.

 

 

INTRODUÇÃO

 

As alterações genéticas, traumas, entre outros, exemplificados pelas fraturas em membros superiores e inferiores, amputações, lesões medulares e na coluna vertebral, má formação congênita, são fatores que afetam a disposição estrutural do corpo, gerando, por muitas vezes, a necessidade do uso de recursos que possibilitem o suprimento das funções que no momento encontram-se debilitadas. As próteses, órteses e a cadeira de rodas são exemplos destes recursos.

Há muito tempo já se busca alternativas para locomoção no momento de mobilidade prejudicada. O uso de muletas é algo que já se faz há tempos. O mais antigo registro vem de uma escultura feita em 2830 AC na entrada de um portal na tumba de Hirkouf (SOT, s/d).

Como o avanço da tecnologia esses equipamento têm sido cada vez mais aprimorados, a fim de proporcionar um melhor bem estar para os usuários.

Mesmo com toda tecnologia disponível, pessoas que fazem uso de próteses, órteses e cadeira de rodas, podem ter a biomecânica comprometida, visto que os segmentos corporais não estão em perfeita simetria e a coordenação dos movimentos torna-se dificultosa.

A biomecânica é a ciência que examina as forças internas e externas que atuam no corpo e seus efeitos (HAY, 1981). A análise biomecânica dos usuários desses equipamentos é de fundamental importância para prevenção de possíveis lesões que podem aparecer devido à diversos fatores, tais como a sobrecarga de peso e atividade repetitiva de músculos em detrimento de outro, o que vai resultar em compensações e desequilíbrio postural (Kottken e Lehmann, 1994).

 

DISCUSSÕES

A muleta é um dos equipamentos mais utilizados nos casos de lesões em membros inferiores. Ela funciona como um auxiliador no equilíbrio e na locomoção e vai servir como uma base de apoio para o individuo que está com um dos membros inferiores lesados (MORETZSONH, 2003).

A muleta deve-se ser utilizada aos pares e quando isso não acontece, isto é, quando é utilizada apenas uma muleta verifica-se uma sobrecarga de peso. Durante a pesquisa foi observado que as pessoas que fazem o uso rotineiro de apenas uma muleta do tipo articular apresentam dores em membros superiores do lado contralateral a lesão. Essas dores são provenientes da atividade intensa que os músculos contralaterias ficam sujeitos, quando a atividade não é realizada de maneira correta. O trapézio (fibras superiores) e elevadores da escápula ficam encurtados, pois acontece uma elevação do ombro no momento da caminhada, na fase em que o membro que segura à muleta tem que gerar o apoio, e esse movimento acabam sendo um movimento em bloco da cintura escapular (SMITH, 1997). Outro problema recorrente do uso de apenas uma muleta é verificado na coluna, com aparecimento de escoliose, pois com isso o apoio se da todo de um lado em detrimento do outro, causando a curvatura lateral da coluna, com o encurtamento do quadrado lombar.

Essas lesões por conta de uma constante elevação da cintura escapular são ainda mais evidentes quando o indivíduo faz o uso de muletas axilares, porém as lesões passarão a ser do lado ipsilateral. Nesse tipo de muletas é freqüente o aparecimento de lesões vasculo- nervosas, devido a uma compressão nervosa na região comprimida pela muleta (NAGARATA ET AL, 2001).

Quando são utilizadas duas muletas, e respeitando os parâmetros de utilização correta, verifica-se a incidência de problemas decorrentes da flexão do tronco, o que poderá resultar em lombalgia, e um enrijecimento dos músculos abdominais. Outro ponto que foi observado são as dores articulares, principalmente em cotovelo e punho, que são conseqüência indireta da imobilidade articular.

Muito se tem avançado nas pesquisas relacionadas as muletas, e com isso, engenheiros da Universidade de Southtampton desenvolveram muletas “inteligentes” que incorpora uma avançada tecnologia de sensores para monitorar se o equipamento está sendo usado corretamente. A muleta foi equipada com três acelerômetros, que detectam o movimento, e sensores de força, que medem o peso que está sendo aplicado pelo braço do paciente, além da posição da mão sobre o apoio (DIÁRIO DA SAÚDE, 2009).

As próteses para membros inferiores também tem sido bastante requisitadas nos casos de amputações ou má formação congênita.

