Inclusion of Slump Test and Test of Rise of the Straight Leg line as criterion of functional kinetic functionary
Trabalho realizado por: Alexandre Gonçalves de Meirelles Michel Roza Federico Felipe Borges. André Brandão Rodrigo Viana
*Acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro.
Orientado por:
Prof. Ricardo N. Pacheco - Curso de Fisioterapia da Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro.
Resumo
Este estudo tem como principal objetivo mostrar a importância do slump test e teste de elevação da perna reta como critérios de avaliação cinético-funcional, através de pesquisa de campo. Tendo em vista que muitos profissionais de fisioterapia tratam seus pacientes com foco apenas em disfunções musculares e articulares, decidimos realizar esse trabalho a fim de demonstrar a importância de se avaliar o sistema nervoso antes de elaborar um tratamento fisioterapêutico. A pesquisa foi realizada na clínica escola de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá, em que todos os seus estagiários foram submetidos ao slump test e ao teste de elevação da perna reta, somando vinte e quatro ao total. Dezenove estagiários obtiveram resultado positivo ao slump test, e cinco tiveram resultado negativo.
Palavras Chave: Slump Test, Elevação da Perna Reta, Sistema Nervoso.
Abstract
The main objective of this study is to show slump test and straight-leg raising importance as evaluation criteria kinetic-functionary, through field research. In view of that many professionals of phisioterapy treat its patients with focus only in muscles and joints’ pathologies, we decide to carry through this work in order to show the importance of evaluate the nervous system before to elaborate a plan of treatment. The research was carried through at Estácio de Sá University phisioteraphy clinic, where all its trainees of phisioteraphy (24 trainees) had been submitted to slump test and the straight-leg raising. Nineten trainees had gotten slump test positive, and five had gotten negative.
Keywords: slump test, straight-leg raising, neural system.
Introdução
Nos últimos anos muitos fisioterapeutas voltaram-se para o sistema nervoso buscando respostas para os mecanismos subjacentes a sinais, sintomas e melhores tratamentos de determinadas patologias do sistema músculo-esquelético, os tratamentos como base na mobilização do sistema nervoso foram desenvolvidos e continuam evoluindo como base em relatos, observações clínicas e pesquisas experimentais. O uso dos testes de tensão neural é em grande parte uma abordagem das mobilizações do sistema nervoso. O objetivo de se usar esses testes em avaliação é para estimular mecanicamente e mover os tecidos neurais para se obter uma noção de sua mobilidade e sensibilidade aos stresses mecânicos. Na presença de anormalidade o propósito do tratamento através desses testes é de recuperar sua função mecânica e fisiológica¹. Shacklock² apresentada um conceito de neurodinâmica com o objetivo de facilitar a inclusão da fisiologia no tratamento mecânico do sistema nervoso. A neurodinâmica é a interação entre a mecânica do sistema nervoso e a fisiologia. Na ausência de outros fatores, a mecânica normal e a função fisiológica permitirão movimentos e posturas livres de dor. Em condição patológica, a mecânica e a fisiologia alteradas podem interagir, resultando em lesão das estruturas neurais esse conjunto dá-se o nome de “patologia dinâmica”. O sistema nervoso se adapta aos movimentos através de suas propriedades mecânicas (movimento e tensão) ao mesmo tempo que realiza sua função principal que é a de transmissão de impulsos. Para a união desses dois aspectos mecânico e fisiológico, foi introduzido um termo denominado neurodinâmica. Quando ocorre uma lesão local todo o nervo fica comprometido, provavelmente pela diminuição do fluxo axoplasmático (além do efeito mecânico de má distribuição de tensão ao longo do nervo). O nervo fica susceptível a lesões em outros locais. Esse fenômeno é conhecido como doublé crush, A lesão implica em alterações das funções do nervo. A alteração da condução elétrica implica em distúrbios sensoriais (dor, parestesias), motores (distonias, fraqueza) e autonômicas (vasomotoras, pilomotoras). A alteração do fluxo axoplasmático implica em disfunções tróficas e inflamação (inflamação neurogênica) dos tecidos inervados. Portanto, uma lesão nervosa implica em alterações de suas propriedades mecânicas e fisiológicas, alterando sua nerodinâmica, que por sua vez, sustentam ou agravam a lesão. Tais lesões podem resultar em disfunções nas estruturas que recebem sua inervação¹. O teste de elevação da