Trabalho realizado por:
Neide Diefenbach.
Fisioterapeuta com formação em Terapia Morfoanalítica e Mestre em Ciências do Movimento Humano pela ESEF/UFRGS.
Este é um artigo que apresento mediante as minhas reflexões e de alunos de pós-graduação em ginástica laboral da UFRGS (2000) na realização da disciplina avaliação funcional, somado ao suporte teórico, que dos quais permitiram construir um conhecimento profissional tão emergente hoje em nossa sociedade. Pensando de forma ativa, ou ativando o pensamento, a razão e a coerência profissional, procurei inovar numa atitude consciente de que a prática alia a teoria, ou da vivência para a teoria. Assim, se importando com a vida dos alunos do curso de especialização, me foi digno um profundo pensar sobre o agir com um grupo de 25 alunos, onde eles esperavam da disciplina avaliação funcional e postural do trabalhador, algo bem restrito e metódico. Os depoimentos vivos a cada palavra, simbolizando toda um pensar sobre o agir profissional, não só buscando o conhecimento, mas as conseqüências deste em níveis de satisfação, significados e toda o simbólico da atividade proposta. Assim inicio com um dos depoimentos ilustrativos: "Nesta disciplina, houve um questionamento muito além do conteúdo: O que eu estava "trabalhando" com o corpo dos meus alunos. Repetição ? Postura? E me peguei a tentar responder se não era mais fácil eu deixar vazão para que ele me falassem do que sei hoje sobre o meu corpo, as minhas inseguranças, medos, frustrações, que penetram no meu corpo gerando toda uma desarmonia corporal. Que o corpo fala, sei é um chavão, mas será que estamos preparados para ouvi-lo? Será que queremos? É mais fácil preparar um momento de ginástica laboral "politicamente correta", sem maiores conseqüências nas emoções das pessoas, do que mexer com o íntimo. Tenho conversado muito com os meus alunos sobre isto. Não deixar de nos darmos um tempo para fazer qualquer coisa que nos faça sentir melhor, mais inteiros, mais felizes. Nós educadores físicos, temos sido contrários ao que pregamos. Muitos não têm atividade física regular. Como incentivar se nós mesmos não servimos de modelo ?" Acrescentou uma charge do HAGAR onde diz: - Que devo fazer para ficar forte como o senhor? - Bem...a minha teoria é que você será mais saudável se fizer exercícios. - Mas o senhor não faz isso! - Eu disse que era só uma teoria. V.L.S. Atitude de criar e significar o movimento, é um ofício do professor interagindo com seus alunos e portanto, tornei-os ativos em sala de aula pensativos corporalmente e conscientes mentalmente, em seus corpos da ginástica laboral em si mesmo. Aproveitando o espaço como um local de experiência, onde a sua prática seria quase um "laboratório" das propostas a serem realizados com a sua clientela, nos seus locais de trabalho. E a teoria construída a partir de suas vivência foi um suporte que cumpriu uma sustentação, em várias áreas do conhecimento humano. Então como não foi sistematizado para uma abordagem científica mais detalhada, tive a luz de pedir um relatório final para cada um dos alunos, e rever até que ponto as nossas discussões teóricas embasadas na prática atingiam o grau de suas expectativas pessoais sobre a prática laboral. Assim uma série de depoimentos dos quais já passei um, passarei a descrever, imbuídos no conteúdo da disciplina observei a riqueza do resgate de depoimentos e a simplicidade, diante de tamanho mercado de trabalho e inovadores neste campo. Aliados ao conteúdo que eles próprios me ajudaram a construir. O corpo de conhecimento em ginástica laboral. História A primeira notícia da atividade, que visa à formação de hábitos e atividades contrários a fadiga, acha-se numa pequena brochura editada na Polônia em 1925 em Revue de L'Education Pshysique (1960). Em Leningrado, Ryshkova fala de 150 mil empresas suas, envolvendo cinco milhões de operários, que praticam ginástica de pausa adaptada a cada ocupação particular. E