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O Uso da Prancha Ortotástiaca como recurso Fisioterapêutico aplicado em pacientes da UTI à Enfermaria Imprimir E-mail
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Use of the orthostatic board as a resource physiotherapeutic used in patients of the infirmary to ICU

 

Trabalho realizado por:

Alexandra Paulino Silvério.

Ana Paula Ayub Elias.

Daiane Paulino Silvério.

Miguel Elias de Siqueira Neto.

Contato: migueldisiqueira@globomail.com

 

Resumo

Os pacientes restritos ao leito ficam vulneráveis a diversas complicações secundárias decorrentes ao imobilismo prolongado. O ortostatismo contribui efetivamente para o melhor funcionamento do sistema fisiológico, psicológico e social, aumentando a autoestima, melhorando a saúde e a qualidade de vida desses pacientes acamados decorrente ao imobilismo. O uso da prancha ortostática como recurso no tratamento fisioterapêutico utiliza a ação da gravidade para proporcionar um melhor funcionamento sistêmico. O protocolo utilizado nesta pesquisa foi proposto pelo autor (SARMENTO, 2009) tendo em vista a segurança e a eficácia da aplicabilidade em pacientes submetidos ao ortostatismo passivo, com o objetivo de avaliar as alterações no sistema hemodinâmico, respiratório e o comportamento de pacientes submetidos ao ortostatismo passivo, com base na mensuração dos parâmetros de Nível de Consciência, através da escala de coma de Glasgow, Frequência Respiratória (FR), Frequência Cardíaca (FC), Saturação de Oxigênio (SatO2) e Pressão Arterial (PA). Ao término da pesquisa observamos que o ortostatismo influencia significativamente no sistema hemodinâmico podendo contribuir na elevação do nível de consciência, aumento da frequência respiratória e aumento da autoestima. Nenhum dos pacientes apresentou sinais significativos de hipotensão, porém na avaliação do parâmetro de SatO2, conseguimos observar sinais moderados de dessaturação leve.

Palavras-Chave: Fisioterapia. Hospitalar. Prancha Ortostática.

Key Words: Physiotherapy. Hospital. OrthostaticBoard.

 

Introdução

A hospitalização prolongada, o tempo intensificado de permanência forçada do individuo ao leito seja por qualquer patologia e a ausência de movimento do corpo humano ou a falta de mobilização feita por uma equipe de saúde especializada, pode acarretar em várias doenças secundárias prejudicando a saúde global do paciente acamado, algumas dessas patologias são: a constipação intestinal que pode acarretar na redução transitória do retorno venoso e na diminuição do débito cardíaco, úlceras de decúbito, reabsorção óssea em excesso com formação de cálculos renais, retenção e insuficiência urinária, atelectasias, tromboflebite, embolias pulmonares, anemia leve devido a repetida coleta de amostras de sangue para diagnósticos, comprometimento da ingestão oral de líquidos contribuindo a desidratação, hemorragias no trato gastrointestinal devido a úlceras de estresse e perda do condicionamento das respostas reflexas cardiovasculares às mudanças posturais podendo acarretar variados déficits ao sistema vascular (BRAUNWALD; ZIPES; LIBBY, 2001).

Com o paciente acamado existem grandes porcentagens e riscos de desencadear doenças secundárias decorrentes à ausência de movimento. O repouso prolongado ao leito pode por consequência, afetar todos os sistemas do organismo, levando a uma série de complicações que conjuntamente são denominadas Síndrome do Imobilismo ou da Imobilização (CAZEIRO; PERES, 2010).

No sistema fisiológico, a imobilidade consequentemente pode gerar vários déficits secundários pela ausência de ortostatismo e de movimento, dentre estes acometimentos podemos destacar a fraqueza muscular, atrofias, doenças articulares e ósseas como a osteoporose, devido à diminuição de massa óssea por atividade dos osteoclastos e aumento da secreção de hodroxiprolina e cálcio que são excretados pela urina, facilitando decorrentes infecções de trato urinário e insuficiência renal. No sistema cardiovascular podemos citar a hipotensão postural e os fenômenos tromboembólicos. Já no sistema neurológico constatamos a privação sensorial, incoordenação motora ou até mesmo a perda parcial ou total do controle

motor, enquanto no sistema respiratório ocorre a diminuição de oxigênio que por consequência diminui a síntese de colágeno dificultando o processo de cicatrização,contribuindo ainda mais para o prolongamento da recuperação do paciente, tornando-os mais vulneráveis as úlceras de decúbito que também são consequências frequentes do imobilismo prolongado (NATALIO; MACHADO; OLIVEIRA, 2010).

