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Qualidade de Vida na Terceira Idade: Uma Abordagem Científica E-mail
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Calidad de Vida en la Tercera Edad: Un Enfoque de la Ciencia



Trabalho realizado por:

Luany Lacerda S. Rhamet.

Estudante de Fisioterapia do sétimo semestre da Universidade Estácio de Sá – Salvador/Bahia.

Contatos: luany.rhamet@gmail.com / Skype: luany.rhamet

 

Resumo

A terceira idade é uma fase natural da vida e, o processo de transformação traz algumas dificuldades já demonstradas em outros estudos. Além do que, essa passagem também é vista com discriminação pela sociedade hoje em dia. Com base nisso o trabalho teve como objetivo analisar qualidade de vida de 15 idosos da cidade de Valença/BA em ambos os sexos, sendo que 10 pertenciam ao abrigo Lar dos Velhinhos e 5 domicílios visitados. A partir deste estudo conseguiu-se identificar alguns aspectos importantes para os idosos da cidade e as dificuldades em lidar com as diferenças impostas pela sociedade.

Palavras-chave: Terceira idade. Qualidade de vida. Bem-estar.

Resumen

La tercera edad es una etapa natural de la vida, y el proceso de transformación presenta algunas dificultades demostrado en estudios anteriores. Además, esta etapa también se ve como discriminación por parte de la sociedad actual. Con eso, este trabajo tiene como base analizar la calidad de vida de 15 personas en mayores de edad de la ciudad de Valencia/Ba de ambos sexos, de esos,  10 viven en la casa de acogida Lar dos Velhinhos y 5 en domicilios visitados. Como resultado identificamos que se presentaron aspectos importantes para esas personas de la ciudad, y  algunas de las dificultades en confrontar las diferencias impuestas por la sociedad.

Palabras clave: Tercera edad, Calidad de vida. Bienestar.


Introdução

As limitações corporais e a consciência da temporalidade são problemáticas fundamentais no processo de envelhecimento, aparecendo de forma reiterada no discurso dos idosos, embora possam adquirir diferentes mudanças e intensidades dependendo da sua situação social e da sua própria estrutura psíquica. A velhice é vista pelas pessoas com idade mais avançada como uma fase natural da vida em que o processo de transformação traz certas dificuldades como o desânimo e a falta de memória, o que já foi ressaltado em diversos estudos. Além disso, estas indicam que toda essa passagem é encarada com discriminação pela sociedade.

A predominância feminina na velhice se apresenta em maioria nas áreas urbanas, e nas rurais predominam os homens. A maior participação das mulheres no fluxo migratório rural urbano explica essa diferença. A predominância masculina nas áreas rurais pode resultar em isolamento e abandono, com isso, implica as necessidades distintas dos cuidados para essa população.
A maioria das idosas brasileiras de hoje não possuíram um trabalho remunerado durante sua vida. Além disso, embora vivam mais do que os homens, acabam passando por um período maior de debilitação física. Por outro lado, são elas que participam mais de atividades de organizações e de grupos, fazendo cursos especiais, viagens e trabalho remunerado temporário. Ao contrário do que fizeram na sua vida, assumem, progressivamente, o papel de chefes de família e de provedoras, diferente dos homens que possuem uma maior dificuldade em se adaptar à saída do mercado de trabalho.

A autonomia hoje conquistada pelos idosos possibilitou-lhes o uso freqüente do transporte urbano, facilitando sua locomoção. Com isso apresenta um maior risco de queda, sendo muito relevante, pois podem levá-los à incapacidade, injúria e até a morte.
As causas das quedas podem ser variadas, os principais fatores são classificados na literatura como intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos são decorrentes devido às alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, às doenças e os efeitos causados pelo uso de fármacos e os fatores extrínsecos dependem de circunstâncias sociais e ambientais que criem desafios.

Os problemas ambientais são eventos ocasionais em pessoas que apresenta alguma deficiência de equilíbrio e marcha. Estes problemas são mais perigosos quanto maior for o grau de vulnerabilidade e a instabilidade que poderá surgir. A maioria dos acidentes ocorre muitas vezes por atividades rotineiras e com limitações em seu ambiente físico, no processo de envelhecimento há cinco vezes mais chances de apresentar um estado de depressão.

O estudo possui como objetivo avaliar a Qualidade de Vida identificando alguns aspectos considerados importantes para os idosos da cidade de Valença, inclusive com relação à existência de uma sociedade com dificuldades em lidar diante as diferenças que estigmatiza e provoca sentimentos de impotência e de exclusão ao afastar determinadas pessoas do mundo produtivo.

Materiais e Métodos

A pesquisa apresenta uma forma quali-quantitativa. Onde, caráter qualitativo difere entre si quanto ao método, à forma, aos objetivos e o significado que as pessoas dão as coisas e à sua vida e o caráter quantitativo um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas e normalmente implica a construção de inquéritos.

A metodologia utilizada foi o método de Ward com a finalidade de formar grupo de dados agrupando a coincidência das respostas e, a técnica de Análise de Conteúdo da metodologia para análise de dados. A pesquisa se realizou com 15 indivíduos de idade igual ou superior a 60 anos, residentes no Abrigo Lar dos Velhinhos e algumas residências localizadas no município de Valença.