esta, é freqüentemente praticada na Suécia, Noruega e Japão. Em uma experiência realizada na cidade de Leipzig, empreendida pelo Serviço de Investigação da Escola Superior de Cultura Física da Alemanha Oriental, onde a ginástica foi aplicada em três grupos experimentais compostos de operários de fábricas diferentes. E após a realização dos exercícios físicos, a avaliação mostrou que a fadiga dos músculos diminuiu durante e depois do final de toda a jornada de trabalho. E a medida de produtividade mostrou aumento de 2 à 5%. Na União Soviética, procedem informações sobre os benefícios corporais derivados de programas de treinamento. Na Bélgica a ginástica foi iniciada em 1961 e logo em 1968 foi avaliada nos Estados Unidos da América do Norte pela International Management Review, e foi uma das mais significastes avaliações sobre Saúde do trabalhador pelo exercício físico, onde a National Aeronáutica and Space Administration- NASA, envolveu 259 voluntários. Atualmente, conforme REY (1963), mostra-nos que nos países socialistas a ginástica laboral tem proporcionado um incremento na saúde dos trabalhadores mediante melhorias no funcionamento do órgãos internos e atividades do sistema nervoso central, uma vez que as pausas durante o trabalho facilitam a circulação estendendo a irrigação sangüínea a todos os tecidos corporais, ampliam a ação respiratória em função de uma melhor oxigenação a nível pulmonar, reduzem a congestão mental produzida pela concentração e ação intelectual persistente, contribuem para eliminar a tensão emocional e nervosa, propiciam uma postura corporal correta compensando o desequilíbrio funcional produzido pela unilateral exigida em certos tipos de trabalho. No Brasil, a implantação da ginástica na Empresa foi efetuada pela primeira vez pela Federação de Estabelecimento de Ensino Superior em Novo Hamburgo FEEVALE, através da Escola de Educação Física em 1973. E em 1979, a mesma entidade com convênio SESI, elaborou e executou o projeto de Ginástica Laboral. Tendo no ano de 1999 implantados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Escola de Educação Física, o curso que visa preparar os alunos e profissionais para esta tão nova área de atuação. O programa Os programas geralmente intercalam com intervalos convenientes, a fim de proporcionar ao trabalhador uma melhor utilização da sua capacidade funcional, sem demasiada solicitação física. E para tanto é a implementação de um responsável técnico na área que tenha conhecimento da modalidade que justifica o fato de se haver criado esta especialização. "No corpo devo pensar que existe toda uma união entre a forma dos ossos, dos músculos e seus movimentos, tendo como mensageira de informações, para a mais completa tradução corporal interior, refletindo na condição postural do indivíduo". Assim é identificável a tristeza, quase óbvia a alegria, traduzível a raiva, enfim são sentimentos que se tornam corporificados, sem que precisa ser dito, está ali. E vejo isto em mim que dirá nos outros, então... Isto acho que parte da consciência de um corpo com todas as suas nuances. E isto foi me revelado, a palavra certa enquanto realizava as aulas, sem que meus pensamentos soubessem, o meu corpo soube... Por mais incrível que pareça, esta consciência que me foi dada na aula, e, persistia mesmo depois de finalizada, o que me fazia aproveitar todo o contato corporal, o contato emocional do corpo. E, quando chegava em minha casa e me colocava deitada, plana e flutuante, concomitantemente. Porém posso reconhecer que ainda falta muito conhecimento vivo no meu corpo". M.B.N. E, diante das necessidades, apresentadas em nossa sociedade, a ginástica, laboral se depara através do aluno com a postura ocupacional, o real efeito do programa e seus benefícios posteriores. E claro indigna-se com as condições ambientais, de duas formas: o ambiente corpo e o ambiente trabalho. E acaba se encontrando e olhando para as suas paredes, e claro tentará modificá-las de acordo com o seu agrado. Assim estará se construindo no seu trabalho à partir de sua avaliação. Avaliação - Problemas e sua importância
