Trabalho realizado por:
Andrielle Guimarães Rodrigues.
Fisioterapeuta especialista em traumato-ortopedia pela Universidade estadual do Pará (UEPA).
Letícia Alves Fonseca.
Fisioterapeuta especialista em Fisioterapia nas doenças neuromusculares pela UNIFESP.
Contato: leticiaf_alves@hotmail.com
Resumo
A altura e o peso são úteis na determinação do estado nutricional em adultos. Ambos devem ser medidos porque há uma tendência a superestimar a altura e subestimar o peso, resultando numa subestimativa do peso relativo. O aumento da massa corporal (MC) durante o envelhecimento é um fator de risco para a saúde da população idosa, sendo ainda pouco conhecidos os efeitos da alteração ponderal sob a saúde dos idosos. Objetivo: avaliar o índice de massa corpórea em mulheres idosas institucionalizadas residentes no abrigo Pão de Santo Antônio. Métodos: O presente estudo é observacional, descritivo do tipo transversal, com amostra de 45 mulheres idosas, residentes no abrigo Pão de Santo Antônio, Belém-PA, as quais foram avaliadas a estatura e peso para o cálculo do IMC. Resultados e Discussão: os resultados aqui encontrados mostraram que 11% apresentaram magreza patológica, 16% magreza, 24% peso normal, 2% peso ideal, 31% sobrepeso e 16% obesidade. Quando se observa sujeitos classificados como magreza patológica e com obesidade, afirma-se que estes indivíduos estejam numa condição nutricional mais debilitada do que os demais. Conclusões: Os dados obtidos do IMC em mulheres idosas, mostraram um grupo maior com excesso de peso, sugerindo que estas tenham um acompanhamento sistemático com nutricionistas e realizem atividade física para obter um melhor condicionamento físico, prevenindo a instalação de doenças. No entanto, ainda são necessários mais estudos antropométricos com idosos institucionalizados.
Palavras - Chave: Índice de massa Corporal, mulheres, idosas institucionalizadas.
1- Introdução
Há duas décadas, Keys e col. sugeriram chamar a relação MC.(EST-2) de Índice de Massa Corporal (IMC), com a massa corporal expressa em quilogramas e a estatura em metros. A partir daí esta relação ficou popular na avaliação nutricional de adultos e alguns passaram a chamá-la também de índice de Quételet. (ANJOS, 1992). A altura e o peso são úteis na determinação do estado nutricional em adultos. Ambos devem ser medidos porque há uma tendência a superestimar a altura e subestimar o peso, resultando numa subestimativa do peso relativo (MAHAN E STUMP, 2002). O processo de envelhecimento acarreta alterações corporais, as quais são importantes de serem avaliadas num plano nutricional. O peso e a estatura sofrem alterações que acompanham o envelhecimento, os quais tendem a diminuir. Há diminuição da massa magra e modificação no padrão de gordura corporal, onde o tecido gorduroso dos braços e pernas diminui, mas aumenta no tronco. (MENEZES E MARUCCI, 2005). O aumento da massa corporal (MC) durante o envelhecimento é um fator de risco para a saúde da população idosa, sendo ainda pouco conhecidos os efeitos da alteração ponderal sob a saúde dos idosos. O aumento da MC especialmente dos 40 aos 60 anos de idade, com sua diminuição após os 70 anos e a perda gradativa da estatura corporal são eventos responsáveis por: diminuição da massa óssea, aumento da gordura corporal, diminuição da massa livre de gordura e seus principais componentes e alterações nas quantidades minerais, água, proteínas e potássio (CHAVES et al, 2005). Não há valores antropométricos de referência para idosos (institucionalizados ou não) no Brasil. Dos estudos antropométricos comumente utilizados como padrão de referência em pesquisas no Brasil, apenas o de Burr & Phillips (1984) apud Menezes e Marucci (2005), incluiu idosos institucionalizados, normalmente excluídos em planos amostrais de pesquisas realizadas em populações representativas. Assim, o presente estudo objetiva avaliar o índice de massa corpórea em mulheres idosas institucionalizadas, residentes no abrigo Pão de Santo Antônio.
2- Referencial Teórico
2.1 – Composição Corporal.
Segundo Mezadri & Grillo (1999), índice de massa corporal, ou simplesmente IMC, é uma das formas de se constatar o estado nutricional de um adulto, em que se verifica desnutrição e obesidade, sendo considerado um índice antropométrico. Powers & Howley (2000) relata que o IMC é uma medida adotada universalmente para relacionar o peso corporal (kg) e altura (m) ao quadrado, constituindo um método fácil de ser calculado e o seu resultado orienta sobre a obesidade. Para Mcardle et al (1998) o IMC deriva do peso corporal e da estatura, sendo usado geralmente por clínicos e pesquisadores para avaliar a normalidade do peso corporal dos indivíduos.
