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Influência dos Riscos Ergonômicos na Acessibilidade do Idoso Cadeirante Residente em Instituição de Longa Permanência-ILPI Imprimir E-mail
Avaliação do Usuário: / 2
PiorMelhor 

HOW ERGONOMIC HAZARDS INFLUENCE THE ACCESSIBILITY OF ELDERLY WHEELCHAIR USER RESIDING IN PERMANENT SHELTERS

 

Trabalho realizado por:

- Pedro Ferreira Reis

Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção – Ergonomia – UFSC
Docente do IESFI - FAFIG
Ms. Em Ergonomia - UFSC
Ddo em Ergonomia - UFSC

Contato: fisioterapeutadotrabalho@hotmail.com


Antonio Renato Pereira Moro

Dr. Biomecânica – UFSC - PPGEP


Cristina Cristovão Ribeiro da Silva
- Integrante da Equipe FisioWeb

Ms. Gerontologia Social – IESFI – PEPG - Gerontologia - PUC-SP


Vera Lúcia Valsecchi de Almeida

Doutora em Ciências Sociais/Antropologia, pela PUC/SP

 

 

Resumo:

Este estudo de caráter descritivo, quantitativo e observacional foi realizado em uma instituição de longa permanência na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, Brasil. A amostra foi estabelecida por 07 idosos cadeirantes com idade entre 64 a 83 anos, do sexo masculino. Os riscos ergonômicos foram verificados e confrontados com a norma NBR 9050 - (Acessibilidade). Na verificação e avaliação do ambiente foram utilizados instrumentos de medição de diâmetro, comprimento, altura e largura, através de uma trena com aferição em cm de 0 a 10 metros. Os registros do comportamento e das imagens foram realizados através de um questionário e fotografias através da máquina digital modelo Sansung MV15 de 10.1 mega pixels. Os resultados apresentaram que 100% dos idosos relataram dificuldades para a realização das necessidades fisiológicas, higiene pessoal e locomoção no corredor e área externa. As dimensões do banheiro foram de 1,35m de largura, 2,50m de comprimento, 2,80 de altura com uma largura da porta de entrada com 0,80 cm e altura do corrimão lateral de 84 cm, lavatório com 72 cm e altura da bacia sanitária com 38 cm. Na área externa foram encontradas barreiras arquitetônicas, como piso irregular e falta de grade de proteção no esgoto. Conclui-se com esta pesquisa que a instituição não atende a NBR 9050, portanto não atende as necessidades psicofisiológicas dos seus usuários, dificultando a locomação deixando-os propensos à fadiga, bem como vulneráveis a quedas e conseqüentemente lesões e infecções. Assim verifica-se a necessidade de uma intervenção ergonômica no local avaliado, tornando-o acessível para que todos os idosos, com limitações temporárias e permanentes, possam se locomover com conforto e segurança.

 

Palavras-chave: Acessibilidade; cadeirante; ergonomia; idoso; quedas

 

 

Abstract

This descriptive, quantitative and observational study was done in a permanent shelter in the city of Foz do Iguacu, Parana, Brazil. The information was collected from 07 elderly men, wheelchair users with ages ranging from 64-83 years old. The ergonomic risks were observed and compared with regulation NBR 9050 - (Accessibility).In the verification and assessment of the environment, instruments were used to measure diameter, length, height and width, using a measuring tape from 00 cm to 10 meters. The behavior records was performed through a questionnaire and the images recorded by a digital camera model Samsung MV15 10.1 mega pixels. The results showed that a 100% of the subjects reported difficulties during tasks such as taking care of personal hygiene, physiological needs and locomotion in the halls and outside area. The bathroom measurements were 1.35 m wide by 2.50 m in length ,the entrance door had a width of 2.80 cm and 0.80 height and side rails of 84 cm, tall ,basin with 72 cm and height of the sanitary bowl with 38 cm .Architectural barriers, such as uneven ground and lack of protective grid in the sewer, were found in the external area. The conclusion of this research was that the shelter does not meet the NBR 9050 regulation, therefore does not meet the needs of its users ,physiological or locomotional leaving them prone to fatigue and therefore vulnerable to falls, injuries and infections. There is need for an ergonomic intervention on the examined site , making it accessible to all elderly people with permanent and temporary restrictions ,giving them mobility from one point to the other in comfort and safety.

