A preocupação exagerada com o colesterol se tornou uma verdadeira mania entre os americanos. Por isso, instalou-se uma síndrome por conhecer os ingredientes de qualquer produto alimentício industrializado. Numa situação como essa é natural que outros exagerem no sentido oposto afirmando que o colesterol é um fator de risco quase desprezível na prevenção das doenças cardíacas. E essa polêmica chegou também à imprensa brasileira. O cardiologista Nabil Ghorayeb, diretor do Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia estabelece o equilíbrio listando os oito principais fatores de risco para o infarto: "Em primeiro lugar, a hipertensão arterial. Em segundo, o fumo. Em terceiro, o colesterol". Em seguida. por ordem de importância, vêm o diabetes, o sedentarismo, o estresse e a obesidade." Cada um desses fatores não pode ser considerado agente exclusivo das doenças cardíacas: "Mas quando se juntam dois ou mais, os riscos que a pessoa tem de sofrer um infarto se multiplicam", diz Ghorayeb. A taxa considerada normal é de 150 a 200 mg/dl (miligramas por decilitro - 1/10 de litro - de sangue). Abaixo de 150mg, podem ocorrer problemas sérios por cair a produção de hormônios tanto no homem quanto na mulher. Os especialistas alertam ainda para outros cuidados: 1. Ler o resultado do próprio exame de laboratório é mais difícil do que parece. 2. O nível real pode estar até 10% acima ou abaixo do número que consta no exame, por causa do chamado coeficiente de variação internacionalmente aceito nessas medições. 3. Um esforço físico maior que o habitual ou uma gripe podem afetar os resultados. 4. É importante observar a relação entre o colesterol total e o HDL. Se o resultado da divisão do total pela taxa de HDL for menor que 4,5 tudo bem. Outros fatores que afetam o colesterol A hereditariedade pode ter um profundo efeito sobre os níveis de colesterol. Casais que utilizam a mesma dieta, por exemplo, podem ter enormes diferenças nos teores de colesterol. A diferença se deve a todo um conjunto de fatores que variam de pessoa para pessoa na forma como reagem a uma dieta, Isso é assim mesmo, basicamente porque cada pessoa tem uma herança biológica que é só sua, a qual deriva de seus pais, de acordo com numerosas probabilidades. Para pouquíssimas pessoas (cerca de uma em cada 500), os elevados níveis de colesterol resultam de características herdadas pelas quais o fígado tem dificuldades para remover o LDL do sangue. Isso faz com que alguns indivíduos apresentem níveis de 300 a 500mg/dI e críticos problemas cardíacos por volta dos 30 anos de idade. O estresse emocional de diferentes tipos também faz aumentar os teores de colesterol. Exames de fim de ano nas escolas, desemprego, cirurgias e gravidez difícil, podem incrementar temporariamente os teores de colesterol. Com a idade, também o colesterol aumenta, não se sabe exatamente por que. Alguns estudiosos acham que se deve a um aumento gradual das gorduras no organismo aliado a uma redução na atividade física. Como a gordura aumenta no corpo, o organismo produz mais LDL. Essa é outra razão para manter a atividade e o condicionamento físico. O que falar dos óleos de peixes? Parece que têm algum efeito no sentido de baixar os triglicérides do sangue e certa capacidade de inibir a formação de coágulos, fazendo ainda diminuir a pressão arterial e aumentando o nível de HDL. Entretanto, seus efeitos adversos devem ser considerados, tais como a tendência para facilitar os sangramentos, deficiências de vitamina E e possível toxidade para as vitaminas A e D. "Ainda é prematuro recomendar suplementos de óleos de peixes para o público em geral. Necessitamos de estudos mais conclusivos que promovem sua capacidade de prevenir ataques cardíacos", afirma o Dr. Neil J. Stone, da Escola de Medicina da Universidade de Chicago, Estados Unidos. Deveria o álcool ser recomendado para aumentar o nível de HDL? Embora o uso moderado de álcool (uma ou duas doses por dia) tenha demonstrado que pode aumentar o colesterol HDL, não há prova de que isso baste para prevenir os infartos. Há vários outros elementos que alimentam o HDL, incluindo o exercício físico, a perda de peso, a insulina (e até o inseticida DDT). Recomendar o álcool para incrementar o teor de HDL viola uma das regras básicas da terapia. Ao invés de inibir os outros fatores de risco, ele os multiplica. Ele provê calorias extras, o que implica na obesidade; aumenta a pressão arterial, e em maiores quantidades aumenta os riscos de derrames cerebrais, doenças do fígado e acidentes. O Dr. Stone opina: "Essa é uma terapia tola, especialmente porque o exercício físico é muito mais eficiente para elevar o HDL." Talvez leve algum tempo para desenvolver novos hábitos, e isso não é nada fácil no princípio, mas essa experiência pode ser facilitada pelo pensamento de que assim estamos nos beneficiando, bem como aos outros que nos rodeiam. Devagar, com calma e de forma racional, é assim que os novos caminhos podem levar a mudanças permanentes e a uma vida mais saudável. Vale a pena tentar. Fonte : Revista Vida e Saúde
Obs.: - Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor. - Publicado em 2002
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