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A Importância do Profissional de Fisioterapia junto à Atenção Básica Imprimir E-mail
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A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA JUNTO À ATENÇÃO BÁSICA

 

Trabalho realizado por:
Thalles Adrian Lima da Silva Gomes1

1Graduado em Fisioterapia e Pós-graduando em Saúde Coletiva: Habilitação Sanitarista pela Faculdade Madre Thais

 

 

Resumo

A presente pesquisa aborda a importância da fisioterapia na Atenção Básica de Saúde, como forma de prevenção de doenças. Responde aos questionamentos sobre a importância do profissional de fisioterapia na atenção básica, bem como a forma de atuação do fisioterapeuta na atenção primária à saúde. Diante do exposto, este artigo tem como objetivo analisar a importância da fisioterapia na atenção básica e na atenção primária; apresentar a história da fisioterapia ao longo dos anos; descrever a atuação do profissional de fisioterapia, suas especialidades e sua autonomia para atuar como profissional de saúde; bem como mostrar a importância da fisioterapia na atenção primária à saúde. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa exploratória, de cunho bibliográfico,

através de análise de buscas em sites acadêmicos, revistas eletrônicas, sites oficiais e biblioteca, livros, artigos e periódicos que tratam do tema em questão. Observou-se a necessidade de estudar o tema para esclarecer a ampliação do campo de atuação do fisioterapeuta bem como apresentar os objetivos da fisioterapia não apenas na reabilitação, como também no desenvolvimento de ações voltadas à manutenção da saúde e à prevenção de sequelas. É sabido que a saúde do indivíduo perpassa pela prevenção e tratamento de doenças. Assim, discutir sobre o tema é trazer à luz a necessidade do profissional de fisioterapia tanto na reabilitação, tratamento de sequelas, quanto na prevenção de doenças.

 

 

Palavras-chave: Fisioterapia. Saúde coletiva. Prevenção.

 

 

THE IMPORTANCE OF PHYSIOTHERAPY PROFESSIONAL TOGETHER BASIC ATTENTION

Abstract

 

This research addresses the importance of physiotherapy in Primary Health Care, as a way of preventing diseases. It responds to questions about the importance of the physiotherapy professional in primary care, as well as how the physical therapist works in primary health care. In view of the above, this article aims to analyze the importance of physical therapy in primary and primary care; present the history of physical therapy over the years; description of the performance of the physiotherapy professional, their specialties and their autonomy to act as a health professional; as well as showing the importance of physiotherapy in primary health care. The methodology used was qualitative exploratory research, of bibliographic nature, through analysis of searches on academic websites, electronic journals, official websites and library, books, articles and periodicals that deal with the subject in question. There was a need to study the topic to clarify the expansion of the physiotherapist's field of action as well as to present the objectives of physiotherapy not only in rehabilitation, but also in the development of actions aimed at maintaining health and preventing sequelae. It is known that the health of the individual goes through the prevention and treatment of diseases. Thus, discussing the topic is to bring to light the need for physiotherapy professionals both in rehabilitation, treatment of sequelae, and in disease prevention.

 

Keywords: Physiotherapy. Collective health. Prevention.

 

1 INTRODUÇÃO

A fisioterapia se originou após guerras e um crescimento frequente de acidentes de trabalho que favoreceu o aumento dos índices de mortos e multilados. Isso afetou a força de produtiva nos períodos da revolução industrial e essa situação impôs uma demanda de reinserção dos indivíduos lesionados e mutilados ao “setor produtivo”. Nesse contexto, surgem então os primeiros modelos de centros de reabilitação com caráter curativo e reabilitador, com objetivo de restaurar a capacidade física original e, quando não possível, adaptar para outra função.

No Brasil, a fisioterapia só se tornaria uma profissão de nível superior em 1969, com a publicação do Decreto de Lei no 938/69, nesse período a atuação do fisioterapeuta era apenas destinada às ações reabilitadoras. Iniciou-se uma mudança no perfil do fisioterapeuta com a Resolução COFFITO-10 (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) de 1978 que instituiu um Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional que ampliava a atuação do profissional de fisioterapia para atuação nas promoções da saúde.