A cultura, através de séculos de integração, tem imposto ao homem distintas necessidades. Do ponto de vista neuropsicomotor, a expressão mais característica do homem de outrora é a do movimento, enquanto do homem moderno é a do antimovimento. Como homem de outrora se considera aquele que vive junto à natureza e que se vê obrigado a subsistir mercê de seus próprios esforços físicos. Nesta lei natural, onde o mais forte e/ou hábil triunfa, o homem por necessidade deve adquirir um desenvolvimento generalizado de suas estruturas e funções, e dotar-se de habilidades e destrezas específicas. É o homem cérebro e músculos num equilíbrio perfeito. O homem moderno que está rodeado de uma série de avanços tecnológicos que tentam facilitar sua vida. É avaliado constantemente, e não pode reger suas expressões psicomotoras pela necessidade, pois está não produz mais reações do mesmo tipo que as oferecidas ao homem de outrora. De concreto, a percentagem de trabalho físico do homem atual é mínima e, como sua concepção de comodidade tende a diminuí-la ainda mais, não é difícil prognosticar, se não existir uma mudança na conduta, difícil tempos para o mesmo, considerando como obra arquitetônica. A natureza dos músculos e suas inteligentes combinações foram feitas para se movimentarem, e de repente, ali, horas e horas com um contínuo movimento. E pergunta, o que avaliamos a quem deveremos redimensionar, e porque chegamos a este nível: ginástica laboral. E surge um questionamento: "... Por onde começar? Eis uma pergunta que me ficou mais presente desde o início da disciplina. Pode-se dizer que pelo início, mas... onde é o princípio? Pés, joelhos, quadris, respiração, emoções, retrações, compensações, dores, falta de propriocepção, falta de contato, medo de contrair com os próprios sentimentos...". Um novo olhar(que é também antigo)vai (re) surgindo sobre o indivíduo e sobre o espaço por ele ocupado, e também sobre a forma de ocupação desse espaço. Equilíbrio, consciência, respiração, relaxamento, reestruturação, soam como sinônimos de liberdade, leveza, harmonia.... O caminho é difícil, interminável e ao mesmo tempo encantador, como é a estrada do conhecimento, onde não chegamos nunca ao fim, de uma forma conclusiva. Não há fórmulas! Há conhecimento, busca, leitura, vontade, sensibilidade e autopercepção de quem trata, aliado à necessidade de mudança de quem busca.". A M. L. De fato, um olhar sobre a vida moderna ressoa ao seu espaço corporal. Onde o homem a sua vida sedentária, encontram prejuízos em suas funções orgânicas e uma acentuada diminuição à sua tonicidade muscular. Assim desencadeiam doenças do aparelho circulatório, principalmente aquelas que afetam o coração, são, em grande parte, oriundas da falta de atividade físicas, que, também, provoca anomalias funcionais e estruturais da postura, acarretando desconforto e dores residuais indefinidas. Paradoxalmente, a civilização oferece mais anos de vida em piores condições desde cedo. Especialmente, o trabalho dos operários nas fábricas, junto a suas máquinas, muitas vezes com posturas defeituosas, ouvindo o barulho constante e desagradável de suas ferramentas, com toda atenção dispensada à sua tarefa, fadiga o corpo e esgota os nervos. SANTOS (1962) afirma: "Atingimos a idade sentada, com a conseqüente degeneração postural e perda da tonicidade muscular, propiciando abaixamento do nível funcional cardiovascular, respiratório e digestivo, levando a uma evolução regressiva mais rápida e a um envelhecimento precoce, tudo isto quando a média de longevidade aumenta." Por isso, ao não existirem possibilidades de um seguro retorno às origens, o homem deve recorrer, para sua educação neuropsicomotora, a outros elementos: os que, em conjunto, constituem métodos. Igualmente, ao não contar