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Trabalho realizado por:
Rodrigo de Souza Gomes *
E-mail: rodrigofisio@gmail.com
Programa de Pós-graduação em Fisioterapia Traumato-Ortopédica da Universidade Gama Filho – Brasília – DF – Brasil.
Palavras-chave: alongamento, precisão, movimento
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos do alongamento sobre a precisão do movimento. Para isto, três jogadores profissionais de dardo foram submetidos a três situações experimentais de jogo de dardos sem precedido ou não de alongamento. Foram realizados exercícios de alongamento estático e dinâmico. Houve um intervalo de um dia entre as situações de jogo e cada indivíduo realizou trinta lançamentos. A variável analisada foi a média de acertos no centro do alvo, em cada uma das situações. O resultado da pesquisa mostrou que o alongamento estático precedido dos lançamentos, foi o que apresentou o melhor desempenho. O alongamento mostrou eficiência no jogo de dardos, beneficiando o desenvolvimento coordenado de força e também a flexibilidade, dando mais segurança ao movimento técnico. Este estudo mostra que o trabalho de alongamento é um meio fundamental para uma melhor aptidão física relacionada à saúde, seja na reabilitação ou na prática desportiva.
Abstract
The present study has as an objective to analyze the effect of the stretching on the precision of the movement. For this, three professional players of dart have been submitted to three experimental situations of game of darts with preceded or not of stretching. Exercises of static and dynamic stretching have been carried through. It had an interval of one day between the game situations and each individual carried through thirty launchings. The analyzed variable was the average of rightness in the center of the target, in each one of the situations. The result of the research showed that the static stretching done before of the launchings, was what presented the best performance. The stretching also showed efficiency in the game of darts, benefiting the coordinate development of force and flexibility, giving more security to the technical movement. This study shows that the stretching work is a basic way for a better related physical aptitude to the health, either in the rehabilitation or in the practical of sports.
Introdução
Em todas as modalidades desportivas o gesto técnico, considerado como movimento objetivo, pressupõe o desenvolvimento coordenado de força, pelos vários músculos agonistas, antagonistas e sinérgicos, e também a sua flexibilidade, bem como a dos tecidos de suporte e fixação é fundamental. A variação das amplitudes articulares, por forma a conseguir harmonia e economia do gesto, estimula condições para prevenir lesões e também aumentar o seu rendimento. Além de permitir uma maior amplitude dos movimentos, o alongamento aumenta a segurança na execução de exercícios físicos ou tarefas motoras (6).
As estruturas do músculo, do tendão, do ligamento e da articulação são flexíveis. No entanto, elas podem enrijecer-se, limitando a amplitude de movimento, ou ainda podem alongar-se, possibilitando uma amplitude de movimento maior e a capacidade de contrair fibras musculares adicionais (10).
A promoção de maiores níveis de flexibilidade ocorre pelo emprego sistematizado de estímulos denominados alongamentos, que são solicitações de aumento da extensibilidade do músculo e de outras estruturas, mantidas por um determinado tempo (11). Os alongamentos baseiam-se no princípio de ativação de fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi, sensíveis às alterações no comprimento e velocidade e, na tensão dos músculos, respectivamente. Os impulsos destes receptores provocam respostas reflexas, que por sua vez induzem adaptações nas unidades musculotendíneas, as quais são benéficas para o ganho da mobilidade articular (4).
Com base nesta premissa, todo treinamento físico envolve um estímulo e uma adaptação do organismo. Neste caso, o estímulo é explorar os limites de amplitude das articulações, enquanto a adaptação é uma reorganização do tecido de sustentação dos ossos e cartilagens, principalmente de suas proteínas (colágeno e elastina), que são constantemente recicladas.
Algumas evidências têm apontado para um certo declínio da força muscular quando precedida por exercícios de alongamento (12). Ao contrário disso, em uma outra análise, descobriram que um programa de alongamento aumentou os torques concêntricos e excêntricos máximos dos músculos posteriores da coxa (13). Porém, pouco ainda é observado na literatura com relação às possíveis influências destes exercícios na precisão de movimentos. Sendo assim, a proposta deste estudo foi verificar os efeitos do alongamento sobre a performance do jogo de dardos.
Materiais e métodos
Amostra
Procedimentos
Em ordem randômica, três indivíduos, jogadores profissionais de dardo, foram submetidos a três situações experimentais de jogo de dardos, sem precedidos ou não de alongamento: a) sem alongamento; b) alongamento estático; c) alongamento dinâmico. Para os exercícios de alongamento tanto estático quanto dinâmico, foram priorizados os músculos flexores e extensores de punho, bíceps braquial, tríceps braquial, deltóides anterior e posterior, serrátil e grande dorsal com vinte segundos em cada posição (9). Houve um intervalo de um dia entre as situações de jogo. Cada indivíduo realizou trinta lançamentos consecutivos de dardos. A altura do alvo é medida pela Mosca (Bull’s Eye), isto é, o centro do alvo. Ele deve ficar a 1,73 m do chão da pista, e tem 1,5 centímetros de diâmetro. A distância para o arremesso é de 2,37 m da face do alvo. Os pés do jogador devem ficar atrás dessa marca.