Essas mudanças trouxeram novos desafios e responsabilidades para o profissional, sobretudo com a implantação do SUS (Sistema Único de Saúde) com novas possibilidades de atuação.

Diante disso, o fisioterapeuta, além de tratar doenças e suas sequelas, deve atuar na atenção básica, onde o foco é a prevenção e assistência coletiva evitando possíveis complicações. A definição da atuação desse profissional na assistência primária ainda é um desafio por haver pouca experiência acumulada nesse sentido. Todavia, o COFFITO 2008 define como função do fisioterapeuta, oferecer educação, prevenção e assistência coletiva na atenção básica em saúde, assim como planejar, programar, controlar e executar projetos e programas.

O presente artigo busca esclarecer a ampliação do campo de atuação do fisioterapeuta bem como apresentar os objetivos da fisioterapia não apenas na reabilitação, como também no desenvolvimento de ações voltadas à manutenção da saúde e à prevenção de sequelas.

A presente pesquisa busca responder as perguntas: Qual a importância do profissional de fisioterapia na atenção básica? Como atua o fisioterapeuta na atenção primária à saúde?

Testar as hipóteses: profissional de fisioterapia é de grande importância para a promoção da saúde da população; através das políticas curativitas, a fisioterapia visa à melhora corporal cinético funcional e mental da população em todos os níveis de atendimento.

A literatura tem como objetivo geral a busca pela importância da fisioterapia na atenção básica e na atenção primária. Além de apresentar a história da fisioterapia ao longo dos anos descrevendo a atuação do profissional, suas especialidades e sua autonomia para atuar como profissional de saúde, mostrando a relevância do fisioterapeuta junto atenção primária à saúde.

 

2 METODOLOGIA

Considerando a natureza do estudo, e a perspectiva de ter maiores informações sobre a importância da fisioterapia na atenção básica, a metodologia adotada foi qualitativa, realizou-se pesquisa exploratória pelo fato de buscar inicialmente informações teóricas a respeito do tema retromencionado, com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explícito, com a observância do fenômeno em questão.

Quanto aos procedimentos técnicos, elegeu-se uma metodologia de caráter bibliográfico e análise de estudos que ofereceram uma compreensão sobre o tema, por meio de buscas em sites acadêmicos, revistas eletrônicas, sites oficiais (CREFITO e COFFITO) e biblioteca. Foram acessados livros, artigos e periódicos que tratam do tema em questão.

Quanto aos critérios de inclusão, foram selecionados 10 artigos científicos e 3 livros acadêmicos. Os artigos científicos selecionados para o estudo foram retirados de periódicos ou de versões digitais de publicações de revistas científicas, dentre elas estão: Revista FisioBrasil, Ciência & Saúde Coletiva, Revista APS e Revista Salud Publica.

Os artigos científicos foram acessados nas bases de dados Sientific Electronic Library Online (Scielo), site do CREFITO – Conselho Regional de Fisioterapia, página oficial do COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, banco de dados de tcc da Unisul. Utilizando artigos publicados entre o período de 2003 a 2020, acessados entre dezembro de 2019 a dezembro de 2020, buscando títulos de pesquisas científicas que abordassem as atribuições de atuação da fisioterapia ao longo dos anos, bem como a atuação do fisioterapeuta e a relevância do atendimento fisioterapêutico na Atenção Básica á Saúde e seu caráter preventivo. Os 3 livros das áreas de medicina e fisioterapia foram retirados da biblioteca da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) nos períodos entre dezembro de 2019 a dezembro de 2020.

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO

 

3.1 BREVE HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA

 

A fisioterapia é parte integrante dos processos curativos da humanidade desde os primórdios. Rabelatto e Batomé (1999) apresentaram uma abordagem sobre a história da fisioterapia ao longo do tempo. Afirmam que na antiguidade, período que compreende entre 4.000 a.C e 395 d.C, as técnicas fisioterapêuticas eram utilizadas apenas com finalidade de tratar doenças já instaladas, as chamadas “diferenças incômodas”. O tratamento era voltado para a eliminação dessas diferenças. Assim a ação terapêutica era realizada através de técnicas, instrumentos e procedimentos. Sendo o uso da ginástica empregada no tratamento de disfunções orgânicas já instaladas no indivíduo.