com os meios que lhe permitem as formas de movimento homônimas com as do homem de outrora, deve criar outras técnicas. "O corpo nunca esquece o que acontece, há dificuldade em ver claramente e sem preconceito seu próprio corpo, na rigidez, retração e dores do músculo, das costas, membros, diafragma e também do rosto e do sexo, está escrita toda a sua história, do nascimento até hoje, desde os primeiros meses de vida nós temos que reagir às pressões. Fique assim, fique quieto. Não mexa. Tire a mão daí... Normalmente as tensões não são percebidas a menos que provoque dores de cabeça ou outros sintomas. A tensão retida nos músculos limita a receptividade dos sentimentos pelos outros, bem como os seus próprios processos interiores, por outro lado, quanto mais relaxado e flexível mais a vitalidade e os sentimentos fluirão pelo seu corpo, a capacidade de perceber a tensão nos seus primeiros estágios é um bom método de advertência, porque ela pode ser uma indicação de algo na sua vida que precisa ser olhado e mudado". L. U. B. A necessidade de oportunizar ao homem Surge, a necessidade de oportunizar ao homem, especialmente ao operário de indústria, a formação de hábitos e atitudes favoráveis à preservação da saúde. Esta preservação envolve a prevenção da fadiga periférica e da fadiga central, aquela do sistema muscular e esta do sistema nervoso. As conseqüências da prevenção da fadiga são: melhor bem-estar geral, diminuição do índice de acidentes de trabalho e aumento da produção industrial. A fadiga é um fenômeno fisiológico relacionado com a combustão dos nutrientes pela contração das sinergias musculares, resultando na formação de ácidos que, transportados pela corrente sangüínea, diminuem a capacidade de trabalho. Deste modo, a fadiga proveniente da atividade de um segmento corporal, pela dispersão, provoca a fadiga em todo o corpo. Também, os efeitos da acidose sobre o cérebro podem contribuir para a sensação da fadiga central. Por outro lado, sendo a fadiga resultante de intoxicação residual, diminui a capacidade de defesa natural do organismo contra germes, bactérias e outros, predispondo-o à contração de moléstias. Além disto, quando relacionadas com o operário de fábrica, devem ser consideradas as condições locais de poluição, como: temperatura, renovação do ar, iluminação e outras. Soma-se ainda o baixo nível de escolaridade do operário, que vai traduzir-se em diminuto conhecimento de regras de higiene. Pode-se, por isso, predizer a importância dos empregadores, na luta contra o infortúnio laboral. "É o meu depoimento é um verdadeiro depoimento, sobre a luta laboral, pois são questionamentos, ou seja": Será que minhas aulas até hoje estão erradas? Sei de que deveram ser alteradas! Elas trazem algum benefício aos meus alunos? Por onde começar? O que é certo e errado? Pois trabalho por trabalhar, sei que não posso fazer da hora deles a minha hora mais dura de trabalho, é injusto. J.M.F As conseqüências particulares da instalação da fadiga nos operários de fábrica, portanto, são o aumento do número e gravidade dos acidentes de trabalho e a queda da produtividade, esta pela diminuição da produção em relação àqueles fatores. E isto foi identificado no momento que a aluna se depara com outra leitura corporal, há novos interesses e sobre eles dúvidas, tão natural que o seu nível de produção é questionado. E quanto à produtividade, sabe-se que entre os fatores mais relevantes sobressai a mão-de-obra eficiente. E para o possível especialista vem a questão de como é a sua mão-de-obra; Por isso, oferecendo-se melhores condições para os operários, é possível aumentar-se a mesma. E esta é o objetivo final do interesse empresarial, que de certa forma alia-se ao especialista da área, e outras se coloca ao lado do trabalhador. Pode-se obter as vantagens apontadas, a atividade física através da ginástica laboral, deve atingir as sinergias musculares para proporcionar o equilíbrio funcional. Prevenindo