O movimento é uma característica fundamental na vida de todos os seres humanos por ser indispensável à manutenção da estabilidade estrutural (SANTOS; OLIVEIRA; SILVEIRA, 2010).

A fisioterapia aliada a diversas técnicas dispõe de conhecimento e técnicas de posicionamento que favorecem a mecânica respiratória, circulatória e muscular e para tanto pode utilizar a prancha ortostática a fim de permitir um posicionamento adequado em pacientes que são incapazes de realizar o ortostatismo ativamente. A posição ortostática aumenta o recuo elástico do pulmão e da parede torácica facilitando a contração abdominal influenciando de modo favorável na melhora da capacidade de sistemas e órgãos do corpo humano(COSTA; LIMA; LOPES, 2006).Desta forma, seria interessante e oportuno um estudo que contemplasse dados sobre a ocorrência e registros de pacientes que sofrem pelo imobilismo prolongado ao leito, objetivando e direcionando um tratamento fisioterapêutico para minimizar tais alterações decorrentes a imobilização.

A pesquisa realizada tem como objetivo principal avaliar as alterações do sistema respiratório, hemodinâmico, do nível de consciência e do comportamento de pacientes em fase hospitalar submetidos ao ortostatismo passivo, através do uso da prancha ortostática, a fim de verificar se os parâmetros avaliados são influenciados pela postura ortostática.Pretende-se oferecer maiores conhecimentos à comunidade acadêmica e vislumbra-se a melhora da qualidade da saúde de pacientes restritos ao leito reféns do imobilismo.

 

Materiais e Métodos

Esta pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva e consequentemente de acordo com a evolução de cada paciente se foi estendida a Enfermaria do Hospital São Lucas de Santos após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e posterior assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pacientes ou responsáveis autorizando a pesquisa realizada. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as alterações no sistema respiratório, hemodinâmico, no nível de consciência e no comportamento dos pacientes submetidos ao ortostatismo passivo através do uso da prancha ortostática, a fim de verificar se os parâmetros avaliados são influenciados pela postura ortostática.

O procedimento consistiu na avaliação diária e monitoração constante em relação às variáveis de FC e SatO2 com o uso de um oxímetro de pulso (CONTEC), a PA por um monitor de pulso (MF-343), a FR foi monitorada por um fisioterapeuta responsável somente por essa variável. Todos os dados foram coletados e preenchidos na ficha de monitorização de cada paciente. O registro das variáveis se deu primeiramente em decúbito dorsal e repouso leito com elevação de 30° da cabeceira, após 5 minutos da transferência do leito para prancha ortostática elétrica (CARCI) em 10° de elevação e de 10 em 10 minutos a inclinação foi feita conforme a progressão dos ângulos de 30°, 45°, 60°, 75° e 90°. Os indivíduos permaneceram durante 10 minutos em cada posição. Para retornar a posição inicial (decúbito dorsal) o mesmo protocolo foi realizado. O ortostatismo foi realizado uma vez ao dia durante cinco dias consecutivos, totalizando 05 sessões contínuas na qual todos os pacientes fizeram o uso de meias elásticas compressivas (Kendall) e de anticoagulantes para segurança e eficácia da pesquisa. Todos os pacientes deveriam permanecer hemodinamicamente estáveis durante a aplicabilidade, ao sinal de hipotensão, dessaturação excessiva de oxigênio ou desconforto respiratório em limites que não permitiram a continuação do protocolo, a prancha foi declinada e no dia consecutivo iniciou-se o procedimento da angulação em que se foi interrompido.

 

Público Alvo: Pacientes restritos ao leito e incapazes de realizar o ortostatismo ativo.Critérios de Inclusão: Pacientes com restrição ao leito, com nível de consciência igual ou maior que 08 (avaliado pela escala de Coma de Glasgow) e medicados com anticoagulantes. Critérios de Exclusão: Pacientes hemodinamicamente instáveis com Glasgow abaixo de 08 e ausentes de anticoagulantes.Materiais Utilizados:Os materiais utilizados nesta pesquisa foram: Prancha Ortostática Elétrica(CARCI), Oxímetro de Pulso (CONTEC), Monitor de Pressão Arterial Digital de Pulso(MF-343) e Meias de Malhas Elásticas Compressivas (KENDALL).

 

A coleta de dados foi realizada durante os cinco dias consecutivos da pesquisa de acordo com as variáveis apresentadas pelo paciente e registradas em tabelas diárias relacionando-as de acordo com a angulação e inclinação da prancha.