 

Keyword: Accessibility, wheelchair, ergonomics, elderly, falls

 

 

1 – INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população mundial não é fenômeno novo. China, Japão e outros países da Europa, além da América do Norte, convivem, há já algum tempo, com um grande contingente de idosos. Entre os 11 países com as maiores populações de idosos, oito pertencem ao grupo de países em desenvolvimento (KALACHE, 1987; NETTO, 2002; RAMOS, 1987). A queda inicial da mortalidade resultou de razões diversamente situadas: urbanização crescente, melhoria nutricional, elevação dos níveis de higiene pessoal e melhores condições sanitárias (tanto nos espaços domésticos, como no trabalho), desenvolvimento de novas tecnologias diagnósticas, de procedimentos terapêuticos e de medicamentos, descoberta de vacinas, dentre outros. Paulatinamente, o perfil epidemiológico da população foi se modificando. Ao invés de processos agudos que “se resolvem” rapidamente (pela cura ou óbito), as doenças crônicas e suas complicações tornaram-se predominantes. A consequência foi o aumento de incapacidades e dependência; aumento que levou à maior utilização dos serviços de saúde. (RAMOS, 1987).No Brasil o números de pessoas com restrições de mobilidade e independência vem crescendo assustadoramente. Pesquisas indicam que aproximadamente 23% da população brasileira, compreendem pessoas idosos ou com algum tipo de deficiência, seja ela temporária ou permanente. Neste ínterim a presença de pisos irregulares, degraus, elevadores, banheiros não adaptados são considerados barreiras arquitetônicas (FREITAG et. al., 2007). A ergonomia exerce um importante papel na acessibilidade, visto que durante a realização do projeto arquitetônico, os princípios ergonômicos são fundamentais para que as construções sejam acessíveis (BINS ELY, 2003; FONSECA e RHEINGANTZ, 2009). Assim quando um projeto não foi construído ergonomicamente acessível, se faz necessário uma intervenção, a qual poderá ser realizada in loco através de entrevistas, questionários, escala de desconforto e observações (MORAES e MONT’ALVÃO, 2005).

Como já foi citado anteriormente, a população idosa no Brasil vem crescendo significativamente, estima-se através dos dados do IBGE que em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com maior número de pessoas idosas (IBGE, 2008). Neste sentido é fundamental proporcionar a esta população ambientes acessíveis sem riscos de acidentes. Pessoas idosas têm uma maior predisposição a quedas, em decorrência das alterações próprias do envelhecimento, de doenças mais comuns, presentes nesta população e também devido a fatores extrínsecos, relacionados ao ambiente, que podem oferecer riscos ergonômicos (BINS ELY et. al., 2001). Assim se torna importante proporcionar uma ambiente livre de barreiras arquitetônicas para todas as pessoas, principalmente aquelas que possuem algum comprometimento físico (NBR-9050, 2004).

 

2 – FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

No processo do envelhecimento ocorrem algumas alterações que podem ser consideradas normais, o que chamamos de senescência e as modificações produzidas pelas inúmeras afecções que podem acometer o idoso, fazem parte da senilidade.

Dentre as alterações normais podemos citar: a osteopenia fisiológica, que é a perda fisiológica progressiva de massa óssea, que se não for acompanhada pode evoluir para a osteoporose; e a sarcopenia, que é o decréscimo da massa muscular. E dentre os músculos que são mais afetados, destaca-se o músculo quadríceps, que em alguns casos ocorre a diminuição de até 50% da sua força, com o passar dos anos, principalmente após os 70 anos.(CHARCHAT-FICHMAN et. al. 2005). Nesta mesma linha de pensamento Wilmore e Costil (2001), citam que o nível de força, sofre alteração com o envelhecimento, devido a diminuição da síntese proteica e fibras musculares, e pode ser ainda mais agravado caso o idoso seja sedentário. Assim é importante alertar que no envelhecimento o nível de força é uma variável importante, visto que com o passar dos anos o seu declínio é eminente, assim é necessário trabalhar o ganho de força muscular com esta população, principalmente se o idoso for cadeirante, pois precisará ter muita força nos músculos dos membros superiores, já que eles são os mais recrutados nesta atividade (VALE.et. al. 2006). Mas é importante alertar as pessoas que trabalham com idosos cadeirantes, ao fato de que exercícios para ganho de força, realizados com os membros superiores, podem elevar os níveis de pressões tanto sistólica com diástólica (McDARDLE, et. al.,1992). Portanto é necessária a realização de uma programa específico para melhora de força de muscular do idoso e se torna notória a importância da acessibilidade, principalmente para a população idosa cadeirante (BINS ELY, 2003 e 2004).