IMC = PESO (kG)
ESTATURA (m2)
|
2.2 – Analisando o índice de massa Corpórea.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o IMC como magreza patológica, magreza, peso normal, peso ideal, sobrepeso e obesidade. (GUEDES & GUEDES, 1998)
Quadro I - Valores de referência do IMC para a classificação dos indivíduos de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Índice de massa corporal (IMC)
|
Estado nutricional |
< 18,5
|
Magreza Patológica |
18,5 – 20,0
|
Magreza |
20,0 – 25,0 |
Peso normal |
22,5 |
Peso Ideal |
25,0 – 30,0 |
Sobrepeso |
> 30,0
|
Obesidade |
Uma alta porcentagem de gordura corporal (pouca massa corporal magra) está associada com alto risco de doenças do coração, diabetes, hipertensão, câncer, hiperlipidemia e uma variedade de outros problemas de saúde. Por outro lado uma alta porcentagem de massa corporal magra e de pouca massa gorda estão associadas a um bom estado de saúde (ROBERGS & ROBERTS, 2002).
Quadro II – De acordo com Mcardle et al (1998) o valor de referência do índice de massa corporal para mulheres associado com o alto risco de doenças.
Hipertensão
|
Diabetes
|
Coronariopatias
|
|
IMC acima de 27,3 |
A inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas, associadas à dieta inadequada e uso do fumo. É bastante prevalente a inatividade física entre os idosos. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior parte do tempo livre em atividades sedentárias, como por exemplo, assistir televisão.
Quadro III – Benefícios da Prática Corporal/ Atividade Física de acordo com o Ministério da saúde (2004).
Melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas funcionais, favorecendo a preservação da independência |
Redução no risco de morte por doenças cardiovasculares |
Melhora do controle da pressão arterial |
Manutenção da densidade mineral óssea, com ossos e articulações mais saudáveis |
Melhora a postura e o equilíbrio |
Melhor controle do peso corporal |
Melhora o perfil lipídico |
Melhor utilização da glicose |
A pessoa que deixa de ser sedentária diminui em 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares e, associada a uma dieta adequada, é capaz de reduzir em 58% o risco de progressão do diabetes tipo II, demonstrando que uma pequena mudança no comportamento pode provocar grande melhora na saúde e qualidade de vida.
3.0 - Materiais e Métodos
Foram analisadas 45 voluntárias, do sexo feminino, com idade entre 59 e 96 anos, residentes no abrigo Pão de Santo Antônio em Belém do Pará.
3.1 – Procedimentos
Avaliação antropométrica para medida da massa corporal, foi utilizada balança digital marca plenna, modelo wind, com capacidade de 150 kg. No momento da avaliação, os pacientes foram orientados a utilizar roupas leves e a ficarem com os pés descalços. O indivíduo avaliado foi colocado de pé, de frente para balança, com afastamento lateral dos pés, ereto e com o olhar fixo à frente. Para medida da estatura foi utilizada fita métrica, sendo fixa à parede, com o indivíduo de frente para o avaliador, na posição ortostática, com os pés unidos, procurando pôr em contato com o instrumento de medida o calcanhar, cintura pélvica, escapular e região occiptal. Ficando alguns segundos em apnéia inspiratória. O IMC foi calculado como o quociente do peso (em quilos) pelo quadrado da estatura (em metros).
3.2 – Análise estatística
O presente estudo é observacional, descritivo do tipo transversal. Os dados da pesquisa foram organizados em tabelas e gráficos com o auxílio do computador o software Excel, versão 2.0 (MICROSOFT, 2003).
4.0 - Resultados e Discussão
A seguir estão os dados coletados na pesquisa devidamente expostos em tabelas e gráficos com suas respectivas interpretações de acordo com a literatura pesquisada. Constatou-se no estudo de MENEZES & MARUCCI (2005) que a diminuição do IMC, de um grupo etário entre as mulheres foi significativa (p=0,008), principalmente entre o grupo de idosos com 60 a 69 anos e 80 anos e mais. A diminuição de o IMC no avançar da idade pode ser atribuída à diminuição da massa muscular corporal e à diminuição da quantidade de gordura corporal, que tende a diminuir depois dos 70 anos. Porém, no estudo em questão não houve diminuição do IMC em idosas entre os 59 e 78 anos, somente a partir dos 79 anos de idade que houve decréscimo do IMC. Segundo SANTOS & SICHIERI (2005), os valores do índice de massa corporal aumentam com a idade, enquanto diminuem a estatura e a quantidade de massa magra. Contudo os resultados aqui encontrados mostraram que os valores do IMC aumentaram na faixa etária de 59 a 78 anos. Mas, diminuiu a partir dos 79 anos de idade.
Tabela I – Distribuição das mulheres de acordo com a faixa etária e média do IMC.