Em nosso estudo observamos uma prótese para membro inferior de encaixe acima do joelho e ficou evidente a presença de marcha ceifante, principalmente nos primeiros dias de uso, isso deve-se ao fato da prótese não permitir uma flexão na região do “joelho”. Quando quer andar, o paciente leva o membro estirado inicialmente para fora, depois, para frente, descrevendo um movimento de circundução ao redor da coxa, como se ceifasse a terra (SILVA ET AL, 2008).

Esse movimento favorece ao aparecimento de uma escoliose, pois na abdução do quadril há um encurtamento do quadrado lombar no lado ipsilateral, desviando a coluna para o mesmo lado.

Estudos recentes também mostraram um grande problema decorrente do uso de prótese e muletas. Pacientes que fazem o uso de próteses de membros inferiores apresentam um aumento de 20% no consumo de oxigênio, enquanto os que fazem uso de muletas aumentam em 40% e a freqüência cardíaca passa a ser 62 % acima da normal (GASPAR, INGHAM, CHAMLIAN, 2003). O gasto energético durante a marcha com muletas axilares é aproximadamente duas vezes maior quando comparada à marcha normal.

Isso deve ser bastante observado na hora da prescrição do uso de um desses equipamentos, pois paciente cardíacos podem ter sérias complicações levando até a morte.

Um equipamento que é utilizado em casos de lesões e que aparentemente parece inofensivo é a cadeira de rodas.

Um dos problemas que podem ser encontrados com o uso da cadeira são o acento e o apoio lombar inadequados. Isso pode gerar uma postura sentada sacral que resulta em sobrecarga do pescoço e da parte superior do dorso, pressão escapular excessiva dos extensores lombares, pressão sacral excessiva e pouca ventilação.

Para movimentar-se o usuário de cadeira de rodas precisa fazer um desvio ulnar do punho para girar a roda, saindo de uma posição de flexão para uma extensão do cotovelo. Esse movimento repetida vezes ocasionará lesões no punho, podendo progredir para a síndrome De Quervain, que é uma doença que ocorre pelo acometimento dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar na região em que atravessam uma espessa bainha fibrosa, próxima do processo estilóide do rádio(KISNER,1998).

Também é evidente o movimento de rotação interna do ombro na hora da propulsão, fazendo com que a atividade dos rotadores internos (redondo maior, peitoral maior e subescapular) seja bastante intensa. Com isso pode haver um encurtamento de tais músculos ocasionando um protusão dos ombros (KOTTKE E LEHMANN, 1994).

 

CONCLUSÃO

 

Existem hoje diversos recursos desenvolvidos a fim de restabelecer as funções e reinserir o indivíduo na sociedade realizando as atividades do seu cotidiano.

As orientações feitas a partir da análise da biomecânica das próteses, ortéses e cadeira de rodas são essenciais para uma melhor desenvoltura no uso desses recursos, visto que a má utilização deles pode acarretar em outras lesões a curto ou longo prazo.

Deve-se estudar a problemática e a partir daí desenvolver soluções para prevenção e tratamento dessas lesões. Para isso é fundamental que haja um treinamento para utilizar esses aparelhos, e o trabalho do Fisioterapeuta, Ortopedista e Terapeuta Ocupacional é essencial na promoção de uma melhor qualidade de vida a esses indivíduos.

 

METODOLOGIA

 

O desenvolvimento desse trabalho foi feito a partir da análise biomecânica qualitativa, em que o movimento é observado e descrito, a partir da observação de vídeos e de alguns indivíduos usuários dos equipamentos, além de uma revisão de literatura a respeito do assunto.

 

REFERÊNCIAS

 

Gaspar A. P. et al. - Gasto energético em paciente amputado transtibial com prótese e muletas.2003

Hamill e Knutzen. Bases Biomecânicas do movimento humano. Manole. 2008. 2ª edição.

Kisner e Colby. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e técnicas. Manole. 1998. 3ª edição.

Kottke e Lehmann. Tratado de medicina física e reabilitação de Krusen. Manole. 1994. 4ª edição. Vol 1

Kottke e Lehmann. Tratado de medicina física e reabilitação de Krusen. Manole. 1994. 4ª edição. Vol 2

Lianza, Sergio. Medicina de Reabilitação. Guanabara, 1995. 2ª edição.

Moretszonh. Os auxiliadores da marcha. Uso de muletas, bengalas e andadores.Campinas. 2005

Silva et al.Marchas patológicas.2008

Site: http://www.sot.ufam.edu.br/Graduacao/historia.htm

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 27/04/10.
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