Na idade média, aproximadamente entre os séculos IV e XV, a preocupação com estudos na área da saúde voltados para o corpo foi praticamente extinta, visto que, por questões de influência religiosa, o corpo humano, segundo Brito (2011), passou a ser visto como algo inferior, sendo o exercício físico utilizado pela nobreza e clero com o objetivo de aumentar a potência física, ao passo que burgueses e lavradores realizavam exercícios físicos basicamente como diversão.

Assim a finalidade fisioterapêutica muda de aplicação de um período histórico para o outro, passando de curativa, na Antiguidade, para estética e momento de lazer na Idade Média.

Já no Renascimento, período que abrange do século XV ao século XVI, a preocupação com o corpo saudável volta a ser objeto de apreciação, ainda que de forma tímida. Giustina e Vilson (2007) relatam que nessa época é mais notória a preocupação com o tratamento e cuidados do organismo lesado, bem como com a manutenção das condições apresentadas pelos organismos sadios.

Giustina e Vilson (2007) afirmam que na industrialização, ocorrida nos séculos XVIII e XIX, o interesse pelas “doenças incômodas” volta a aparecer, visto que com a crescente produção industrial, aumentaram os casos de doenças diversas.

A classe dominante necessitava da mão de obra do ploretariado e, para tal, os mesmos deveriam apresentar uma saúde basicamente aceitável para gerar lucro através da larga escala de produção. As condições precárias a que era submetido o ploretariado, provocou diversas doenças e epidemias, bem como os acidentes de trabalho. Passa, então, a ser interessante empregar empenhos na descoberta de novos métodos de tratamento de doenças e suas sequelas.

Assim sendo, conforme afirmam Giustina e Vilson (2007), passa-se a empregar na recuperação e tratamento de pacientes, os recursos elétricos, térmicos e hídricos, assim como a aplicação de exercícios físicos que sofreram uma evolução voltada para o tratamento do indivíduo doente.

Com o crescente número de lesados e mutilados na Segunda Guerra Mundial, cresce também a necessidade de tratamento para a reabilitação dos indivíduos que precisavam recuperar as mínimas condições para a retomada da vida social e manutenção da produtividade. Nesse momento surgem as escolas de Cinesioterapia. (GIUSTINA: VILSON, 2007).

Giustina e Vilson (2007), afirmam que no final do século XX, a Fisioterapia é inclusa na chamada "Área da Saúde" e assim evoluiu no decorrer da história, passando a ter seus recursos e configurações de atuação voltadas, quase que exclusivamente, ao atendimento da pessoa doente.

No Brasil, em 1951 é a Universidade de São Paulo (USP) passa a dispor do primeiro curso para a formação de técnicos em Fisioterapia, com duração de um ano em período integral, o curso era ministrado por médicos, tratava-se de um curso paramédico que levou o nome de Raphael de Barros, formando os primeiros fisioterapistas (NOVAES, 1998). O curso era voltado exclusivamente para técnicas de reabilitação de pacientes.

As décadas de 60/70, no campo da fisioterapia, são marcadas por leis que regulamentam a profissão de fisioterapia no Brasil. O Parecer nº 388/63, elaborado por comissão do conselho Federal de Educação, o Decreto-lei nº938 de 13 de outubro de 1969, bem como a Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975, sancionada pelo presidente da república, e o Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, estabelecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFITTO) são um marco legal para a autonomia do trabalho do fisioterapeuta (BOTOMÉ; REBELATTO, 1999, p. 51).

De acordo com Batomé e Rabelatto (1999), o Parecer 388/63 define o fisioterapeuta como auxiliar médico, aqui é de competência do fisioterapeuta realizar tarefas de caráter terapêutico, sendo que a execução dessas tarefas e o desempenho dos profissionais da fisioterapia estavam sujeitos à orientação e responsabilidade do médico.

O Decreto-lei nº938, de 13 de outubro de 1969, decretado pela junta militar que governava o país, que também trata da atuação do fisioterapeuta, foi um avanço no reconhecimento do profissional da fisioterapia no tratamento de doenças. Foi também no ano de 1969, de acordo com Naves e Brick (2011) que a fisioterapia foi reconhecida como curso superior e, para regularizar a atividade do fisioterapeuta, foi criado o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), e foram criados os Conselhos Regionais (CREFITO) conforme a Lei nº 6.316 de 17 de dezembro de 1975, com a função de legalizar e fiscalizar a atividade do fisioterapeuta.

