Trabalho realizado por:
Danieli Zanfarini de Almeida 1 Liliane Ferreira Sant'Anna 1 Talita Poleto Novaes 1
- Produto final das disciplinas do 4º período de fisioterapia do centro universitário São Camilo-ES
1 Acadêmicas do 6º período de fisioterapia
Contato: lilicaciceri@hotmail.com
INTRODUÇÃO
Diabetes Mellitus(DM) é uma entidade patológica caracterizada por um distúrbio do metabolismo intermediário, especialmente no que tange aos carboidratos, levando ao aumento dos níveis séricos de glicose, a complicações metabólicas agudas, potencialmente fatais, bem como a uma série de complicações crônicas multissistêmicas. Segundo os critérios revisados em 1997 pela American Diabetes Association (ADA) o diabetes é classificado em tipo l, caracterizado pelo hipoinsulinismo absoluto, isto é, uma deficiência completa ou quase completa de insulina, devido à destruição das ilhotas de Langerhans pancreáticas por mecanismo auto-imune ou desconhecido. Esses pacientes dependem da reposição exógena de insulina para sua sobrevivência a curto prazo, sem isso evoluem para a cetoacidose diabética. Ainda segundo a ADA, o DM tipo ll é caracterizado pelo hipoinsulinismo relativo, isto é, a presença de insulina em níveis séricos significativos, às vezes elevados, porém, menores do que o necessário a um adequado controle metabólico. No que tange a etiopatogenia o DM tipo ll é completamente diferente do DM tipo l, isso porque o marco fisiopatológico da doença é a combinação de dois fatores: resistência periférica á insulina e disfunção das células beta- pancreáticas, que secretam quantidades de insulina suficientes para o adequado controle metabólico.
O DM não representa apenas uma síndrome metabólica isolada, ele vem associado a varias complicações que trazem para a vida do paciente uma má qualidade de vida, ou até mesmo uma incapacidade permanente. O fisioterapeuta como profissional da saúde, deve investir em prevenção tanto primária, quanto secundária, para proporcionar melhor qualidade de vida ao
diabético, evitando tantas complicações. Este trabalho vem mostrar um pouco da atuação fisioterapêutica junto ao paciente diabético proporcionando-lhe melhor qualidade de vida.
Palavras- chave: diabetes mellitus, prevenção, fisioterapia.
Keywords: diabetes mellitus, prevention, physiotherapy.
MATERIAL E MÉTODOS
Este é o resultado de um estudo realizado no segundo semestre do ano de 2007 a fim de construir um trabalho acadêmico englobando as disciplinas: cinesioterapia, mecanoterapia, ergonomia, farmacologia, saúde preventiva, hidroterapia, lecionadas no quarto período do curso de Fisioterapia do Centro Universitário São Camilo-ES. Foi realizada pesquisa em bases de dados eletrônicos da área de saúde como scielo, Google acadêmico, além de periódicos e livros presentes no acervo geral da biblioteca do Centro Universitário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A nível primário, o fisioterapeuta pode auxiliar na prevenção da obesidade realizando trabalhos com grupos de risco, propondo uma reeducação alimentar, trabalhando em conjunto com nutricionistas, além de estimular a prática de exercícios físicos. De acordo com (SARTORELLI et all,2006, p.7-18) “ o desenvolvimento de programas eficazes e viáveis aos serviços públicos de saúde para a prevenção primária do diabetes mellitus tipo ll em população de risco é necessário tanto para o controle de incidência como para a prevenção secundária”. Já (FURTADO e POLANCZYK, 2007, p.312-318) sugerem que “a perda de peso em indivíduos obesos reduz a incidência da maioria dos fatores de risco para a doença cardiovascular e melhora o controle da glicemia, sendo recomendada perda moderada em médio prazo”. (BATISTA et all, 2005, p.8-14) concluíram que “a atenção primária multiprofissional surtiu efeitos, contribuindo tanto para a redução do peso e a melhora do controle glicêmico, e dos lípides séricos, como para a melhora da qualidade de vida dos pacientes”. Partindo desse pressuposto vê-se a grande importância da presença do profissional fisioterapeuta em serviços de saúde que visem o paciente diabético, pois esse profissional têm formação necessária baseada em princípios preventivos e reabilitativos para a intervenção.
