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Paralisia Cerebral e Atraso do Desenvolvimento Motor – Estudo de Caso E-mail
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Trabalho realizado por:
Montanha, Kesya1
Costa, Mayana1
Sousa, Adriano2

1Acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – Campus Biguaçu
2Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – Campus Biguaçu

Contato: kesyamontanha@gmail.com



Resumo

O estudo a seguir ressalta a Paralisia Cerebral que é definida por lesão ou uma agressão encefálica que ocorre no período de maturação do sistema nervoso central, apresentando distúrbios da motricidade sendo de ordem não progressiva e irreversível, além de abordar o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, bem característico em crianças acometidas por esta patologia. Sendo assim temos por objetivos descrever um caso clínico para estudo e análise da patologia em questão, bem como estabelecer tratamento fisioterápico para tal. Foi realizada a descrição de caso do paciente, dando prioridade as suas principais dificuldades encontradas durante a avaliação, buscando embasamento teórico científico para as técnicas de tratamento utilizados no paciente. O mesmo está sendo atendido pelas acadêmicas do curso de Fisioterapia desde março de 2007, tendo término previsto para junho do mesmo ano. Observamos ao decorrer de seis sessões significativas melhoras do paciente.

INTRODUÇÃO

A Paralisia Cerebral (PC) é designada por um grupo de afecções que acometem o sistema nervoso central na infância não tendo caráter progressivo e apresentando clinicamente distúrbios da motricidade, ou seja, alterações do movimento, da postura, do equilíbrio, da coordenação podendo apresentar variavelmente movimentos involuntários2.

Segundo Costa (2002)3, essa patologia é classificada em: Paralisia Cerebral espástica, atáxica, atetóide. Enquanto suas causas podem ser pré-natais, peri-natais e pós-natais.

Portanto as desordens apresentadas serão permanentes, podendo exibir alguma plasticidade e, além disso, sintomas associados como: alterações cognitivas, retardamento mental, epilepsia, perda auditiva e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor4.

A incidência de PC tem-se mantida a mesma nos últimos anos devido à sobrevida de recém-nascidos de baixo peso. Em relação as formas moderadas e severas a incidência encontra-se entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos; sendo que existem relatos de incidência geral, considerando-se todos os níveis de comprometimento de até 7:1000. Em prematuros com peso abaixo de 1.500g, o valor da incidência aumenta de 25 a 31 vezes em relação aos nascidos a termo5.

De acordo com Tecklin (2002)1, o desenvolvimento motor, processo de mudança no comportamento motor que está relacionado com a idade do indivíduo, estará prejudicado, atribuindo isso não apenas ao sistema nervoso central como também a mudanças de outros sistemas como nas do sistema músculo esquelético e cardiorrespiratório.

O diagnóstico de Paralisia Cerebral consiste na presença de atraso do desenvolvimento motor juntamente com dados da história médica. Além disso, alterações no tônus muscular, nos reflexos e na postura, fazem parte dos achados do exame neurológico. Alterações importantes são: a persistência de reflexos primitivos, como o reflexo de moro e o desenvolvimento precoce da preferência pelo uso de uma das mãos6.

Deste modo, a fisioterapia torna-se importante no tratamento dessas crianças, visando à inibição da atividade reflexa anormal a fim de normalizar o tônus muscular e facilitar os movimentos normais, objetivando assim a melhora da força, da flexibilidade, da amplitude de movimento (ADM), dos padrões de movimento e, em geral, das capacidades motoras básicas para a mobilidade funcional2.

Sendo assim tem-se por objetivo descrever um caso clínico bem como analisar e estudar os efeitos dessa patologia no paciente a fim de estabelecer para tal, tratamento fisioterápico com o intuito de minimizar os sintomas e proporcionar uma melhor qualidade de vida.



DESCRIÇÃO DO CASO E DA INTERVENÇÃO CLÍNICA

NLR, 6 meses, é um lactente do sexo masculino, filho de mãe APS, fruto de uma gestação de pais não consangüíneos, tendo apenas uma forte gripe ao final da mesma (8 meses) onde teve perda de peso. Nascido a termo de parto normal, com peso atual de 7,900kg, altura de 67 cm e perimetria da cabeça de 42 cm. Ao longo de seu crescimento a mãe percebeu que a criança não conseguia ficar sentada sozinha e não firmava a cabeça, constituindo esta sua queixa principal. Atualmente a criança apresenta atraso no desenvolvimento motor, problemas respiratórios (bronquite e asma) e alérgicos. A história familiar revela a presença de bronquite asmática pelo pai e as duas irmãs e bronquite alérgica pela mãe.

