Trabalho realizado por:
Andrielle Guimarães Rodrigues. Letícia Alves Fonseca.
Graduandas do 7° Semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia - UNAMA.
Contato: leti_fonseca@yahoo.com.br
Orientadora:
Prof ª. Glauce Aguiar.
Universidade da Amazônia - UNAMA.
Resumo
Introdução: O Pará registra em média, 3.000 novos casos de tuberculose por ano. Com uma incidência média de 47 ocorrências para cada 100 mil habitantes, o Pará é considerado como área endêmica. Objetivo: Caracterizar a população portadora de tuberculose na unidade de saúde do Jurunas no período de janeiro a dezembro de 2006. Métodos: O presente estudo é um ensaio clínico retrospectivo de caráter quantitativo, com análise de dados epidemiológicos de tuberculose da unidade de saúde do Jurunas no período de janeiro a dezembro de 2006, caracterizando esta população quanto ao sexo, idade, forma clínica apresentada, percentual de abandono do tratamento e incidência de casos. . Resultados: os resultados aqui encontrados indicam que a tuberculose acomete na mesma proporção ambos os sexos, na idade de 20 a 40 anos sendo a forma clínica predominante a tuberculose pulmonar positiva. Apresentado um elevado índice de cura. Conclusões: Os dados obtidos indicam que ainda há a necessidade de intervir com uma ação preventiva e educativa para esta população, modificando o conviver do indivíduo (moradia, alimentação, educação, formas de produzir, transporte, lazer, etc.) podem por si só alterar as condições de transmissão e, portanto, modificar a tendência.
Descritores: Tuberculose, sexo, idade, forma clínica.
1- Introdução
A incidência da doença no Brasil é de 129 mil casos por ano, dos quais apenas 90 mil são notificados e o coeficiente de mortalidade é de 3,5 por 100 mil.1.
O Pará registra em média, 3.000 novos casos de tuberculose por ano. Com uma incidência média de 47 ocorrências para cada 100 mil habitantes, o Pará é considerado como área endêmica 2.
Em 2005, foram registrados 1.140 casos de Tuberculose em Belém, o que representa 46% dos casos em todo o Estado do Pará. A Unidade da Pedreira foi a que mais notificou - 70 casos da doença -, seguida pela Unidade do Jurunas com 68 casos, e em seguida a do Guamá, com 58 casos. O elevado número de registros da doença nestes bairros se deve ao alto índice de pobreza 3.
A tuberculose é uma doença infeciosa crônica causada por várias espécies de bactérias álcool-ácido-resistentes do gênero Mycobacterium. A forma clínica mais freqüente da doença é a tuberculose pulmonar, causada pelo M. tuberculosis (bacilo de Koch). O bacilo de Koch é uma bactéria extremamente pequena e resistente em forma de bastonete. Pode viver em condições de aridez por meses seguidos e consegue resistir a desinfetantes de ação moderada 4.
A única via de importância na transmissão da tuberculose é a via aérea onde a pessoa aspira bactérias expelidas pelo doente. Ao tossir, espirrar e falar, o doente expele milhares de gotículas, cada uma das quais contém de um a quatro bacilos, capazes de permanecer várias horas em suspensão no ar. Uma pessoa que inala essas gotículas pode ser infectada. Após o contágio, forma-se nos pulmões um foco de infecção de natureza exsudativa. Surgem assim, como reação do organismo ao bacilo, as lesões microscópicas que dão nome à doença: os tubérculos, formados por um núcleo de células e tecidos mortos destruídos pelas bactérias e rodeados por células fagocitárias de defesa e por uma zona externa de tecido fibroso 5.
Objetivo
Caracterizar a população portadora de tuberculose na unidade de saúde do Jurunas no período de janeiro a dezembro de 2006.
Método
Após a autorização de acesso aos arquivos epidemiológicos da unidade de saúde, foi realizada a coleta de dados referente ao período de janeiro a dezembro de 2006 de pacientes portadores de tuberculose, atendidos ambulatorialmente na unidade de saúde do Jurunas. Através da coleta e análises destes dados foram estabelecidas associações entre os diversos indicadores epidemiológicos, caracterizando esta população quanto ao sexo, idade, forma clínica apresentada, percentual de abandono do tratamento e incidência de casos.
Análise estatística - o presente estudo é um ensaio clínico retrospectivo, de caráter quantitativo. Os dados da pesquisa foram organizados em tabelas e gráficos com o auxílio do computador o software Excel, versão 2.0 (MICROSOFT, 2003).
Resultados
Os dados sobre a incidência da tuberculose por sexo e idade, tipos de alta e forma clínica da doença no período de janeiro a dezembro de 2006, são representados em tabelas e gráficos respectivamente.
Tabela 1 – Distribuição da incidência de tuberculose em relação ao sexo e idade da unidade de saúde do jurunas.