Situada no estado da Bahia, Valença apresenta um crescimento populacional com um indice relativo de pessoas com idade mais avançada de acordo com o total de habitantes. São 1.674 com 60 anos ou mais, representando uma média 13% da população local.

No abrigo foram visitados dez idosos entre 60 a 93 anos e das cinco residências visitadas dois não tinham 60 anos, porém 62 e 70 anos, todos os endereços foram localizados. A entrevista foi feita com oito do sexo feminino e sete do sexo masculino. A análise de resposta com relação à questão de base constitui-se em duas fases: 1ª. Análise; 2ª. Tratamento dos resultados.

Na coleta foi utilizado um questionário de Qualidade de Vida composto por 10 questões abertas relacionadas ao dia-a-dia, teve como base, para os resultados, uma pergunta sobre qual o conceito qualidade de vida que o pesquisado apresentava. Esta questão visava identificar o estilo de vida dos idosos voltado à satisfação e principais carências enfrentadas. A pesquisa foi extremamente ética lembrando que não foi induzido nenhum tipo de resposta.

Durante a análise foi observado às principais queixas relatadas, carências existentes. Após foi realizado a fase de tratamento das categorias, em variáveis binárias sim e não, em seguida calculadas as freqüências simples de cada variável.

Resultados

Observando a freqüência com que cada categoria aparecia como afirmativa para cada idoso na definição de qualidade de vida, quase todos relataram necessidade de se relacionar com o meio, queixaram-se ainda mais com relação às dificuldades existentes quanto às transformações que ocorrem com o passar do tempo e que por vezes ainda é vista pela sociedade de maneira preconceituosa.

A abordagem do institucionalizado é mais complexa, extremamente fragilizada, visto que por alguma razão foram impelidos a viverem em um ambiente diferente, longe da família e dos amigos. Percebeu-se que o idoso e a entidade que o abriga, geralmente, não conseguem arcar sozinhos com a complexidade e as dificuldades da senescência ou senilidade. O envelhecimento é um processo complexo e estão associadas a uma série de doenças, incapacidades múltiplas, dependência e perda da autonomia.

Segundo o levantamento, 51,7% dos idosos que participaram da pesquisa são sexo feminino e 48,3% são do sexo masculino como demonstrados no Gráfico 1.

Gráfico1 -  Sexo dos idosos entrevistados.


De acordo com a faixa etária dos idosos entrevistados, verificou-se que 51% apresenta idade entre 85 e 93 anos, 25% de 72 até 75 anos e 24 % apresentavam idade de 60 a 68 anos, representados no Grafico 2 abaixo.

Gráfico2 - Faixa etária dos idosos estudados em Valença-BA.


Segundo a situação conjugal dos participantes da pesquisa, 62% são viúvos ou divorciados e 38% ainda possuem uma vida conjugal, como demonstrado no Gráfico 3.

Os que não possuem mais seus companheiros e vivem com outros familiares, afirmaram encarar a ausência dos seus companheiros (a) com grande dificuldade de superação.


Gráfico3 - Dados estatísticos quanto à situação conjugal dos idosos que participaram da pesquisa na cidade de Valença/Bahia.


O prolongamento da vida não é uma atitude isolada, necessitando de uma integração entre idoso, família ou instituição e profissionais especializados. Nos domicílios visitados foram verificadas outras queixas dentre elas a indiferença de alguns familiares acarretando sentimento de solidão.

Quando verificado sobre a renda mensal dos analisados, 53% são aposentados ou pensionistas e possuem uma renda mensal e 47% não possuem nenhum benefício, foi verificado também que retornar ao mercado de trabalho após ter se aposentado é um fato, há uma grande deficiência existente nesse aspecto, falta espaço para que haja uma interação ocupacional.

Gráfico4. Dados demográficos quanto à renda mensal.


O Gráfico 5 demonstra que a maior parte dos entrevistados não concluíram o ensino fundamental. Iniciaram a escola a partir de 3 a 4 anos de idade, visto que interromperam o período escolar entre 8 e 10 anos, a maioria permaneceu na escola até a 4ª série do 1º grau.

Gráfico5. Escolaridade



Segundo o método de Ward a análise de agrupamento que analisa a coincidência das categorias nas respostas dos idosos acerca do significado de qualidade de vida, permitiu chegar à obtenção das categorias que estão representadas no Gráfico 6. E conceituadas seqüencialmente. As variáveis entre conhecimento e equilíbrio emocional foram as que mais apareceram juntas; relacionamentos interpessoais e lazer por sua vez foram mais coincidentes; em ambiente e saúde onde a qualidade de vida está mais associada houve um menor índice.

Gráfico6. Avaliação das respostas sobre qualidade de vida através do método de Ward.


A partir daí vale salientar o conceito referente à qualidade de vida diante estas seis categorias quanto às ocorrências nos relatos dos indivíduos.