O exame físico evidenciava, em vista anterior, uma leve protusão da língua e de perfil uma retificação da coluna cervical. Em relação às atividades motoras, o paciente permanece em posição supina e acompanha os objetos, porém não transfere esses de uma mão para a outra. Entretanto traz a mão para a linha média do corpo e leva o bico e pé a boca quando estimulado. Não faz a mudança de decúbito sozinho (não rola). Em prono o paciente permanece e sustenta a cabeça virando-a para os lados, tenta alcançar objetos, no entanto, não gosta de manter esta posição. Permanece em sedestação apenas com apoio, todavia não permanece na posição de gato, ajoelhado e em bipedestação. Nas atividades funcionais, o paciente procura os quatro pontos cardiais, tendo reflexo de sucção, palmar, plantar, positivo de apoio, colocação palmar, colocação plantar, RTCA, RTCS, paraqueda, endireitamento assim como o reflexo de babinski positivos. Os negativos incluem olhos de boneca, reflexo de moro e RTL. O mesmo apresenta ainda apatia com poucas expressões faciais. Observamos na ausculta pulmonar a presença de roncos em bases bilatérias.

Deste modo podemos afirmar o atraso de desenvolvimento neuropsicomotor apresentado pelo paciente devido à presença de uma leve Paralisia Cerebral, hipotonia muscular, déficit das expressões miofaciais, presença de secreção em bases bilaterais (roncos), leve tiragem intercostal (quando em crise) e falta de equilíbrio na posição sentada e em pé. Sendo assim, nossos objetivos Fisioterapêuticos consistem em levar a criança a assumir o controle dos movimentos, modificando-os ou adaptando-os, estimular o desenvolvimento motor em nível da neuroplasticidade, estimular as expressões miofaciais, normalizar o tônus muscular, normalizar os movimentos, restabelecendo e estimulando as reações de endireitamento, prevenir contraturas e deformidades, melhorar o equilíbrio, melhorar a capacidade respiratória (higiene brônquica) e melhora da função. Contudo, não devemos esquecer que durante a reabilitação das crianças com Paralisia Cerebral, devem ser incluídas as orientações familiares, as estimulações a partir de habilidades potenciais da criança e o estado emocional da mesma.

Até o momento realizamos sete sessões de Fisioterapia, pois o paciente ainda continua com o tratamento, onde cada sessão tem duração de 50 minutos, totalizando um tempo de 6 horas e 23 minutos, sendo realizadas todas as segundas-feiras no período matutino na Universidade do Vale do Itajaí – Campus Biguaçu, das 10h00min às 10h50min. Entretanto devemos ressaltar que o mesmo paciente recebe atendimento Fisioterápico mais de uma vez por semana, porém com outra equipe de profissionais.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

A paralisia Cerebral foi descrita pela primeira vez pelo Dr. Willian Little, em 1860 e relacionou as alterações com a hipóxia perinatal e os traumas de parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis3.

No início deste estudo partiu-se do pressuposto de melhorar a qualidade de vida do paciente com Paralisia Cerebral e atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor além de estabelecer tratamento fisioterapêutico para o mesmo visando atingir os objetivos pré-estabelecidos. Devemos ressaltar, contudo, que o plano de tratamento estabelecido ao paciente deve ser feito de acordo com cada criança, observando a fase em que se encontra e as características da vida da mesma3.

Albuquerque (2006)4 afirma que a fisioterapia infantil consiste em treinamento específico de atividades como: levantar-se, dar passos ou caminhar, sentar-se, pegar e manusear objetos, além de exercícios destinados a aumentar a força muscular e melhorar o controle sobre os movimentos. Em síntese a fisioterapia tem como principal meta preparar a criança para uma função, mantendo as já existentes ou as aprimorando, reduzindo os prejuízos da paralisia.

Já Tecklin (2002)1 propõe que, para iniciar-se o tratamento, o terapeuta deve avaliar o paciente e produzir uma lista de potenciais, o que ela pode e gosta de fazer; as habilidades funcionais que tem dificuldade em realizar, suas limitações funcionais; as deficiências primárias e secundárias e o que a criança deseja fazer ou o que sua família deseja que ela realize. Toda essa informação norteará o terapeuta ao estabelecimento de metas funcionais para a criança correlacionadas com as necessidades e os desejos dos familiares. O mesmo autor ainda afirma que o uso de bolas e rolos facilitam o controle postural, podendo ser diferenciado de acordo com a direção da bola facilitando o movimento da cabeça e do tronco em flexão, extensão, flexão lateral, e ou rotação, além disso permite ao terapeuta controle do grau em que o movimento é auxiliado ou desempenhado contra a gravidade.