perna estendida é um dos principais testes de tensão no qual muitas informações podem ser descobertas desde um problema discogênico lombar que pode estar interferindo na biomecânica do sistema nervoso. O SLR é rotina para todos os sintomas da coluna e da perna visto que ele testa aspectos do mecanismo do sistema nervoso³. O slump test pode ser aplicado a todas as condições que apresentam um comprometimento mecânico/fisiológico do sistema nervoso. Para se verificar a presença desse comprometimento, uma avaliação específica deve ser realizada. Encontramos esse comprometimento em muitas disfunções comumente vistas na prática (e freqüentemente mal diagnosticadas), como neuropatias compressivas dos membros superior ou inferior, como túnel do carpo, radiculopatias, síndrome da saída torácica, compressões do nervo isquiático, e outras²,³. A dor pode ser definida como uma experiência subjetiva que pode estar associada a dano real ou potencial nos tecidos, podendo ser descrita tanto em termos desses danos quanto por ambas as características. Independente da aceitação dessa definição, a dor é considerada como uma experiência genuinamente subjetiva e pessoal. A percepção de dor é caracterizada como uma experiência multidimensional, diversificando-se na qualidade e na intensidade sensorial, sendo afetada por variáveis afetivo-motivacionais4. Este estudo tem como objetivo comprovar a importância do slump test, confrontando com o teste de elevação da perna reta e o teste de elevação da perna reta acrescida de dorsiflexão do tornozelo, podendo assim melhorar o padrão de avaliação e diagnóstico diferencial das vias específicas da dor. Tendo em vista também relatos de pacientes, este estudo visa a melhora da avaliação e atendimento fisioterápico, já que muitos dos pacientes com dor irradiada apresentam um comprometimento neural .
Material e Métodos
Este estudo foi realizado utilizando 24 voluntários de ambos os sexos, todos estagiários da Clínica Fisiobispo (assintomáticos) do segundo semestre de 2006. Foram realizados testes de elevação da perna reta, elevação da perna reta com dorsiflexão e slump test, unilateral no membro inferior esquerdo, em todos os estagiários, foram anotados os parâmetros de dor e goniometria do quadril durante o teste de elevação da perna reta e parâmetros de dor durante o slump test em todos os seus níveis, relatados pelos mesmos. Como metodologia de avaliação dos resultados, foi empregada análise através do goniômetro carci, fita métrica fiber glass e divã clínico.
Resultados
Durante a realização do teste de elevação da perna reta encontramos os seguintes parâmetros: Dentre os 24 pacientes testados, foi encontrado dor em queimação em 6 pacientes nos graus 15, 45, 50, 52, 70, 76, sendo que não foi observada predominância em nenhum grau, sendo que 4 pacientes sentiram dor em oco poplíteo, 1 em região posterior de coxa e 1 na região da panturrilha. A seguir o gráfico demonstrativo.
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Gráfico 1 – Dor em queimação |
Dentre os 24 pacientes testados, foi encontrado dor em alongamento em 18 pacientes, nos graus variando entre 45º e 115º, com predominância entre 60 e 90 graus, sendo 8 pacientes com dor em região posterior de coxa, 2 com dor em região de oco poplíteo, 5 com dor na região posterior de coxa e região de oco poplíteo, 1 com dor em região da panturrilha, 1 com parestesia no pé e 1 com parestesia no pé e dor na região do glúteo máximo. Segue abaixo o gráfico demonstrativo.
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Gráfico 2 – Dor em alongamento |
Foi realizado o Slump Test nos mesmos 24 pacientes, e encontramos os seguintes resultados demonstrados no gráfico abaixo:
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Gráfico 3 – Slump Test |
Durante o Slump Test, foram utilizados os seguintes critérios de avaliação: dorsiflexão do tornozelo, extensão do joelho e flexão cervical, dos quais 23 pacientes apresentaram dor predominante em região posterior de coxa e/ou oco poplíteo, sendo que 1 apresentou dor em região da panturrilha e na região toráxica com paresteia na ponta do pé; dorsiflexão de tornozelo, extensão de joelho sem flexão cervical, sendo que 23 diminuiram os sintomas, embora alguns associados com outras alterações e 1 apresentou discreta dor em alongamento; extensão de joelho, com flexão cervical e sem dorsiflexão de tornozelo 20 diminuiram os sintomas e 5 apresentaram outras alterações. Dentre estes, 13 apresentaram dores em queimação durante o slump test e 11 apresentaram dor em alongamento (esses parâmetros estão evidenciados nos gráficos abaixo ).
