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A Equoterapia no Tratamento da Encefalopatia Crônica não Progressiva: Revisão de Literatura E-mail
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The Repercusion in the Treatment of Chronic Non-progressive Encephalopathy: Review of Literature



Trabalho realizado por:

Loren Marieta Silva Pereira.

* Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista - UNIP, como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Fisioterapia. Goiânia - 2011.

Contato: lorenmarieta@hotmail.com.

Orientadores:

Xisto Sena Passos - Professor Doutor em Medicina Tropical. Professor Titular do Curso de Fisioterapia, Campus Flamboyant, Goiânia/GO.

Samara Lamounier Santana Parreira - Professora Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo.Professora Titular  do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista – UNIP.

 

Resumo

A Encefalopatia Crônica Não-Progressiva (ECNP) é o desalinho postural e do movimento, causada por conta de uma deformidade ou lesão do cérebro pueril. Objetivo. Analisar os benefícios da equoterapia como tratamento fisioterapêutico na encefalopatia crônica não progressiva. Métodos. Foram coletados trabalhos publicados na Scielo, Lilacs e outras fontes, para a construção da revisão de literatura sobre a equoterapia no tratamento da ECNP. Resultados. Diversos foram os trabalhos que versaram sobre o tema, ressaltando que a equoterapia é viável para tratar problemas lombares de pacientes com ECNP, pois as técnicas fisioterapêuticas com cavalos auxiliam no desenvolvimento deste indivíduo. Conclusões. A equoterapia nem sempre proporciona melhoras importantes em relação ao desempenho motor, mas ajuda no alinhamento e relaxamento postural, para um melhor equilíbrio tônico dos pacientes com ECNP.

Descritores: ECNP; Tratamento; Equoterapia; Equilíbrio.

Abstract

The Encephalopathy Chronic Non-Progressive (ECNP) and the disarray postural and movement, caused by a deformity or injury of the brain puerile. Objective. The objective of this study is to analyze the benefits of equinotherapy as physiotherapeutic treatment in chronic encephalopathy not progressive. Methods. We collected works published in Scielo, Lilacs and other sources, for the construction of the review of the literature on the repercusion in the treatment of ECNP. Results. Many jobs that were dealt on the subject, noting that hippotherapy is feasible to treat patients with lumbar ECNP, because the physical therapy techniques to help horses in the development of individual. Conclusions. Equinotherapy not always provides important improvements in relation to motor performance, but help in postural alignment and relaxation, for a better balance tonic of patients with ECNP.

Descriptors: ECNP; treatment; Equinotherapy; Balance.

Introdução

A Encefalopatia Crônica Não-Progressiva (ECNP), também conhecida como Paralisia Cerebral (PC), é caracterizada a partir do desalinho do movimento e da postura, gerada em decorrência de uma lesão do cérebro pueril, bem como de uma deformidade desta região.

A ECNP trata-se de uma lesão anatômica ou patológica estática, que tem ocorrência comumente associada aos períodos pré, peri ou pós-natal. Esta doença atinge o sistema nervoso central do indivíduo, prejudicando o pleno desenvolvimento de sua capacidade estrutural e funcional. Isto significa que a patologia ocorre de forma mais frequente em crianças.

Em contrapartida, ressalta-se que diversas são as consequências geradas pela paralisia cerebral, sendo que em sua maioria, há uma prevalência importante de problemas relacionados às capacidades sensoriais e motoras do paciente, como por exemplo, ocasionando imperfeições na postura e movimentação voluntária, bem como distúrbios variados do tônus muscular.

É comum nas crianças portadoras de ECNP, a ocorrência de anomalias posturais e musculares, devido ao atraso do desenvolvimento pleno do indivíduo. A equoterapia tem sido um método bastante utiizado para tratar a encefalopatia crônica não-progressiva. O intuito básico da equoterapia na ECPN é o de proporcionar o desenvolvimento biopsicossocial dos portadores de deficiência física ou mental, assim como daqueles indivíduos que apresentam necessidades especiais1-30.