Mês
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Idade (anos) Sexo
0-20 20-40 40-60 >60 Homem Mulher (18) (64) (44) (13) (72) (67)
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Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
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1
1
3
1
0
1
3
3
2
1
1
1
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7
3
5
4
4
9
3
6
5
6
6
6
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6
1
3
5
4
4
4
4
3
2
5
3
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0
2
1
1
3
0
1
0
1
2
1
1
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8
4
5
7
6
9
7
7
6
5
3
5
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6
3
7
4
5
5
4
6
5
6
10
6
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Tabela 2 – Formas clínicas verificadas com a baciloscopia
Mês/Ano 2006
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Tuberculose
Pulmonar
positiva
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Tuberculose
Pulmonar
negativa
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Tuberculose
Pleural
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Tuberculose
Ganglionar
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Forma Clínica não identificada
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Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
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14
7
7
10
11
13
11
12
7
10
11
8
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0
0
4
0
0
0
0
0
3
0
1
2
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0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
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0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
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0
0
1
1
0
0
1
0
0
1
0
0
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Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de alta dos pacientes portadores de tuberculose na unidade do jurunas, janeiro-dezembro/2006.
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Discussão
Os dados envolvendo os casos de tuberculose por sexo e idade no período de janeiro a dezembro de 2006, são apresentados na tabela 1. Dentro do período analisado foram verificados 139 casos da doença, 72 foram indivíduos do sexo masculino e 67 do sexo feminino, numa proporção de uma para um. Quanto a idade a maioria dos pacientes (64) que apresentaram tuberculose estava na faixa etária entre 20 e 40 anos.
Arcêncio et al (2004), no estado de São Paulo em 2004, constatou maior número de internações para o sexo masculino (84%). Em relação à idade, quando se faz uma análise proporcional ao sexo, observa-se tanto no sexo feminino e masculino o aumento no número de internações na idade produtiva, entre os 15 e 59 anos. Esses dados não diferem do Brasil com um todo, em que as internações ocorrem mais no sexo masculino, na idade produtiva, observando-se que entre 40 a 44 anos ela chega ao pico.
Em relação às formas clínicas dos pacientes portadores de tuberculose com a baciloscopia na tabela 2 no ano de 2006. Ocorreram 121 casos de tuberculose pulmonar positiva, 10 casos de tuberculose pulmonar negativa, 2 casos de tuberculose pleural, 2 casos de tuberculose ganglionar e 4 casos cuja forma clínica não foi identificado.
Obadia (2006), constatou que no estado do Pará foram registrados 2.747 novos casos notificados de todas as formas e 1.878 da forma pulmonar positiva, sendo que do total de casos novos 1.539 encontram-se nos municípios prioritários.
Severo e Leite (2005), em um estudo constataram que a tuberculose pulmonar foi predominante ocorrendo em 93,9% dos casos seguidos de extra-pulmonar em 5,2 % e um caso de forma mista.
No gráfico 1 está representado os tipos de alta dos pacientes portadores de tuberculose. 71 pacientes apresentaram índice de cura, 11 foram transferidos, 2 foram a óbito, 36 abandonaram o tratamento e 18 continuam o tratamento.
Obadia (2006) confirma, ainda, que o percentual de cura no Estado está em torno de 63,44% e o abandono de tratamento em 8,30%. As metas preconizadas pelo Ministério da Saúde, principalmente no que se refere à cura, mínimo de 85% até 2007, e diminuição do abandono de tratamento para menos de 5% ao ano", explica.
OMS (2007) relata que apenas alcançando as metas de detecção de no mínimo 70% dos casos de tuberculose e cura de 85% destes casos é que o controle da doença realmente se dará e suas taxas começarão a diminuir gradativamente em 5% ao ano.
Conclusão
Foi verificado um elevado índice de cura correspondendo à maioria (71) dos pacientes e apenas 2 óbitos. Indicando que o serviço de saúde local está atendendo satisfatorimente ao programa de tuberculose na obtenção de bons resultados.
Houve um predomínio de tuberculose diagnosticada em ambos os sexos, na faixa etária de 20 a 40 anos, sendo a forma clínica da tuberculose pulmonar positiva predominante. Indicando que ainda há a necessidade de intervir com uma ação preventiva e educativa para esta população, modificando o conviver do indivíduo (moradia, alimentação, educação, formas de produzir, transporte, lazer, etc.) podem por si só alterar as condições de transmissão e, portanto, modificar a tendência da tuberculose.
Referências
01- SILVA, CL. Tuberculose. A Revista do médico, São Paulo. 2002, 16: 22 – 23, setembro/outubro 2002.
02- OBADIA, S. Controle da Tuberculose no Pará. 2007, Disponível em: http:/www.pa.gov.br/noticias. Acessado em: 06/05/2007.
03- TUBERCULOSE. Sesma faz combate à tuberculose. 2006, Disponível em: http://www.belem.pa.gov.br/app/paginas/noticia. Acessado em : 14/05/2007.
04- Encyclopaedia Britannica do Brasil – Barsa
05- PAIVA, DC; NASCIMENTO, ES. Histórico da Tuberculose e Fatores associados aos tratamentos inadequados de tuberculoses multirresistentes, 2005. Disponível em: http://www.wgate.com.br/fisioweb/variedades.asp. Acessado em 04/05/2007.
06- ARCÊNCIO, RA; OLIVEIRA, MF; VILLA, TCS. Internações por tuberculose no Estado de São Paulo no ano de 2004. Revista Ciência Saúde Coletiva, Rio de Janeiro. 12 (2): março-abril, 2007.
07- SEVERO, NPF; LEITE, CQF. Caracterização da população portadora de tuberculose do município de Américo Brasiliense/ SP, no período de 1992 a 2002. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, São Paulo. 26 (1), 83-86: 2005.
08- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÙDE. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude. Acessado em 15/05/2007.
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seus autores.
- Publicado em 14/06/07.
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