1ª Categoria: Relacionamentos interpessoais: Manter os vínculos com a família, contribuindo se possível com a educação de filhos e mesmo netos, atenção para com amigos e vizinhos (pessoas próximas). “É necessária uma interação do idoso com o meio em que vive tendo em vista um bom relacionamento a nível geral.”

2ª Categoria: Lazer: É preciso haver momentos de lazer para o idoso, fazer o que mais lhe dá prazer em nível de bem estar e satisfação. “Passear, estar com a família em ambientes satisfatórios, fazer uma terapia ocupacional incentivando o aumento do círculo de amizade.”

3ª Categoria: Saúde:
Bons hábitos saudáveis, adaptação nos ambientes freqüentados, alimentação, sono, assim como um programa de exercício físico poderá ser lançado explicando as inúmeras adaptações músculo-ósteo-articulares que acontecem com os idosos que relatam menos dificuldade nas tarefas da vida diária. “É preciso atenção exclusivamente observadora voltada às necessidades do idoso, aos sintomas e queixas que podem surgir devidos á existência de uma determinada patologia.”

4ª Categoria: Equilíbrio emocional: Para se ter qualidade de vida é preciso a princípio paz interior, tranqüilidade e satisfação ambiental. “Motivação para uma terapia ocupacional, bom-humor e manter a estabilidade emocional, embora esteja vivenciando situações desagradáveis.”

5ª Categoria: Ambiente: Moradia que disponha tranqüilidade, bem-estar e acima de tudo segurança e satisfação. “Segurança, ambientes não poluídos, ar livre.”

6ª Categoria: Conhecimento: É preciso manter a mente aberta para os assuntos relacionados ao mundo atual ao dia-a-dia das pessoas, explorar criatividade, realizar leituras. “Estimular a capacidade mental.”

Percebe-se também que os idosos vivenciam o processo de envelhecimento de acordo com as respostas dadas, como sendo um período de adaptação as novas limitações, a partir daí seria interessante que todos pudessem conhecer o processo de nascer, crescer, envelhecer e morrer, ampliando os conhecimentos referentes às alterações fisiológicas seguidas através do envelhecimento. Finalmente é preciso ressaltar a questão do descaso que geralmente acontece diante a credibilidade de alguém estando em idade mais avançada para com familiares e profissionais de saúde quanto as suas necessidades e sintomas relacionados a patologias que podem ser existentes, porém por vezes minimizadas e isso é uma causa bastante freqüente.

Em análise as respostas referentes aos domicílios visitados, relataram um grande problema equivalente ao transporte público, o ônibus facilita seu deslocamento, porém é motivo de constante reclamação, tanto no embarque como no desembarque. A maior dificuldade relatada pelas idosas é a altura ou distância da calçada ao ônibus e a eventual parada, além disso, foi dito que têm o cuidado de não iniciar o procedimento de descida quando o ônibus está em movimento, sobretudo não gostam de pedir ajuda a terceiros, embora se observe que apresentar limitação no embarque deixa-as apreensivas, sentindo-se ansiosas e preocupadas, descontentes com a situação.

Discussão

A maior parte do que foram discutidos aqui, suas experiências devem ser consideradas, no entanto, levando-se em conta, acima de tudo, a grande diferença de velocidade das mudanças no processo de envelhecimento. Portanto para aproveitar a janela de oportunidades e preparar a sociedade para os desafios conseqüentes, é extremamente importante a conscientização de todos para implementar um programa de melhorias.  Sobre o conceito qualidade de vida conseguiu-se identificar uma determinada carência enfrentada na terceira idade tanto das residências visitadas como do abrigo Lar dos Velhinhos, principalmente com referência ao relacionamento familiar, amigos e vizinhos, a falta de interação com o meio social, não prática de terapia ocupacional, alto-estima relativamente baixa devido à situação que alguns se encontram, sobretudo aqueles que estão no abrigo, segundo eles longe dos seus familiares e vivência com o mundo.

Conclusão

Em vista dos resultados obtidos ao longo do desenvolvimento a inclusão do idoso na família é imprescindível, o carinho e a compreensão dos entes queridos é um fator contribuinte para o bem estar, uma vez que necessitam de atenção. O trabalho é fundamental para a qualidade de vida e este influencia no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, subsídios que possam contribuir para intervenções preventivas que visam assegurar uma melhor qualidade na relação trabalho e terceira idade tornam-se muito importante.


Referências

[1]    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados preliminares do censo 2000. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/. Acesso mar 2006.
[2]    Carvalho JAM, Garcia RA. O Envelhecimento da população Brasileira: um enfoque demográfico. CAD Saúde Pública. 2003; 19:725-33.
[3]    Cachioni M 1999. Universidade da terceira idade: das origens à experiência brasileira, PP. 141-178. In AL Neri e GG De Bert (orgs.). Velhice e sociedade. Papirus, Campinas.
[4]    Araújo JP 1998. Manual dos direitos sociais da população: as reformas e o impacto nas políticas sociais. Ed. O Lutador, Belo Horizonte, 314pp.

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de sua autora.

- Publicado em 25/01/2011.


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