Grupos Etários |
nº Indivíduos |
IMC |
59-68
|
4 |
22,05 |
69-78 |
13 |
26,26 |
79-88 |
21 |
24,02 |
89-98 |
7 |
22,94 |
IMC – Índice de Massa Corporal (Kg/m2) De acordo com a figura I, 5 (11%) mulheres idosas apresentaram magreza patológica, 7 (16%) magreza, 11 (24%) peso normal, 1 (2%) peso ideal, 14 (31%) sobrepeso e 7 (16%) obesidade. Segundo SOUZA et al (2002), sujeitos que apresentam IMC muito baixo estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças pulmonares enquanto aqueles com índices muito elevados têm aumentado o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Quando se observa sujeitos classificados como magreza patológica e com obesidade, afirma-se que estes indivíduos estejam numa condição nutricional mais debilitada do que os demais, fazendo-se necessário um acompanhamento alimentar adequado, atividade física orientada para prevenir doenças e para uma melhor qualidade de vida.
Figura I – Distribuição percentual do IMC em mulheres idosas.
|
5.0 – Conclusão
Em idosos, o emprego do IMC apresenta dificuldades em função do decrécimo da estatura, acúmulo de tecido adiposo, redução da massa corporal magra e diminuição da quantidade de água no organismo. Adicionalmente, o uso do IMC em idosos é complicado devido às modificações fisiológicas e sociais, pela freqüente presença de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e hipercolesterolemia, uso de medicações, dificuldades com a alimentação, depressão e alterações da mobilidade com dependência funcional. A maioria das mulheres 31% apresentou sobrepeso, mediante estes dados sugere-se que estas procurem obter um melhor condicionamento físico, visando a prevenção e controle de doenças relacionadas ao excesso de peso. É importante, que os outros grupos estudados também tenham um acompanhamento sistemático com nutricionista e a prática de atividade física orientada, assim como, conscientização sobre as medidas de promoção da saúde. No entanto, ainda são necessários mais estudos antropométricos com esse segmento da sociedade, principalmente, com idosos institucionalizados, os quais ainda são poucos.
6.0 - Refrências Bilbiográficas
ANJOS, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal.estatura-2) como indicador do estado nutricional de adultos: revisão da literatura. Revista de saúde Pública v.26 n.6 São Paulo, dez. 1992. Disponível em http:// www.scielo.br. Capturado em: 09/03/2007.
CHAVES, L. M.; GOMES, L. OLIVEIRA, R. J.; MARQUES, M. B. Relação entre variáveis da composição corporal e densidade mineral óssea em mulheres idosas. Revista brasileira Medicina do esporte. Vol. 11, n. 6, novembro-dezembro, 2005.
GUEDES, D.; GUEDES, J. Controle do peso corporal. Editora Midiograf, Paraná, 1998.
MENEZES T. N.; MARUCCI M. F. N. Antropometría de idosos residentes em instituições geriátricas, Fortaleza, Ceará. Revista Saúde Pública, vol. 39, n. 2, São Paulo, 2005. Disponível em http:// www.scielo.br. Capturado em: 10/03/2007.
MINISTÈRIO DA SAÙDE. Caderno de Atenção Básica: Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. 2004. Disponível em: http://www.saude.gov.br/dab/documentos/cardernos. Capturado em: 22/04/2007.
MICROSOFT. Microsoft Excel. Microsoft Office 2003.
MAHAN, L. K.; STUMP, S. E. Krause – Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10 edição. Editora Roca Ltda, São Paulo, 2002.
MEZADRI, T.; GRILLO, L. Avaliação do estado nutricional de adultos pelo índice de massa corporal. Revista Alcance, divulgação científica da Universidade do Vale do Itajaí, Vol. 6, n. 4, pág. 52 – 55, Santa Catarina, 1999.
MCARDLE, W.; KATCH, F.; KATCH, V. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 4ª edição, editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1998.
POWERS, S.; HOWLEY, E. Fisiologia do exercício. 3ª edição. Editora Manole, São Paulo, 2000.
ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios Fundamentais da Fisiologia do Exercício: para aptidão, desempenho e saúde. Editota Phorte, São Paulo, 2002.
SANTOS D. M.; SICHIERI R. Índice de Massa Corporal e Indicadores Antropométricos de adiposidade em idosos. Revista Saúde Pública, vol. 39, n. 2, São Paulo, 2005. Disponível em http:// www.scielo.br. Capturado em: 10/03/2007.
SOUZA, D. M.; ASSAD, K. S.; OLIVEIRA, T. C. Estudo do índice de massa corporal de indivíduos de ambos os sexos, visitantes da 8ª Feira do Vestibular Paraense. Revista Latu & Sensu, Belém; vol. 4, n. 6, pág. 59-68, novembro 2002.
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de suas autoras.
- Publicado em 17/01/2011.
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