Desse modo, diante das percepções abordadas, esta revisão de literatura tem o objetivo de analisar os benefícios da equoterapia como tratamento fisioterapêutico na ECNP, com base em diversos estudos.

Revisão de Literatura


Esta pesquisa foi realizada através do levantamento de dados nas bases Scielo, Lilacs, Bireme e outros. Foram encontrados 29 Artigos Científicos e outras fontes de pesquisa, que versam sobre equoterapia em ECNP, os quais serão apresentados e discutidos a seguir, abordando os aspectos da ECNP, da equoterapia e da equoterapia aplicada a ECNP.

Estudos desenvolvidos por Cirillo, no ano de 2003, publicados pela Associação Brasileira de Paralisia Cerebral (ABPC), dispõem que a ECNP é uma doença que acomete o sistema encefálico, provocando alterações no período de maturação da anatomia e fisiologia do sistema nervoso central dos indivíduos, como também defendeu Lianza, destacando que a ECNP, ocorre em três fases distintas: pré, peri e pós-natal.

Segundo estudos de Levitt e de Leite, publicados em 2004, de acordo com o tônus anormal, a ECNP pode ser classificada cientificamente como: hipertonia espástica, hipertonia plástica, hipotonia, atetose, coreoatetose, atetose com espasmos distônicos e ataxia. Rotta, em suas análises, verificou que a deficiência motora pode vir associada a distúrbios da visão, fala, audição, déficit cognitivo e em alguns casos a epilepsia.

Com base em pesquisas de Ribeiro e outros estudos que abordaram o tema, tem-se que o desenvolvimento psicomotor deste paciente tende a melhorar se houver estímulos adequados e direcionados às necessidades físicas e intelectuais da criança. Como colocaram Amaral, Tabaquim e Lamônica, em seus estudos, o fisioterapeuta deve analisar as variáveis de intensidade, frequência e força a serem aplicados em um tratamento específico para cada paciente, no sentido de conferir um melhor resultado à criança, como também observaram Barros, Fragozo, Oliveira, Cabral e Castro, em 2003.

Para Marcelino e Melo; Araújo, Espírito Santo e Ramos; Oliveira; Morimoto, Sá e Durigon e Ferreira e Arbo, são várias as técnicas terapêuticas que podem ser aplicadas em benefícios do paciente portador de paralisia cerebral, sendo que uma delas é a equoterapia, como método de tratamento comumente usado com o objetivo de otimizar a qualidade de vida da criança.

Liporoni e Oliveira, ao investigar a equoterapia como tratamento alternativo para pacientes com sequelas neurológicas, entre os anos de 2003 e 2005, expos que, em relação á biomecânica, o passo do cavalo apresenta um ritmo específico, que tende a ser simétrico e repetitivo, a partir de movimentos tridimensionais. Neste processo, a marcha envolve três vetores de força, que atuam tanto para frente, quanto para o lado e para cima, de forma similar à do ser humano, segundo estudos de Oliveira e de Aquino, Cusinato e Marães, acerca dos padrões de marcha e postura corporal dos praticantes de equoterapia com paralisia cerebral. Estas análises foram evidenciadas, também, nos estudos de Adário em 2005 e de Savagni, publicados no ano de 1999.

A partir de outras pesquisas, realizados por Liporoni e Oliveira, verificou-se que as bases biomecânicas do cavalo são determinadas pela marcha, postura, equilíbrio, ganho de força, coordenação motora e intensidade de movimento dos membros, segundo análises de Nascimento, Carvalho, Araujo, Silva, Cardoso e Beresford e de Valdiviesso, Cardillo e Guimarães, em suas pesquisas.

No contato entre o cavalo e o ser humano, por meio da montaria, é possível estabelecer mecanismos que podem proporcionar alterações importantes para a habilitação ou reabilitação do cavaleiro, como evidenciaram Pierobon e Galetti, em 2008 e Santos, ao analisar o ambiente equoterápico como meio de auxiliar no processo terapêutico, principalmente nos casos que envolvem pessoas com deficiência, devido às forças exercidas pelo animal, conforme publicações da Ande, em 2007.