ANGULAÇÃO: XXXX

PACIENTE : XXXXXXXXX- SEXO: XXX -  PATOLOGIA: XXXXXXXXXX - IDADE: XX

DIA

FR

FC

SatO2

PA

Glasgow

01°

XX rpm

XX bpm

XX %

XX.X/X.X mmhg

XX

02°

XX rpm

XX bpm

XX %

XX.X/X.X mmhg

------------

03°

XX rpm

XX bpm

XX %

XX.X/X.X mmhg

------------

04°

XX rpm

XX bpm

XX %

XX.X/X.X mmhg

------------

05°

XX rpm

XX bpm

XX %

XX.X/X.X mmhg

XX

Tabela 01: Exemplo da tabela de angulação para registro e obtenção de valores e média diária de parâmetros coletados de cada paciente.

 

Resultados

Após a realização do preenchimento de todas as tabelas, foi traçada a média total dos parâmetros dos pacientes por cada angulação realizada na prancha ortostática durante os cinco dias de protocolo. O nível de consciência inicial dos pacientes foi coletado através da Escala de Glasgow somente no 1° dia antes do início da pesquisa e no 5° e último dia após serem submetidos à pesquisa de ortostatismo passivo.Os gráficos a seguir, nos mostra a comparação destas variáveis de parâmetros obtidosdos pacientes em repouso no leito e ao ortostatismo completo de 90°.

 

Variáveis de Frequência Respiratória (FR)

Gráfico 01: Nos mostra a média total dos 05 dias da FR dos pacientes em repouso ao leito com 30° de inclinação da cabeceira antes de realizarem o ortostatismo passivo comparando-os ao momento em que realizam o ortostatismo passivo de 30° a 90° de inclinação.

 

Variáveis de Frequência Cardiáca (FC)

Gráfico 02: Detalha a média total dos 05 dias da FC dos pacientes em repouso ao leito antes de realizarem o ortostatismo passivo com a cabeceira inclinada em 30°, comparando-os ao momento em que realizam o ortostatismo passivo de 30° a 90°.

 

Variáveis de Saturação de Oxigênio (SatO2)

Gráfico 03: Exibe a média de SatO2 dos pacientes em repouso ao leito com elevação de cabeceira a 30°, antes de realizarem o ortostatismo passivo comparando-os ao momento em que realizam o ortostatismo passivo de 30 a 90°.


Variáveis de Pressão Arterial (PA)

Gráfico 04: Especifica-nos as médias da PA máxima e mínima de pacientes em repouso ao leito com inclinação de cabeceira a 90° antes de realizarem o ortostatismo passivo comparando-os ao momento em que realizam o ortostatismo passivo de 30° a 90° de inclinação.


Nível de Consciência (GLASGOW)

Gráfico 05: Nos mostra a comparação do nível de consciência inicial dos pacientes, sendo este coletado no 1° dia de pesquisa e no 5° e último dia após serem submetidos à pesquisa de ortostatismo passivo.

 

Discussão

Segundo pesquisas realizadas por Fosco; Pinge (2008) a postura ortostática promove muitas alterações hemodinâmicas que geram mecanismos compensatórios pela mudança de decúbito. O sistema nervoso central ajusta a atividade autonômica simpática e parassimpática interferindo tônica e reflexamente nas principais variáveis do sistema cardiovascular, em conjunto com os componentes hormonais, ampliando a capacidade de adaptação diante as mudanças posturais, mas qualquer dificuldade nesse mecanismo compensatório pode impedir o funcionamento fisiológico adequado podendo resultar na hipotensão, que por sua vez, pode levar à hipoperfusão cerebral, hipóxia e perda de consciência. O barorreflexo desempenha papel fundamental no controle cardiovascular a curto-prazo na adaptação ao estresse ortostático, prevendo excessivas flutuações da pressão arterial. Durante o ortostatismo, também podem ocorrer mudanças neuroendócrinas como alteração nos níveis plasmáticos de endotelina, que é um composto de 21 aminoácidos e apresenta potente ação vasoconstritora. Essas alterações significativas na posição ortostática podem ser denominadas como estresse ortostático.

 

O baixo índice de respostas sobre os efeitos do ortostatismo pode estar relacionado ao pouco número de estudos e pesquisas realizadas por profissionais da saúde no Brasil. No estudo de Luqueet al (2010) foram encontradas diferentes respostas a respeito dos benefícios da possível utilização da prancha ortostática na UTI, dentre elas a melhora hemodinâmica, aumento da mecânica respiratória do paciente efavorecimento na descarga de peso. Embora a população estudada não faça uso da prancha ortostática na UTI, esses profissionais reconhecem, em sua maioria, os benefícios do ortostatismo. Outros posicionamentos no leito são geralmente mais utilizados, pois são técnicas mais conhecidas entre os profissionais e com bastante referência na literatura, além de que o uso da prancha ortostática necessita de utilizar um maior gasto de tempo para priorizar a assistência de cada paciente individualizado; sendo assim outras técnicas são substituídas ao ortostatismo, tendo em vista a princípio uma execução mais rápida, prática e com menores custos.