 

3 – RISCOS ERGONÔMICOS E SUA INFLUÊNCIA NA ACESSIBILIDADE

É importante saber que restrição é diferente de deficiência, assim podemos perceber que o envelhecimento é um processo natural do organismo, neste sentido podemos considerar que quando o idoso não possui um ambiente adequado à suas condições físicas, ele poderá estar exposto a riscos, sendo um deles, as quedas. (GERENTE e BINS ELY, 2006; BINS ELY e DORNELES, 2006).

Dischinger et. al. (2006) enfocam que tornar um ambiente acessível a todos, sem restrições, é uma tarefa extremamente complexa e difícil, mas necessária. Assim nota-se um avanço significativo de locais acessíveis no Brasil, pois a acessibilidade está cada vez mais presente no mundo contemporâneo, a qual proporciona a locomoção das pessoas com limitações temporárias ou permanentes, com conforto e segurança.

Bins Ely e Cavalcanti (2001) alertam os projetistas de ambiente para a população de idosos, visto que segundo estes mesmos autores a necessidade de locomoção é um fator importante a ser considerado, para que assim esta população não corra risco de acidentes, respeitando suas condições biomecânicas e antropométricas. Estes mesmos autores alertam que a altura da bacia sanitária ou qualquer banco que venha ser utilizado pelo idoso deve ter uma altura mínima de 45 cm. Para que o esforço físico seja diminuído. Nesta mesma linha de pensamento Zinni e Pussi (2006), comentam que pessoas idosas têm uma predisposição a quedas, as quais poderão ser oriundas de fatores intrínsecos, envolvendo as alterações no organismo em função do próprio envelhecimento e extrínsecos as quais estão ligadas a fatores ergonômicos, envolvendo todo o ambiente, destacando o acesso aos banheiros, corredores e rampas. Confirmado por Fréz (2003) o qual afirma que as quedas podem ocorrer em função da senescência, da senilidade, as quais podem ser agravadas pelos riscos ergonômicos, os quais devem ser corrigidos imediatamente.

E como já foi mencionado anteriormente, é muito relevante saber que durante o processo de envelhecimento o ser humano passa por uma transformação fisiológica significativa, atingindo principalmente o sistema locomotor, visão, resistência e equilíbrio (SANTOS e ANDRADE, 2005 e GHYTON, 2002). Assim estes mesmos autores alertam que esta população necessita de uma atenção especial. E isto merece um destaque, alertando que as barreiras arquitetônicas oriundas de um projeto mal elaborado poderão comprometer a saúde do idoso, deixando-o propenso a escorregões e quedas em função da diminuição do equilíbrio e deslocamento do centro de gravidade (BINS ELY et. al., 2001; DORNELES, 2006; DORNOLES et. al,2006)).

Em todas as fases da vida humana, se faz necessário o contato com os amigos, proporcionando um bem estar físico e mental, fatores necessários e importantes para o metabolismo fisiológico do ser humano (GUYTON, 2002). Nesta mesma linha de pensamento Dischinger e Bins Ely (2006) ressaltam que para um ambiente ter uma boa acessibilidade espacial, ele deve proporcionar ao sujeito condições de ir e vir com total independência, atuando sempre com conforto e segurança. Estes mesmos autores enfocam ainda que uma boa acessibilidade deva ter uma boa orientação, onde as placas, sinais ou qualquer tipo de informação estejam bem acessíveis; boa condição quanto ao deslocamento, quer seja no sentido horizontal como vertical, destacando as escadas, corredores, rampas e elevadores; e que a comunicação seja ela interpessoal ou na relação homem x máquina, sem que haja a necessidade de um treinamento prévio. E por fim, o uso propriamente dito, onde o usuário quer seja ele sem ou com limitações provisórias ou permanentes, possam ir e vir com conforto e segurança.

 

4 – MÉTODO

Este estudo de caráter quantitativo, observacional e transversal, foi realizado com idosos residentes em uma instituição de longa permanência na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, Brasil. A amostra foi estabelecida por 07 idosos cadeirantes com idade entre 64 a 83 anos, do sexo masculino. Os riscos ergonômicos foram verificados e confrontados com a norma da ABNT NBR 9050, a qual descreve as dimensões adequadas para acessibilidade. Na verificação e avaliação do ambiente foram utilizados instrumentos de medição de diâmetro, comprimento, altura e largura, através de uma trena com aferição em cm de 0 a 10 metros. Os registros do comportamento e das imagens foram realizados através de um questionário e fotografias pela máquina digital modelo Samsung MV15 de 10.1 mega pixels. A intervenção in loco junto a população estudada foi realizada seguindo a proposta de Villarouco (2007) onde primeiro foi verificado o ambiente e posteriormente, verificada a percepção do idoso cadeirante em relação ao seu ambiente, confrontando os resultados com as dificuldades e constrangimentos.