No entanto, foi a partir da década de 80 que a fisioterapia passou a ser entendida como preventiva. Isso significa que a atuação do fisioterapeuta passou a ser fundamental, também, nos processos de prevenção a doenças, assim a atuação do fisioterapeuta vai pra além dos atendimentos nos setores secundário e terciário da saúde.

 

3.2 ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA E SUAS ESPECIALIDADES

 

Conforme o acima mencionado, nota-se que por muitos anos a fisioterapia foi tratada como área da saúde basicamente voltada para a reabilitação e recuperação de lesados. Isso porque em sua origem a fisioterapia foi estabelecida dessa maneira. Embora tenha se estabelecido como reabilitadora, a fisioterapia se fundamenta em diferentes níveis e seus profissionais são capacitados para atuação em diversas áreas.

Barros (2003) afirma que o profissional da fisioterapia trabalha integrando equipes de outros fisioterapeutas, integrando a equipe de outros profissionais de saúde ou mesmo atuando isoladamente. O campo de trabalho, nesse sentido, pode ser clínicas públicas ou privadas, consultórios e hospitais.

O fisioterapeuta está habilitado para atuar em diferentes áreas e segmentos, no exercício de sua profissão. No âmbito clínico, o processo fisioterapêutico inclui diagnóstico cinético-funcional, prognóstico, prescrição, indução do tratamento, reavaliação e alta.

É competência do fisioterapeuta, elaborar o diagnóstico fisioterapêutico compreendido como avaliação físico-funcional, sendo esta, um processo pelo qual, através de metodologias e técnicas fisioterapêuticas, são analisados e estudados os desvios físico-funcionais intercorrentes, na sua estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de detectar e parametrar as alterações apresentadas, considerados os desvios dos graus de normalidade para os de anormalidade; prescrever, baseado no constatado na avaliação físico-funcional as técnicas próprias da Fisioterapia, qualificando-as e quantificando-as; dar ordenação ao processo terapêutico baseando-se nas técnicas fisioterapêuticas indicadas; induzir o processo terapêutico no paciente; dar altas nos serviços de Fisioterapia, utilizando o critério de reavaliações sucessivas que demonstrem não haver alterações que indiquem necessidade de continuidade destas práticas terapêuticas. (Art. 10 Resolução COFFITO 80)

Outra área de atuação do fisioterapeuta é a fisioterapia hospitalar. O tratamento de pacientes hospitalares se dá na enfermaria, unidade de terapia semi-intensiva e unidade de terapia intensiva. Assim, o fisioterapeuta trata pacientes internados na prevenção de complicações respiratórias, neurológicas e motoras durante o processo de internação do paciente no hospital.

O campo de atuação do fisioterapeuta é amplo, com especialidades em diversas áreas. Segundo o COFFITO, a Fisioterapia é uma ciência que busca estudar, diagnosticar, prevenir e reabilitar pacientes com algum distúrbio de movimento ou funcionamento dos sistemas corporais ou órgãos.

Entendemos assim que a atuação do fisioterapeuta abarca uma gama de especialidades em saúde. Deste modo, envolve doenças originadas por trauma, enfermidade ou condição genética, considera ainda, aspectos sociais e psicológicos.

São 15 as especialidades da fisioterapia reconhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), destacam-se: a fisioterapia esportiva, que é de fundamental importância em centros de treinamento esportivo, onde a atuação do fisioterapeuta garante as condições adequadas de saúde física do atleta para que este seja capaz de desempenhar o seu papel e garantir que não haja prejuízo à sua equipe. Aqui o trabalho do fisioterapeuta é tanto de reabilitação como de prevenção.

A fisioterapia aquática, que se vale da água em diferentes usos com o intuito de promover alívio de dores, recuperação respiratória, fortalecimento muscular, entre outros procedimentos, aplicando-se também a esportistas da natação, tanto no tratamento quanto na prevenção de lesões.

A fisioterapia do trabalho que diz respeito ao tratamento, prevenção e manutenção da saúde do trabalhador, sendo aplicada como forma tratamento de qualquer disfunção originária da atividade profissional.