 

Na Austrália em um estudo de Chang et al (2004), foi observado que 67,4% dos fisioterapeutas utilizam a prancha como equipamento de recurso fisioterapêutico, já no estudo de Luque et al (2010), 03 de 15 hospitais que responderam a um questionário dispõem da prancha ortostática, entretanto, apenas 01 hospital a utiliza na UTI na cidade de São Paulo. O motivo de não utilizarem esse equipamento nas UTI´s estudadas pode ser o fato de que a maioria dos hospitais avaliados não possui a prancha ortostática, ou aqueles que a possuem não sabem as técnicas para melhor utilizá-la. Chang et al, relata que 32,5% não utilizavam a prancha, 57% diziam não ter indicação clínica para usa-la, 46,4% preferiam optar por outras técnicas, 17,9% acreditavam ser perda de tempo a utilização da prancha e 39% não tinham a prancha disponível no momento.

 

Conclusão

Através dos resultados obtidos em nossa pesquisa, observamos que o ortostatismo passivo utilizado como recurso fisioterapêutico pode trazer benefícios aos pacientes com a imobilidade prolongada, pois é pela posição em pé que mecanismos fisiológicos, psicológicos e sociais são influenciados, a fim de proporcionar a melhora e o aumento do nível de consciência, débito cardíaco e melhora da capacidade respiratória através da ação da gravidade associada aos estímulos proprioceptivos que a prancha ortostática proporciona.

 

Durante a pesquisa e ao decorrer dos cinco dias, observamos uma melhora evolutiva nos pacientes de maneira significativa. Durante o estudo, alguns pacientes obtiveram alta da UTI e foram encaminhados para enfermaria do hospital, onde demos a continuidade a este trabalho, não interrompendo assim a sua evolução contribuindo para a finalização da pesquisa apresentada.

 

Consideramos que ainda hoje no Brasil, os estudos e a utilização da prancha ortostática em pacientes hospitalares são escassos, se fazendo necessário novas pesquisas, coletando mais parâmetros de monitoramento bem como a realização de novos protocolos de ortostatismo passivo associando-os com a prevenção e o tratamento de patologias específicas, a fim de quantificar e qualificar o uso da prancha ortostática aplicada como recurso fisioterapêutico em ambientes hospitalares.

 

Referências Bibliográficas

 

BRAUNWALD E, ZIPES DP, LIBBY P. Tratado de Medicina Cardiovascular, São Paulo, v. 1, São Paulo, Ed. Roca, p. 1236-1238, 2003.

CAZEIRO, A. P. M.; PERES, P. T. A terapia ocupacional na prevenção e no tratamento de complicações decorrentes da imobilização no leito. Cardernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 18, n. 02, p.149-167, 2010.

CHANG, A. T., et al. Standing With Assistance of a Tilt Table in Intensive Care: A Survey of Australian Physiotherapy Practice, Australian Journal of Physiotherapy, Australia, v. 50, p. 51-54, 2004.

COSTA, G. M. da; MOURÃO e LIMA J. G.; LOPES A. J. Espirometria: a influência da postura e do clipe nasal durante a realização da manobra. Pulmão, Rio de Janeiro, v.15, n.3, p.143-147, 2006.

FOSCO, L. C.; PINGE, M. C. M. Papel da endotelina no estresse ortostático. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v.29, n.2, p.155-162, 2008.

LUQUE, A., et. al. Prancha ortostática nas Unidades de Terapia Intensiva da cidade de São Paulo. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 225-229, 2010.

NATALIO, M. A.; MACHADO, L. V. H.; OLIVEIRA, R. B. C. Intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de colecistectomia: estudo de caso. Revista Digital, Buenos Aires, v.15, n.146, 2010.

SANTOS, A. R.; OLIVEIRA, I. S.; SILVEIRA, T. Mobilização precoce em UCI. SalutisScientia- Revista de Ciências da Saúde da ESSCVP, v. 02, julho 2010.

SARMENTO, G. J. V. ABC da Fisioterapia Respiratória, Ed. Manole, p. 377-379, Brasil, 2009.

 

 

Obs:

- Todos o direito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.

- Publicado em 24/09/2014.


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