então a fadiga periférica e central. E muitas outras vezes, a tomada de consciência do trabalhador, lhe faz questionar da sua atitude passiva diante da forma de trabalho e lhe toma outra forma de pensar sobre o seu fazer, e estamos diante deu um fazer consciente e um mutável. Problemas relacionados a saúde do trabalhador Conforme KOLLING (1982) relaciona muitos problemas referentes a laboral, e um deles é a postura ocupacional; e que esta seja uma das causas de inúmeros afastamentos do trabalho e calcula-se que 4 milhões de brasileiros estejam sobre tratamento em razão de dores lombares. Pois muitas pessoas passam grande parte de suas vidas sentadas ou de pé à mesa de trabalho com posturas incorretas, sob pressão e tensão de situações competitivas enervantes. Quando os músculos permanecem contraídos por longos períodos, são necessárias medidas especiais para relaxá-los. A definição de postura, conforme MORO (1994) é muito controvertida entre vários especialistas (biomecânicos, ergonomistas, fisiologistas, fisioterapeutas, médicos etc..) e ainda mais complexo se torna o problema quando o objetivo é conceituar "postura ideal" ".......Penso que para que um profissional possa passar com segurança sua técnica, seu tratamento. Preciso entender dos seus desníveis, dos seus desequilíbrios, pelo menos Ter consciência. É uma tomada de postura, ter esta postura. Antes de tudo ele precisa vivenciar, fazer parte da sua proposta. Como é que ele vai cuidar do corpo da outra pessoa, se ele não tomou consciência das suas próprias dores, seus desequilíbrios, de suas emoções. Quando iniciei esta disciplina não tinha consciência de quanto eu iria evoluir, hoje ao final percebi que antes de apresentar alguma proposta de trabalho para alguém tenho que ter vivenciado esta proposta. Conhecer as características do grupo ou do indivíduo que irei trabalhar....." V.C.S O interessante no relato entender que sua leitura profissional, era do "outro", quando dizia o "profissional" o seu "tratamento" e ao final já tem no seu discurso na primeira pessoal ... " de quanto eu iria evoluir". E falando-se em evoluir, o homem das cavernas, que em suas atitudes, por exemplo, via-se a face com uma situação ameaçadora, tinha duas opções: lutar ou fugir. Infelizmente, a escolha hoje, não é tão simples para o homem deste século, pois este é lançado em situações que não lhe permitem linhas óbvias de ação, e tem que se tornar ativo em muitas situações. Então as escolhas, do homem moderno, passam a ser de protestar ou mudar-se, o que provavelmente gera tensão. E assim alguém cronicamente frustrado em seus esforços para resolver tensões, é um sério candidato a ataques cardíacos precoces, dores de cabeça, asma, e enfim fadiga crônica. MANDAL (1981) afirmou o seguinte: "De fato, não podemos mais considerar como uma raça ereta e poder-se-ia dizer que o homo sapiens agora se tornou uma nova raça - o homo sedens". A maior autoridade mundial no assunto "tensão", o Dr. Hans Selye, WARSHOFSKY (1971) do Canadá, fala entre inúmeros trabalhos das últimas décadas, que a tensão não é uma a reação específica do corpo e sim de qualquer exigência feita a ele. E para tanto, observa-se postura rígida, com pessoas não flexíveis de comportamento. E todos estes problemas são discutidos em LIDA (1990) projetos e produções ergonômicas como na adaptação do trabalho ao homem com GRANDJEAN (1998), onde a técnica e as medidas dos instrumentos de trabalho precisão da condição saudável do homem para o seu posto de trabalho, como oferecer um digno posto para trabalhar. "Quando encontrei esta disciplina, comecei a perceber uma proposta de trabalho que considero ideal, começou com a nossa vivência corporal, com questionamentos: Como conseguimos tratar desequilíbrios posturais se não conhecemos o nosso próprio eixo? Pensar sobre o conhecimento teórico e agir como terapeutas corporais, teremos que começar por nós mesmos, tendo consciência de nossa