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Gráfico 4 – Dorsiflexão de tornozelo, extensão de joelho e flexão cervical |
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Gráfico 5 – Dorsiflexão de tornozelo, extensão de joelho sem flexão cervical |
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Gráfico 6 – Extensão de joelho com flexão cervical e sem dorsiflexão de tornozelo
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Discussão
Para se obter um diagnóstico preciso no Slump Test alguns itens devem ser observados como: relato do paciente onde todas as informações são de extrema relevância, observação das respostas encontradas no Slump Test como por exemplo dor na coluna toráxica em região de T8 e T9 durante a flexão cervical, limitação de movimento e dor na região dos ísquiostibiais e oco poplíteo assim como restrição do movimento de extensão de joelho durante o teste, lembrando que a dor na região de oco poplíteo provavelmente está correlacionada a um comprometimento neural já que estruturas musculares não passam por essa região, o teste de tensão positivo não necessariamente indica uma desordem mecânica no sistema nervoso, há probabilidade de alteração na microcirculação e pressão dos tecidos em torno do sistema nervoso. Durante o teste de elevação da perna reta uma reclamação muito comum é dor ou estiramento posterior ao joelho ou no ventre dos músculos posteriores de coxa, alguns reclamam de uma queimação sobre a articulação tíbio fibular superior, levando em consideração que não existem estruturas de músculo neste ponto, esta desordem é dada por uma tensão neural adversa. As respostas normais deste teste variam amplamente. Prentice8 sugeriu que o arco de movimento normal deste teste ficaria entre 50º e 120º, lembrando que existe um grupo de indivíduos com frouxidão ligamentar que apresentariam uma angulação maior. As 3 principais áreas de sintoma em indivíduos normais são a coxa posterior, joelho posterior e panturrilha posterior³. Segundo Cipriano5, o teste tem como fundamento alongar o nervo ciático e raízes nervosas espinhais, definindo os resultados em graus. Entre 70 e 90 graus de flexão de quadril, será suspeita de dor articular lombar. Entre 35 e 70 graus, ocorre uma suspeita de irritação das raízes nervosas do ciático. E entre 0 e 35 graus, ocorre uma possível compressão do nervo ciático causada por uma compressão do músculo piriforme7. Durante os testes foram observados também os tipos de dor que os pacientes relataram, Magge6, porém os pacientes correlacionaram a dor em alongamento como sendo dor de câimbra surda indistinta.
Conclusão
De acordo com os dados obtidos na pesquisa utilizando o slump test acrescido do teste de elevação da perna reta, correlacionando com as tabelas e gráficos citados no artigo, criando, assim, uma seqüência básica de avaliação, é possível definir o tipo e origem de lesão neural e os locais de tensão, proporcionando ao fisioterapeuta um diagnóstico mais preciso para um tratamento mais eficaz, lembrando que um teste de tensão positivo não necessariamente indica uma desordem mecânica do sistema nervoso, estas podem ser causadas por uma desordem fisiológica sem alterações estruturais. É importante realizar uma anamnese completa dando valor às sintomatologias descritas pelo paciente assim como uma avaliação criteriosa seguindo os modos tradicionais como, por exemplo, avaliação clínica, palpação do tecido neural, avaliação neurológica e de exames complementares para melhor fechar um diagnóstico preciso.
Referências
1. MARINZECK, S. Mobilização neural – Aspectos Gerais. Revista Terapia Manual, 2005.
2. SHACKLOCK, M. Clinical application of neurodynamics. in: Shacklock M. (ed) moving in on pain, butterworth-heinemann, Sydney: 123 -131. 1995.
3. BUTTLER, David. Mobilização do sistema nervoso. São Paulo: Manole. 2003.
4. SOUSA, Fátima A. E. F. Dor: o quinto sinal vital. Revista Latino - Americano de Enfermagem, v. 10, n. 3. Maio/jun. Ribeirão Preto. 2002.
5. CIPRIANO, Joseph J. Manual fotográfico de testes ortopédicos e neurológicos. 3. ed. São Paulo: Manole. 2000.
6. MAGEE, David J. Avaliação músculo esquelética. 4. ed. São Paulo: Manole. 2005.
7. DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI Carlos Américo. Anatomia sistêmica e segmentar para o estudante de medicina. 2. ed. São Paulo: Atheneu. 2002.
8. WILLIAN E. Prentice. Técnicas de reabilitação em medicina desportiva. 3. ed. São Paulo: Manole. 2002.
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 10/12/2010.
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