A nível secundário, o fisioterapeuta pode fazer um diagnóstico precoce da doença, observando os sinais clínicos desse paciente e encaminhando para outros profissionais, além disso, pode ser feito o diagnóstico fisiofuncional verificando o quanto de funcionalidade esse paciente já perdeu devido a sua doença e o quanto é possível recuperar para viver melhor. Nesse contexto de prevenção, o pé diabético merece uma atenção especial do fisioterapeuta, sendo um estado fisiopatológico caracterizado por lesões que surgem nos pés do diabético, geralmente em consequência de neuropatias, doença vascular periférica e deformidades. Essas lesões frequentemente ocorrem por traumas e levam a complicações, inclusive amputações, quando não há tratamento adequado. De acordo com (PACE, 2005, p.100-109) “há uma importância do atendimento primário no setor de saúde, particularmente à prevenção de lesões nos membros inferiores resultantes do mau controle da doença e de práticas inadequadas aplicadas aos pés e unhas”. (HEBERT et all, 2003) expõe em seu estudo que a causa básica do pé diabético é a perda de sensibilidade de proteção pela neuropatia sensitiva”. Segundo (SACCO,2007, p.27-33) “ a perda da sensibilidade é um dos principais fatores que contribuem para a diminuição do equilíbrio, gerando alterações na marcha a na postura”. Alguns recursos fisioterapêuticos podem ser utilizados no paciente diabético a fim de evitar complicações como o pé diabético sendo eles: a cinesioterapia, melhorando a sensibilidade desse paciente, a força, o equilíbrio, a propriocepção, pois em muitos casos há uma disfunção vestibular e visual nesses pacientes. Nesse âmbito (MAIA e CAMPOS et all , 2005, p.208-214) relataram que “ os pacientes com diabetes mellitus frequentemente apresentam sintomas como tontura, zumbidos,e hipoacusia”. (DELIBERATO, 2002) propôs cuidados e recomendações para a aplicação de cinesioterapia em pacientes diabéticos: “ fazer exercícios aeróbicos contínuos e de baixo esforço, como nadar, pedalar, e caminhar, fazer exercícios com regularidade, fazer complementação alimentar para evitar hipoglicemia, variar o tipo de exercício para evitar sobrecarga, relacionar o tipo de atividade física ao local de aplicação de insulina”.
A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que tem sido cada vez mais utilizado como um recurso auxiliar no tratamento do diabético, visto que a água possui efeitos físicos e fisiológicos que podem ser benéficos para o paciente, entretanto, antes de iniciar um tratamento aquático, é preciso ter um parecer médico quanto ao estado geral do paciente principalmente quanto a problemas no aparelho circulatório que é uma contra-indicação para o exercício aquático, causando instabilidade hemodinâmica.
A fisioterapia também pode atuar no ambiente de trabalho do paciente diabético. Essa intervenção é cada vez mais comum no mundo moderno visto que o enfoque que antes era dado apenas às questões ocupacionais, agora envolve problemas crônicos como o DM e a hipertensão arterial. De acordo com (MARTINEZ e LATORRE,2006, p.471-479) “as empresas estão sofrendo o impacto do “efeito trabalhador sadio”, onde ocorre uma seleção progressiva das pessoas mais sadias e aptas ao trabalho com exclusão da força de trabalho daqueles com piores condições de saúde.” Quanto a isso, o fisioterapeuta pode auxiliar esse trabalhador adequando seu ambiente de trabalho para evitar lesões desnecessárias, dando orientações quanto à alimentação e gasto energético.
CONCLUSÃO
Diante do exposto na literatura sobre o paciente diabético, é possível afirmar que essa doença afeta em muito a qualidade de vida dos pacientes que a tem, e a conduta fisioterapêutica irá com certeza, ser baseada nessas necessidades do paciente. Além disso é possível que haja uma intervenção primária por parte da fisioterapia atuando junto a grupos de risco e evitando maiores complicações advindas da doença. Não pode haver um atendimento humanizado e qualitativo dos pacientes diabéticos sem a atuação da fisioterapia na equipe multiprofissional.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1- BATISTA,L.K.C; PINHEIRO,H.S; FUCHS,R.C; OLIVEIRA,T; BELCHIOR,F.J.E; GALIL,A.G.S; ANDRADE,L.C.F; BASTOS,M.G. Manuseio da doença renal crônica em pacientes com hipertensão e diabetes. Jornal Brasileiro de Nefrologia, Juiz de Fora, v.27, n.1, p.8-14, março. 2005.
2- DELIBERATO,P.C.P. Fisioterapia preventiva fundamentos e aplicações. 1. ed.São Paulo: manole,2002.
3- FURTADO, M.V; POLANCZYK, C.A. Prevenção cardiovascular em pacientes com diabetes: revisão baseada em evidencias. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v.51, n.2, p.312-318, mar. 2007.
4- HEBERT, S. et all. Ortopedia e traumatologia princípios e prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
5- MAIA, C.A.S; CAMPOS, C.AH. Diabetes mellitus como causa de perda auditiva. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v.71,n.2, p.208-214, mar./ abr.2005.
6- MARTINEZ, M.C; LATORRE, M do R.D. Fatores de risco para hipertensão arterial e diabetes em trabalhadores de empresa metalúrgica e siderúrgica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v.87, n.4, p.471-479, out.2006.
7- PACE, A.E; VIGO, K.O. Pé diabético: estratégias para prevenção. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.18, n.1, p.100-109, mar.2005.
8- SACCO, I.C.N; SARTOR,C.D; GOMES, A.A; JOAO,S.M.A; CRONFLI,R. Avaliação das perdas sensório-motoras do pé e tornozelo decorrentes da neuropatia diabética. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.11, n.1, p.27-33, jan./ fev.2007.
9- SARTORELLI, D.S; FRANCO, L.J; CARDOSO, M.A. Intervenção nutricional e prevenção primariam do diabetes mellitus tipo2: uma revisão sistemática. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.1, p.7-18, jan. 2006.
Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 27/07/2010.
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