postura, do nosso movimento, e para isto precisamos que alguém nos avalie e nos sugira a compreensão do nosso desequilíbrio para seguir ao equilíbrio. Este é o verdadeiro posto de trabalho profissional de um agente de saúde E tenho a sensação de que conhecer um local de trabalho é diferente de outro, mas se eu olhar aquele que realiza, é humano, tem corpo e se movimenta, tem seus sentimentos e percepções, e este é quem devo trabalhar, pois o posto está ali. E eu estou diante dele, mas o que fazer? Me pego com duvidas e certa angústia aliada a tensão. Pareço tão normal quanto aos inúmeros trabalhadores, esta é a verdade." C.M.P. E assim este depoimento dilui os maiores problemas que vem a ser, a sensação vaga e desagradável que alguma coisa está faltando ou de algo de ruim vai suceder, é o que muitos chamam de ansiedade, que se manifesta fisicamente e os psiquiatras crêem que estes ataques momentâneos são muitas vezes causados por fantasias que a própria pessoa censura, fantasias de agressão e hostilidade ou medo da solidão. GRANT (1971) descreve o tédio como fator laboral e é uma combinação dos seguintes sentimentos: estado de insatisfação e falta de inclinação à ação; estado de desejo aliado a incapacidade de designar o que se deseja; sensação de vazio; atitude de expectativa passiva na esperança de que o mundo exterior forneça alguma satisfação. Muitos cientistas acreditam que o tédio crônico é um fenômeno específico da sociedade industrializada. Onde a vida diária está cheia de exemplos de monotonia. E isto também pode ser uma das causa de acidentes de trabalho pela abstração durante as horas mais tensas do trabalho. Conclusão A verdade segundo BERTAZZO (1996) é que todos nós encontramos dificuldades para introduzir em nosso cotidiano o hábito de exercício. Na literatura pode-se encontrar numerosos estudos registrando os benefícios das atividades físicas na condição da vida do homem moderno, estas infundadas em melhorias na estabilidade emocional, no desenvolvimento intelectual, na consciência corporal, na competência social, no desenvolvimento, na auto-realização, no aprimoramento físico-orgânico, etc. Dentro deste universo de estudos merecem destaque as obras de ASTRAND e RODAHL(1987), MATHEWS e FOX(1986), COSTA(1988), LEITE(1990), PEGADO(19990), GAELZER(1985), DIECKERT(1984) entre outros, que procuraram evidenciar os possíveis benefícios proporcionados pela prática sistêmica de atividade física na aptidão total do homem. Pois o respeito a saúde do trabalhador enfocada por PULCINELLI(1994) é de que se deva considerar o aspecto fundamental de toda a atividade física é a humanização do trabalho, através do respeito à saúde, a uma justa remuneração, segurança e sanidade no local de trabalho. Pois é no trabalho que se fica a maior parte do tempo existencial, e esta deve ser mais digna e rica. Finalizo então como iniciei, com mais um dos depoimentos do qual ressaltam a importância do questionamento da função e de avaliação em ginástica laboral. E dentro do desenvolvimento do trabalho, este resume toda a perspectiva e o reconhecimento de que a vivência renasceu o conteúdo, e especializou o aluno. "A participação nesta especialização proporcionou-me a oportunidade de modificar a visão restrita que possuía a respeito da Ginástica Laboral. A verdade que foi um espaço e um momento onde nós trabalhadores tivemos a oportunidade de participar de um programa de educação e responsabilidades que nos proporcionarão uma série de benefícios. O sentido de se construir e elaborar novos conceitos, superando assim, as idéias equivocadas. Veja você, consegui fazer com que praticamente me transportasse para o outro lado, isto é, assumi o papel do trabalhador enquanto ser que tem anseios, tem angústia, tem problemas na família, sofre pressão no seu trabalho, vive com o constante medo de ser demitido, possui muitas vezes incompatibilidade com colegas e com a chefia, tem problemas de saúde que atrapalham