Outras áreas que também abarcam a fisioterapia são a fisioterapia em acupuntura e em quiropraxia. A primeira trata-se da aplicação de acupuntura a problemas musculoesqueléticos, podendo tratar dores e depressão. Já a segunda refere-se à prevenção de doenças ou seu agravamento, bem como à reabilitação física do paciente.

A fisioterapia neurofuncional busca garantir a autonomia de pacientes com limitações físicas ou neuromotoras provenientes de doenças neurológicas ou degenerativas.

A fisioterapia cardiovascular trabalha na recuperação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral, bem como na prevenção e tratamento de portadores de doenças cardiovasculares crônicas.

A fisioterapia respiratória trabalha com técnicas de fortalecimento do metabolismo muscular e diafragma, bem como na oxigenação sanguínea, visando tratar doenças respiratórias e prevenir crises.

A fisioterapia dermato-funcional trabalha principalmente a estética, com técnicas de redução de gordura localizada, cicatrizes, flacidez da pele e estrias, e diversos aspectos relacionados à pele.

A fisioterapia em gerontologia tem o trabalho voltado aos cuidados e atenção a idosos, como forma de garantir qualidade de vida, bem estar e apurar a mobilidade. Nesse tipo de fisioterapia, fica evidenciada a necessidade de um tratamento preventivo contínuo, visto que, pessoas idosas necessitam trabalhar a mobilidade para garantia de uma vida mais autônoma.

A fisioterapia em Oncologia trabalha com assistência a pacientes em tratamento de câncer. Em casos de cirurgia, atua no tratamento pré-operatório preparando o paciente para minimizar os danos, bem como no pós-tratamento da doença.

A fisioterapia traumato-ortopédica e fisioterapia em osteopatia são especialidades que buscam tratar doenças e aliviar dores. A primeira é a mais tradicional, visa acompanhar e tratar disfunções causadas por doenças, traumatismos ou lesões ortopédicas. Já a fisioterapia em osteopatia trabalha com a manipulação musculoesquelética, principalmente na recuperação da postura adequada.

A fisioterapia em saúde da mulher trabalha com as especificidades do corpo feminino. Proporciona a redução de cólicas menstruais, minimiza os sintomas da menopausa, trata a incontinência urinária, alem de preparar o corpo da gestante para o parto, através do desenvolvimento de ginástica íntima. É, portanto um trabalho fisioterapeutico voltado também à prevenção.

Por fim, o COFFITO elenca também a fisioterapia em terapia intensiva, esta se trata de um trabalho realizado em parceria com outros profissionais, visto que trabalha com pacientes que necessitam de acompanhamento contínuo após sofrerem complicações clínicas.

Conforme se observa as especialidades da fisioterapia, nota-se que o profissional dessa área está apto a realizar intervenções clínicas, bem como promover a saúde do paciente através de técnicas de prevenção de doenças. O fisioterapeuta é um profissional da saúde que possui plena autonomia em sua atuação, quer seja individualmente ou coletivamente. Trata-se de um profissional de nível superior que atua em todos os níveis de assistência à saúde, ou seja, na prevenção, promoção e reabilitação da saúde dos indivíduos, ou coletivamente. Tem como objeto primordial de trabalho a saúde funcional, assim o referido profissional exerce o papel de cuidar da saúde com base no desenvolvimento de movimento e função, prevenindo, tratando e reabilitando disfunções e doenças.

 

3.3 AUTONOMIA PROFISSIONAL

 

A regulamentação da profissão do fisioterapeuta ocorre no final da década de 1960 (Dec. Lei 938/69), tendo a criação do conselho (COEFFITO) registrada no ano de 1975 ( Lei 6.316/75). (BARROS, 2003)

Segundo Prati (2000), estes dois documentos foram questionados nas décadas de 80 e 90 pela mais alta corte do país (Representação1053/83), tendo a Suprema Corte frustrado os autores da representação que assegurava aos fisioterapeutas legítima autonomia no desempenho de sua função enquanto profissionais de saúde.