 

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Figura 01 – Dimensões e acessibilidade do Banheiro Masculino

 

A figura 01 descreve as dimensões do banheiro com 1,35m de largura, 2,5m de comprimento, 2,80 de altura, uma largura da porta de entrada com 0,80 cm e altura do corrimão lateral de 84 cm, lavatório com 72 cm e altura da bacia sanitária com 38 cm, ficando evidente o não atendimento a NBR 9050. E isto pôde ser confirmado pelo depoimento dos sujeitos pesquisados, dos quais 100% relataram dificuldades de utilizar o banheiro para as necessidades fisiológicas em função dos corrimões estarem inadequados e das dimensões pequenas, dificultando a movimentação do idoso em função do uso inadequado da força. Assim esta observação vem ao encontro das afirmações dos autores Santos e Andrade (2005) e Ghyton (2002), os quais relatam que durante o processo de envelhecimento o ser humano passa por uma transformação fisiológica significativa, atingindo principalmente o sistema locomotor, visão, resistência e equilíbrio, comprovando que esta população necessita de uma atenção especial. A altura da bacia sanitária é de 38 cm, a qual dificulta a utilização da mesma, confirmando a afirmação dos autores Bins Ely e Cavalcanti (2001) os quais alertam que a altura mínima da bacia sanitária deverá ser de 45 cm, principalmente para os idosos com alterações musculares, pois esta altura propicia uma diminuição relevante no esforço realizado.

 

 

Figura 02 – Acesso ao interior da casa

 

No interior da instituição existem mais dois acessos, para os idosos. No acesso secundário verificou-se a falta de grade de proteção na calha do escoamento da água, podendo proporcionar um acidente. Se tornando uma barreira arquitetônica considerável, a qual poderá contribuir para o surgimento de um acidente, vindo contra a NBR 9050. Confirmado pelos autores Dischinger e Bins Ely (2006), os quais relatam que uma boa acessibilidade espacial no ambiente deve proporcionar ao sujeito condições de ir e vir com total independência, atuando sempre com conforto e segurança.

 

 

Figura 03 – Área externa

 

Na área externa, os riscos ergonômicos mais verificados foram aqueles relacionados ao piso irregular, dificultando a acessibilidade do idoso cadeirante, vindo ao encontro das afirmações dos autores Dischinger e Bins Ely (2006) e Fréz (2003), os quais afirmam que todo sujeito deve ter condições de ir e vir com autonomia, conforto e segurança sem riscos de lesões.

 

 

Figura 04 – Corredor

Quanto a utilização do corredor, percebe-se a existência de um corredor entre os dormitórios do pavilhão, cuja largura era de aproximadamente de 1,80 cm, um corrimão retangular de madeira a 1 metro do solo. Também foi verificada a existência de poltronas no corredor, dificultando a acessibilidade neste local, constituindo uma barreira, confirmando uma falta de acessibilidade. Sendo confirmado pelas afirmações da NBR 9050, a qual cita que todo o acesso de pessoas deficientes, seja ela idosa ou não, com deficiência temporária ou permanente, deverá estar livre de barreiras arquitetônicas ou não.

 

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A presente pesquisa descreveu que durante o processo de envelhecimento o ser humano passa por transformações fisiológicas significativas, dentre elas a diminuição da força muscular. Assim é importante alertar todos os profissionais envolvidos com esta população, para que suas atividades quer sejam laborais, domésticas ou atividades recreacionais/lazer, sejam o mais confortável e seguro possível, principalmente no idoso cadeirante, pois além da limitação física que este idoso possui por ser usuário de cadeira de rodas, o envelhecimento fisiológico contribui para a dificuldade de locomoção.

Conclui-se com esta pesquisa que a instituição de longa permanência pesquisada, não atende a NBR 9050, portanto não satisfaz as necessidades psicofisiológicas dos idosos, fazendo com que tenham um maior desgaste físico e fadiga muscular durante a realização das atividades, aumentando assim o risco de sofrerem quedas e consequentemente lesões e infecções. Assim verifica-se a necessidade de uma intervenção ergonômica no local avaliado, tornando-o acessível para que todos os idosos, com limitações temporárias e permanentes possam utilizar o banheiro com conforto e segurança. Destacamos nesta pesquisa a análise ergonômica do banheiro, já que este é um local onde o idoso recorre várias vezes ao dia e segundo PERRACINI(2002), é o local de maior índice de quedas entre a população idosa.

 

 

7 – REFERÊNCIAS

 

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Obs:

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- Publicado em 18/08/2010.


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