Peixoto e Mazzitelli (2004)7 indicam o uso de estímulos para a criança desenvolver a aquisição motora rolar, e que podemos fazer isto de forma repetida e passiva, utilizando uma seqüência adequada de movimentos para que a criança sinta o movimento correto e consiga responder executando-o posteriormente. Outro mecanismo para o tratamento da criança é o fortalecimento abdominal que poderá ser executado com o paciente em decúbito dorsal estimulando a alcançar objetivos posicionados na mão do terapeuta em diagonais e anteriormente, exigindo do paciente esforço para flexionar o tronco e alcançar os objetos.

Exercícios que exigem a extensão da cabeça, tronco e membros inferiores em decúbito ventral, bem como os exercícios para os músculos abdominais e os de elevação do tronco com apoio sobre as mãos servem para favorecer o desenvolvimento da força muscular e do controle sobre os músculos. Outro grupo muscular que deve ser fortalecido são os para vertebrais que pode ser realizado com auxilio da bola suíça, colocando o paciente em decúbito ventral. A posição de gato é um excelente mecanismo para estimular a extensão de cotovelo e a flexão de quadril e joelho, visando que a criança permaneça nesta posição sozinha, lembrando que este movimento posteriormente será primordial para independência da criança8.

Outra técnica trabalhada durante o tratamento do paciente foi à higiene brônquica devido à história pregressa do paciente, que por vezes chegava a Fisioterapia com secreções brônquicas, auscultadas mais em bases bilaterais. Para foram realizados técnicas como a tapotagem que, segundo Costa (2004)10, tem por objetivo a facilitação da limpeza ciliar (mobilização da secreção). Este recurso foi associado à drenagem postura realizada na bola suíça. A drenagem postural proporciona maior facilidade na mobilização de secreções, das diversas áreas pulmonares, visando maior expectoração e portanto maior eficiência no tratamento9.

 

Conclusão

A Fisioterapia desempenha um importante papel na qualidade de vida das crianças com Paralisia Cerebral, atuando de forma a manter e reabilitar as funções motoras, sensoriais, biomecânicas e fisiológicas, visando o melhor desempenho da criança em seu dia-a-dia. Sendo assim, o Fisioterapeuta tem que estar sempre familiarizado com os atuais avanços da intervenção em sua prática diária, para que utilize somente aqueles procedimentos eficazes.

Para nós, acadêmicas de Fisioterapia, ao analisarmos o referido paciente podemos declarar que no decorrer das sete sessões o mesmo obteve significativa melhora com a realização dos exercícios citados neste estudo de caso, tendo resultados positivos no sentar sem apoio, sustentar a cabeça como também manter a extensão de cotovelo na posição de decúbito ventral.

 


Referências

1- TECKLIN, Jan Stephen. Fisioterapia Pediátrica. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

2- LEITE, Jaqueline Maria Resen de Silveira et al. Paralisia Cerebral aspectos Fisioterapeuticos e clínicos. Revista Neurociências. Minas Gerais: v12, n1, 2004. Disponível em: http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebral.htm. Acessado em: 25/04/2007 as 10:50 hs.

3- COSTA, Marcelo. Incapacidade Motora Cerebral “Paralisia Cerebral”. São Paulo, 2002. FisioWeb. Disponível em: www.fisioweb.com.br. Acessado em:25/09/2006 as 14:30 hs.

4- ALBUQUERQUE, Marcos Milen. Paralisia Cerebral. Universidade José Alzira Vellano. FisioWeb, 2006. Disponível em: http://www.fisioweb.com.br. Acessado em: 25/04/2007 as 10:00 hs.

5- STAUB, Ana Lúcia Portella et al. Efeitos da estimulação elétrica Neuromuscular em pacientes com Paralisia Cerebral do tipo diplegia espástica. Fisioterapia Brasil. Porto Alegre, v6, n1, jan/fev, 2005.

6- OKAY, Yassuhiko; RAMOS, Jose Lauro Araujo; VAZ, Flavio Adolfo Costa; MARCONDES, Eduardo. Pediatria básica, v.2, 9. ed. São Paulo: Sarvier, 2003.

7- PEIXOTO, Elaine da Silva; MAZZITELLI, Carla. Avaliação dos principais déficits e proposta de tratamento da aquisição motora rolar na paralisia cerebral. Neurociências. São Paulo, vol. 12, nº 1, 2004

8- SHEPHERD, Roberta B. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Santos Liv. e Ed, 1996.

9- KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Manole, 1998.

10- COSTA, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 2004.

 

Obs.:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.

- Publicado em 07/07/2010

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