o seu desempenho no trabalho, trabalha em local insalubre, é mal remunerado, não gosta da função que exerce, etc.. A parir desta tomada de consciência, tenho cada vez mais a certeza que realmente não existem receitas prontas para se aplicar igualmente a todos os programas de Ginástica Laboral, que tenhamos a oportunidade de desenvolver. Enquanto gestores destes programas, nós temos que sermos sensíveis e perceber, identificar a variabilidade de problemas que possam vir a existir dentro dos ambientes de trabalho e, a partir daí construir e criar as atividades de acordo com a realidade e as necessidades encontradas e identificadas em cada grupo. O trabalho prático desta disciplina desenvolveu em mim um orientador para a construção de tais atividades, pois a oportunidade de conhecer novas e interessantes atividades, fizeram que eu chegasse a o ponto inicial do trabalho: Eu, em meu próprio corpo de conhecimento laboral". A .M.C. _______________________________________________________ Neide Diefenbach . Fisioterapeuta, Morfoanalista e Mestre em Ciências do Mov. Humano, Prof. Curso de Especialização em Ginástica Laboral- Personal traineer Ufrgs - Cinesiologia e métodos fisioterápicos PUCRS e em Qualidade de Vida - UFPF Bibliografia: 1. White. "Ginastique appliques aux problemas humanains du travail". Revue De lëducation phusique Bruxelas. Março,1960. 2. Rey, R. Porque de la gimnasia laboral. Habana, Cuba: Imprensa Inder,1963. 3. Kolling. "Ginástica laboral compensatória". Rervista Brasileira de Educação Física. N. 44jan/mar. 1980. p.20-23. 4. Warshofskg, F. How to conquer the family circle. New York, September, 1971 5. Grant,J.S. "Concept of fatigue and vigilance in retation to railway operation". Ergonomics. V. 14. N1, 1971. 6. Santos,L. Atividades físicas de compensação para ostrabalhadores. Rio de Janeiros, 1962 7. Kolling. Estudos do efeito da ginástica laboral compensatória em grupos de operários de empresas industriais. Dissertação de mestrado. Porto Alegre, 1982. 8. Moro. A.R.P. Distribuiçãp do peso corporal do sujeito na posição sentada: Um estudo de três situações experimentais simuladas por um protótipo. Dissertação de mestrado, Santa Maria, 1994. 9. Langlader. Gimnasia especial. Curso técnico. Editorial Stadium, Buenos Aires, 1975. 10. Palmer, C. Ergonomia. FGV. Instituto de documentação. Editora Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1976. 11. Mandall, A C. "The seated man(Homo sedens) The seated work position. Theory and practica". Ergonomies V3. 19-26. 1981 12. Bertazzo. I. Cidadão corpo - identidade e autonomia do movimento. Summus Editorial. Sãp Paulo. 1996. 13. Astrand, P. º Rodahz, K. Tratado de fisiologia do exercício. 2 ed. Rio de Janeiro. Guanabara. 1982. 14. Mathews.D.K. & Fox,E. L. Bases fisiológicas de educação física e dos desportos. 2 ed. Rio de Janeiro. Interamericana, 1986. 15. Costa, O. "Despodto e qualidade de vida." In: Actas das jornadas científicas, 1981. Portugal. Anais Desporto, saúde bem estar. Universidade do Porto, P.53-60 1988. 16. Leite,P.F. Aptidão física-esporte e saúde: Prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares, metabólicas e psicossomáticas. São Paulo. Robe Editorial, 1990. 17. Pegaro,P. Saúde e atividade na empresa. Esporte e lazer na empresa. Brasília:Sees/Mec,1990. 18. Gaelzer,L. Lazer, recreação e trabalho. 2 ed. Porto Alegre: Ufrgs, 1989. 19. Dieckent,j. Esporte de lazer: Tarefa e chance para todos. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1984. 20. Pulcinelli. A. J. A visão das empresas gaúchas sobre as atividades físicas- desportivas na empresa- Dissertação de Mestrado - Santa Maria- RS. 1994. 21. Lida I. Ergonomia - Projeto e produção. Ed. Edgard Blucher Ltda. São Paulo. 1990. 22. Grandjean, E. Manual de Ergonomia - Adaptadas ao trabalho do homem. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998.
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em: 2002.
Artigos Relacionados: |