Para falar da atuação do profissional da fisioterapia, não se pode deixar de abranger os entraves que essa tão conceituada profissão sofreu durante a sua trajetória até se firmar como autônoma, plena em liberdade e responsabilidades de suas funções e ações. Sendo assim, apontamos o que entendemos por autonomia, com base nas afirmações de Prati, que afirma ser a autonomia um termo de origem grega cujo significado está relacionado com independência e liberdade. Prossegue com o esclarecimento de que o termo é entendido pela filosofia como um conceito que determina a liberdade do indivíduo em gerir livremente a sua vida, realizando e vivenciando as suas próprias escolhas.

Afirma, ainda, Prati (2000):

A autonomia é, portanto, a condição de uma pessoa ou e um grupo de pessoas que determina e vivencia suas próprias leis. Como a autonomia é uma condição, ela acontece na ação prática e não apenas na consciência dos indivíduos. Sua construção envolve dois aspectos, o de criar e determinar suas próprias leis e a capacidade de colocar em prática. Uma vontade autônoma é uma vontade livre em virtude de sua capacidade de motivação. É a capacidade de se auto- determinar, tendo como base uma lei universal, independentemente das necessidades e dos interesses do indivíduo considerado um ser sensível. Já que se trata de uma lei que a vontade se dá a si mesma como vontade racional, o indivíduo, ao obedecer a ela, respeita o que lhe dita sua própria natureza racional. O termo autonomia estendeu-se aos indivíduos e adquiriu sentidos diversos. O indivíduo autônomo age livremente de acordo com um plano escolhido por ele mesmo da mesma forma como um governo independente administra seu território e define suas políticas. O que distingue os seres humanos é a sua capacidade de raciocinar, sobretudo acerca dos fins da vida. Graças a  essa capacidade, eles podem interrogar-se sobre todos os pontos essenciais, e em participar de como devem viver. Embora esta capacidade seja necessária para ter autonomia, ela não é suficiente. Ninguém possui autonomia, se ele está submetida à vontade de outro.

Diante do exposto, o fisioterapeuta é um profissional que exerce sua profissão de forma autônoma, sendo o exercício de sua profissão livre e independente de outras profissões, atendendo às exigências previstas na Lei 6.316/75, que os amparam.

 

3.3.1 A IMPORTÂNCIA DO FISIOTERAPEUTA NA ATENÇÃO BÁSICA

 

A atenção básica em saúde é o atendimento inicial dos usuários do sistema único de saúde, trata-se da porta de entrada para os demais serviços. É por meio da atenção básica que são organizados os casos e direcionados para os níveis adequados, fazendo fluir os serviços nas redes de saúde.

Atuam na atenção básica diferentes profissionais de diferentes áreas que têm como interesse comum a prevenção de doenças e a promoção de saúde. É nesse contexto que se deve pensar na inserção do profissional de fisioterapia para além da atenção secundária e terciária.

Apesar de comumente atuar na atenção secundária e terciária à saúde, tendo suas atividades profissionais reconhecidas principalmente na reabilitação e recuperação de pessoas lesadas fisicamente, o fisioterapeuta, tem formação acadêmica para atuar também no nível primário de saúde, isto é, na atenção básica, ou atenção primária.

A atenção primária à saúde por muito tempo foi composta basicamente de profissionais da medicina, enfermagem e agentes de saúde. Assim como passou-se a observar a inserção de profissionais da área de saúde bucal.

Com o passar dos anos e com as novas exigências em saúde que visam a prevenção de doenças em variados níveis da saúde do indivíduo, desenvolve-se, também a necessidade da inserção de outros profissionais da saúde na atuação em saúde básica. Com isso, o fisioterapeuta, que já tem formação apropriada para trabalhar em todos os níveis da atenção à saúde, passa a ser um profissional de extrema importância na manutenção da saúde dos indivíduos, bem como na prevenção de sequelas.

Segundo Portes et al (2011), cabe ao profissional de fisioterapia nos direitos da sua atribuição aplicar técnicas e condutas de acordo com seus agravos e patologias associadas à doença, seja ela no papel de reabilitar pacientes com alterações neurológicas, traumato-ortopédico, cardiorrespiratórios ou causados por sequelas decorrentes de acidentes no trabalho ou de cunho domiciliar. No que se refere ao campo de atuação do profissional em Unidade Básica de Saúde, resalva a prática da educação em saúde na comunidade por meio de palestras educativas, aulas e folhetos informativos que priorizam hábitos saudáveis, além de atuar na reabilitação de seus usuários promovendo um modelo curativista à comunidade e ao idoso.