Como salientaram os estudos de Ratto; Pacchiele; Jacques; Pacchiele; Adário; Ross e Engsberg; Salvagn; Morimoto, Sá e Durigon; Ferreira e Arbo; Martinello, et al., bem como de Padovani, as melhorias ocorram de fato, a equoterapia pode ser exercida com cavalos de qualquer raça, desde que se trate de animais dóceis, previamente adestrados para esta função, para que possam atuar em situações que envolvam crianças, por exemplo.

A força exercida pela marcha do cavalo ocorre por meio da tração, que possibilita a produção de seus movimentos, que também podem permanecer estáticos. A força, portanto, pode ser caracterizada em virtude se sua magnitude, direção, sentido e tatum da tração.

O passo do animal atua com uma abrangência global, envolvendo simultaneamente toda sua musculatura, determinando ajustes tônicos com simetria, como destacaram Valdiviesso, Cardillo e Guimarães, em suas pesquisas.

No cavalo, a força pode ser determinada, também, por meio de suas especificidades, sejam elas: gravitacional, de contato, muscular, de inércia ou flutuação. A intensidade na contração e comprimento muscular influencia diretamente na força, sendo que o cavalo também pode exercer sua força a partir da fricção ou do atrito. Portanto, os resultados encontrados deram conta de que há melhora considerável no uso de cavalos como método fisioterápico, principalmente por permitir o alinhamento postural e muscular do paciente com ECNP. As análises teóricas demonstraram que o alinhamento postural tende a ser melhorado consideravelmente, com as sessões de equoterapia.

É necessário que a equoterapia seja acompanhada por uma equipe, de diversas áreas, que devem registrar todos os processos, para determinar a evolução do tratamento.

Com base nos ensinamentos de Salvagni, entende-se que a equoterapia prima pela segurança física do praticante, sendo importante estabelecer condições favoráveis à sessão, evitando-se situações adversas que possam vir a assustar o cavalo, verificando os equipamentos a serem usados no treino, vestimentas do indivíduo e a qualidade do ambiente onde ocorrerá a sessão.

No tratamento da encefalopatia crônica não progressiva, a equoterapia age como mecanismo de reabilitação do paciente, por proporcionar vantagens motoras e otimizar a mobilidade e capacidades estruturais e funcionais da criança, já que estimula as áreas sensoriais, motoras, cognitivas e afetivas, conforme Morimoto, Sá e Durigon.

Discussão

Os artigos analisados neste estudo foram publicados em diversas regiões brasileiras, incluindo os estados de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Curitiba, dentre outros, sendo que de um modo geral, a grande maioria dos achados foram publicados em São Paulo, o que demonstra que o tema vem sendo amplamente discutido no país.

E, com base nas características da ECNP e nas possibilidades de influência da equoterapia em relação ao tônus muscular, equilíbrio postural e capacidades de movimento, a equoterapia tem sido muito utilizada no Brasil, a partir do início da década de 70. Segundo Santos, “Apesar de existir há milhares de anos, começou a ser divulgada no Brasil, no início da década de 70”.

Observou-se, a partir de publicações da Associação Nacional de Equoterapia - ANDE, e outros achados, que a prática da equoterapia deve respeitar a alguns princípios essenciais, envolvem, por exemplo, uma avaliação médica, psicológica e fisioterápica do cavaleiro.

Levitt ressaltou em suas lições, que esta lesão cerebral causa uma extenuação na função muscular, levando o paciente a um déficit na capacidade de manter a postura correta e na realização de movimentos normais de cada indivíduo

Nas ultimas décadas, tem-se usado muito o método da equoterapia, pra fins terapêuticos em crianças com encefalopatia crônica não progressiva, pois este é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação.

Valdiviesso, Cardillo e Guimarães asseveram, assim, que “o tratamento da criança portadora de Paralisia Cerebral requer sempre a atuação de vários profissionais devido aos múltiplos acometimentos que ela vai apresentar, podendo necessitar de tratamento cirúrgico, medicamentoso e/ ou clínico”.