Fig. 1
Os dardos eram de tamanho, peso e formato padronizados pela World Darts Federation (WDF). A variável analisada foi a média de acertos na Mosca nos lançamentos em cada uma das situações. Todos leram e assinaram o termo de consentimento específico previamente à participação no estudo.
Análise Estatística
A análise estatística contemplou o resultado final de acertos na Mosca entre os participantes, sendo graficamente representada.
RESULTADOS
O alongamento estático precedido dos lançamentos foi o que apresentou o melhor desempenho.
a) sem alongamento
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Indivíduo A |
Indivíduo B |
Indivíduo C |
| Mosca |
2 |
0 |
1 |
| 25 |
8 |
3 |
8 |
| Fora |
20 |
27 |
21 |
b) alongamento estático
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Indivíduo A |
Indivíduo B |
Indivíduo C |
| Mosca |
4 |
1 |
3 |
| 25 |
13 |
4 |
4 |
| Fora |
13 |
25 |
23
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Gráfico 1:
Gráfico 2:
Gráfico 3:
DISCUSSÃO
Quando as fibras extrafusais se contraem, uma força é aplicada ao órgão tendinoso de Golgi, que envia uma mensagem para a medula espinhal que resulta em inibição do músculo agonista e contração do antagonista. Assim, o reflexo tendinoso de Golgi aumenta a habilidade de um músculo para estirar enquanto o reflexo do fuso tenta prevenir o alongamento muscular. O objetivo de um exercício de alongamento deve ser aumentar o reflexo tendinoso de Golgi e inibir o reflexo do fuso (8).
Neste âmbito, nos seus aspectos mais dinâmicos, a integração e a modulação da contração muscular, da flexibilidade e do movimento, intervêm vários aspectos designadamente a reação de alongamento, a inibição recíproca e o mecanismo do reflexo miotendinoso básico (3).
Os arremessos precedidos pelo alongamento dinâmico mostraram um resultado insatisfatório comparado com os arremessos realizados sem nenhum tipo de preparo ou alongamento.Porém, o alongamento estático mostrou eficiência no jogo de dardo, uma vez que realizado antes de um exercício, provou que aumenta a eficiência mecânica do músculo, facilita a realização de gestos e movimentos que poderiam ser mais difíceis e melhora a agilidade, força e velocidade do movimento (7).
CONCLUSÃO
O trabalho de alongamento é um meio fundamental, para melhorar o rendimento do gesto técnico, prevenir lesões decorrentes da atividade física e para tratar e recuperar estruturas com grande intervenção mecânica, no âmbito da fisioterapia e da realização de esportes.
Apesar desta pesquisa mostrar um resultado significativo, ainda não há estudos suficientes que comprovem a eficiência do alongamento muscular na precisão do movimento.
REFERÊNCIAS
(1) ACHOUR Jr., Abdallah. Flexibilidade e alongamento: saúde e bem-estar. Barueri, SP: Ed. Manole, 2004.
(2) ALTER, Michael J. Ciência da Flexibilidade. 2.ed. São Paulo: Ed. Artes Médicas, 1999.
(3) ARAÚJO, Claudio Gil Soares de. Flexiteste: utilização inapropriada de versões condensadas. Rev Bras Med Esporte vol.10 no.5 Niterói Sept./Oct. 2004
(4) BAGRICHEVSKY, Marcos. Os efeitos dos exercícios de alongamento mediados pela propriocepção: discussão conceitual sobre processos adaptativos. Revista Unicastelo ano 4, número 6, páginas 54-61, 2001.
(5) COELHO, Carla Werlang, et al. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, Número 1, p. 31-41, 2000.
(6) CORBIN, CB, Noble L. Flexibility: a major component of physical fitness. Journal of Physical Education and Recreation 1980, 51:57-60.
(7) DANTAS, Estelio H. M. Flexibilidade, alongamento e flexionamento. Rio de Janeiro: Ed. Shape, 2005.
(8) FRONTEIRA, R. Walter et al. Exercício físico e Reabilitação. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2001.
(9) KISNER, C. & COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos – fundamentos e técnicas. São Paulo: Ed. Manole, 1998.
(10) SCHWARZENEGGER, Arnold. Enciclopédia de fisiculturismo e musculação. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2001.
(11) VIEIRA, ANA KARINE RIBEIRO DE M., et al. Análise comportamental do tecido conjuntivo denso quando submetido a alongamento manual. Artigo Original Pós Graduação Lato Sensu Fisiologia e Avaliação Morfofuncional Universidade Gama Filho, 2001.
(12) WILSON, G.J., et al. The relationship between stiffness of the musculature and static flexibility: an alternative explanation for the occurrence of muscular injury. Int. Journal Sports Med 19: 403-407, 1994.
(13) WORRELL, T. W., et al. Effect of hamstring stretching on hamstring muscle performance. Journal Orthop Sports Phys Ther 20: 154-159, 1994.
Obs.:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 02/04/07
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