Nesse sentido, Bispo Júnior (2010) elenca duas formas básicas da fisioterapia, são elas, a fisioterapia reabilitadora e a fisioterapia coletiva. O referido autor, exemplifica, por meio de esquema, a utilidade de cada uma das formas da fisioterapia e esclarece importância do segundo modelo em detrimento do primeiro.

A fisioterapia em sua forma reabilitadora, segundo Bispo Junior (2010) restringe-se ao atendimento individualizado, tendo sua atuação centrada em partes específicas do corpo humano lesado, ou seja, restringe-se à reabilitação de vítimas de doenças de trabalho, lesionados por traumas e acidentes, sequelados de doenças isquêmicas ou cerebovasculares e distúrbios do sistema nervoso e periférico.

A atuação do fisioterapeuta na reabilitação reserva-se à cura de enfermidades e à reabilitação de sequelas e complicações, restringindo assim a prática do profissional, ficando este limitado à intervenção nos casos de doenças já instaladas, isto é, o trabalho prevê apenas o controle de danos.

Para Bispo Junior (2010) a fisioterapia como forma de promoção da saúde é representada pelo modelo de fisioterapia coletiva, cujo objetivo é ampliar a prática do profissional fisioterapeuta de modo a englobar a fisioterapia reabilitadora. Desse modo, a atuação do fisioterapeuta engloba tanto o controle de danos quanto o controle de risco.

Observa-se que enquanto a fisioterapia reabilitadora atua no controle de danos, se restringe ao atendimento individualizado, tendo como foco a cura de doenças e a reabilitação de sequelas. Já a fisioterapia coletiva, além de abarcar o controle de danos, atua também no controle de riscos, isto é, atua como forma de prevenção de fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças.

O trabalho em fisioterapia coletiva, visa atender grupos específicos com demandas específicas. Assim, abarca o trabalho voltado à prevenção com grupos que necessitam de um olhar mais atento devido às suas necessidades, dentre eles destacamos o trabalho com diabéticos, idosos, mulheres e crianças.

No caso de pacientes com diabetes, Barros et al, (2012) cita que a diabetes mellitus do tipo ll vem sendo prevalentes na população acima de 30 anos, na qual foram observadas as condutas fisioterapêuticas abordadas na prevenção em cuidados com pés diabéticos, como políticas que abordam a importância em educação em saúde que fala sobre controle e orientação com o diabetes mellitus. O cuidado preventivo com o pé diabético se dá pela limpeza dos pés, vistoriamento e cuidado, massagens plantar, exercícios proprioceptivos, alongamento, caminhada, orientações ao deambular. Embora a diabetes mellitus eleve o índice de amputação no membro inferior os cuidados devem ser coletivos.

Ao analisar o artigo de Barros et al (2012) foi observado o modelo de intervenção e cuidados fisioterapêuticos atuantes no cuidado ao pé diabético, que ocorre devido a baixa capacidade na produção de insulina no organismo ou na baixa absorção de insulina pelo organismo, conserva-se o modelo de tratamento como atividades gerais, alongamento, caminhadas, além da educação em saúde para troca de informações.

Hack et al (2020), relatam sobre hiperdia e a diabetes mellitus, e avaliam os métodos de controle, cadastramento e prevenção na atenção primárias tais como: palestras educativas, incentivo em atividades coletivas buscando uma melhora socioeconômica e cultural na população, além do cuidado com o cuidador.

Referente à prevenção e acompanhamento da saúde de idosos, Bispo Júnior (2010), analisando políticas curativista ao idoso recomenda a presença de atividades lúdicas com exercícios de alongamento, relaxamento, reeducação postural, caminhada e outros, que potencializam a socialização em grupo naquela localidade. Já em pacientes acamados que, por algum motivo, não conseguem chegar a Unidade Básica de Saúde, cabe à equipe multidisciplinar avaliar e oferecer uma avaliação, além de formular um plano de tratamento ou traçar programas de treinamentos funcionais com objetivo da funcionalidade e a facilitação de hábitos de vida diários.