Diversos estudos realizados acerca do tema deste trabalho, apontaram que a equoterapia também pode ser praticada em grupos ou individualmente, com base em um acompanhamento específico de cada indivíduo, como se percebe nas publicações de Ratto; Pacchiele; Jacques; Pacchiele; Adário; Ross e Engsberg; Salvagni; Morimoto, Sá e Durigon; Ferreira e Arbo; Martinello, Levone, Piucco e Ries; bem como de Padovani.

Pesquisas publicadas no ano de 2001 por Lianza demonstraram que se trata de alterações persistentes e estáveis do tônus muscular, da postura e das capacidades de movimento, ocasionando problemas de formação estrutural e funcional, podendo ocorrer em três fases da formação do ser humano: fases do pré, peri ou pós-natal.

A capacidade sensorial e motora da criança com encefalopatia crônica não-progressiva também pode ser melhorada, a partir de tratamentos com profissionais da psicologia, pedagogia, pediatria, psiquiatria e fisioterapia, com os mais variados recursos, destacando-se a equoterapia.

Nota-se que, apesar da equoterapia ser  um recurso de alto custo, tem-se utilizado a disponibilidade de quartéis do exército, polícia montada, de haras e hípicas, no sentido de se facilitar o acesso dos pacientes encefalopatas a este recurso, levando-se em consideração que um dos princípios da equoterapia dispõe sobre a importância de se disponibilizar tal prática para todos os grupos de pessoas, até mesmo de forma filantrópica.

A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e outras necessidades especiais.

Estudos sobre a encefalopatia crônica não-progressiva têm demonstrado que as causas desta patologia podem ser variadas, sendo classificadas como pré-natais, perinatais ou pós-natais. Nesse sentido, a literatura pesquisada foi unânime em mencionar que o uso de animais no tratamento de crianças acometidas pela ECNP, é consideravelmente positivo, sendo que o animal mais presente nas terapias motoras é o cavalo.

O cavalo é um animal manso, que apresenta condições de forma favoráveis para estimular o sistema sensorial do organismo humano, melhorando o equilíbrio e o bem-estar do paciente, visto que a interação da criança com o meio social também é importante para se reduzir as etapas do tratamento clínico.

Este contato direto gera maior descontração, prazer e divertimento. O simples fato de se estar em contato com a natureza, por si só, já favorece ao tratamento equoterápico e o acompanhamento hospitalar torna-se menos abrangente e com perspectivas mais positivas de aceitação do paciente.

A equoterapia auxilia de forma a inibir a atividade reflexa anormal da criança, possibilitando uma reação mais normal possível, do tônus muscular, além de ser um método que gera, em muitos casos, melhora importante na força, flexibilidade, equilíbrio amplitude e padrões de movimento, sendo comum haver melhoras significativas nas capacidades motoras básicas e na mobilidade funcional da criança.

Elevam-se, também, as possibilidades de concentração por parte do paciente com paralisia cerebral, pormenorizando, assim, as limitações neuropsicológicas, intelectuais e físico-motoras da criança, de forma mais natural e agradável.

Observa-se então que a utilização de técnicas fisioterapêuticas com cavalos, no tratamento de crianças portadoras de encefalopatia crônica não-progressiva pode auxiliar na busca por um melhor desenvolvimento deste indivíduo, de modo que facilita o trabalho do profissional terapeuta, gerando maior perspectiva de sucesso para os resultados.

Conclusão

Com base nas análises desenvolvidas neste estudo, conclui-se que a equoterapia é uma técnica viável para determinar a melhora da mobilidade do paciente, bem como para acelerar seu desenvolvimento funcional e estrutural, dado o caráter lúdico percebido no contato direito entre a criança e o cavalos, sendo que o prognostico é totalmente individualizado, pelo fato de cada individuo ser diferente um do outro, onde os fatores que influenciam no tratamento também são individualizados para cada paciente.

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Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de sua autora.

- Publicado em 18/11/2011.


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