Outro grupo que necessita da fisioterapia na atenção primária, são as mulheres, visto que o período da gestação requer uma atenção especial dos diferentes profissionais de saúde.

A fisioterapia na saúde da mulher segundo Rodrigues et al, (2013) em reflexão sobre o olhar do fisioterapeuta na área da saúde da mulher e a prevenção durante o período de gestação, no qual os métodos abordados foram: orientações que envolvem posturas corporais, alongamento, relaxamento, exercícios que auxiliam o processo no retorno do sangue venoso, exercícios respiratórios para auxiliam no desconforto respiratórios, fortalecimento da musculatura perineal e incentivo da amamentação no período de puerpério, além de promover atividades em grupo com gestantes para facilitar no compartilhamento de informações a fim de troca de experiências , medos e suas expectativas.

Portes et al (2011), relatam que o apoio e a promoção da saúde na mulher se dá através de cuidados com o período de gestação promovendo exercícios de alongamento, relaxamento, exercícios respiratórios e controle da musculatura no assoalho pélvico, além, de informar sobre a importância e beneficio da amamentação para criança e seu desenvolvimento ao decorrer da vida.

A Fisioterapia em Unidade Básica de Saúde não se reporta somente a reabilitação da patologia em adultos, contudo atividades e condutas pediátricas realizadas em crianças vêm se tornando de grande valia para a promoção da saúde através do controle de infecções respiratórias ou acidentes decorrentes de algum agravo sofrido.

Embora o número de profissionais fisioterapeutas seja menor que a demanda em UBS, segundo Ribeiro e Flores-Soares (2015), é de suma importância a inserção de um fisioterapeuta em atividades individuais ou em grupo na comunidade, promovendo o bem-estar e a saúde do indivíduo em seu contexto socioeconômico e cultural.

Contudo, segundo Bispo Júnior (2010), apesar do profissional de fisioterapia atuar no processo de reabilitação, é importante o comprometimento com as demais áreas da sua equipe multidisciplinar e outros campos de atuação como arquitetura, urbanismo promovendo uma mudança naquela região. Buscando de forma ativa a promoção da saúde e prevenção de agravos decorrentes de sua moradia, envolvendo a pessoa, família e comunidade.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os aspectos observados, percebe-se que a fisioterapia passou por entraves até se firmar como profissão independente e autônoma. Sua configuração inicial foi sendo alterada ao longo dos anos e sua aplicação adequando-se às necessidades de cada período histórico, até ser reconhecida em todos os seus níveis de atuação.

Nota-se que a autonomia da profissão do fisioterapeuta ganhou atenção após a mudança no perfil do fisioterapeuta outorgado pela Resolução COFFITO-10 (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) de 1978 que instituiu um Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, ampliando assim a atuação do profissional de fisioterapia para que este pudesse atuar também na promoção da saúde.

O presente trabalho buscou mostrar a atuação do fisioterapeuta para além da fisioterapia reabilitadora, apresentando as diversificadas demandas para atuação do referido profissional, dentre as quais pudemos observar a necessidade do fisioterapeuta na atenção primária à saúde como forma de prevenção.

A prevenção de doenças é o melhor caminho para garantir a desobstrução dos sistemas de saúde, sendo assim, a importância do fisioterapeuta na atenção básica é claramente observada pela necessidade de prevenção de doenças da população através de diversos programas que visam atender a grupos específicos com demandas específicas, como saúde do idoso, da mulher, de crianças e diabéticos, garantindo, assim, uma saúde mais aperfeiçoada das comunidades.

 

5 REFERÊNCIAS

 

BARROS, F. B. M. de.  Autonomia Profissional do Fisioterapeuta ao longo da história. Revista FisioBrasil, Brasil, n. 59, p.20-31, 2003.

BARROS, M. F. A;  MENDES, J. C; NASCIMENTO, J. A; CARVALHO A. G. C. Impacto de intervenção fisioterapêutica na prevenção do pé diabético. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/fm/v25n4/a07v25n4.pdf>. Acesso em: 20 de jul 2020.

BISPO JÚNIOR, J. P. Fisioterapia e saúde coletiva: desafios e novas responsabilidades profissionais. Ciência & Saúde Coletiva, Vol 15, 2010.

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- Publicado em Janeiro/2023

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