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Efeitos da Mobilização Neural sobre a Amplitude Articular em Pacientes Hemiplégicos Imprimir E-mail
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Effects os Mobilization on Neural joint Range of hemiplegic Patients.


Trabalho realizado por:

Marcela Benício Sousa.

Aluna de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista.

Contato: marcelabenicio@hotmail.com

 

Orientadores:

Xisto Sena Passos.

Professor Doutor em Medicina Tropical. Professor Titular do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Goiânia – GO

Kliver Antônio Marin.

Professor Mestre em Ciências Veterinária. Professor Adjunto do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista, Campus Flamboyant, Goiânia – GO.

 

Resumo

Introdução – O Acidente Vascular encefálico (AVE) consiste em uma das maiores causas, entre as doenças cerebrovasculares, de mortalidade e morbidade. Cerca de 90% dos pacientes que sobrevivem ao AVE adquirem seqüelas, como a espasticidade, que vem a comprometer a qualidade de vida. Vários recursos terapêuticos têm sido utilizados no tratamento da espasticidade e de outros déficits motores em pacientes hemiplégicos.

Objetivos – O objetivo deste estudo consiste em verificar os efeitos da mobilização neural sobre a amplitude articular de pacientes hemiplégicos, portadores de espasticidade.

Métodos
– Quatorze pacientes hemiplégicos, atendidos na clínica escola da Universidade Paulista – UNIP, campus Flamboyant, foram submetidos à aplicação da técnica de mobilização neural em slump para posterior verificação dos efeitos da mesma sobre a amplitude articular.

Resultados – Pode se observar a melhora na amplitude de movimento no membro superior plégico dos pacientes.

Discussão - A mobilização neural proporciona a extensibilidade e relaxamento das estruturas mioneurais que refletem na espasticidade e amplitude de movimento articular.

Considerações finais – A técnica de mobilização neural em slump consiste em uma técnica que pode contribuir no tratamento de pacientes hemiplégicos para a melhora da amplitude articular de movimento do membro comprometido com a espasticidade.

Descritores: Acidente Vascular Encefálico, hemiplegia, espasticidade, amplitude articular de movimento.

Abstract

Introduction
-Stroke is one of the biggest causes of cerebrovascular diseases that cause morbidity and mortality. About 90% of patients who survive stroke have sequels, such as spasticity, which compromises the quality of life. Several therapeutic methods have been used in the treatment of spasticity and other motor deficits in hemiplegic patients.

Objective - The purpose of this study is to assess the effects of neural mobilization on the range of motion of hemiplegic patients, patients with spasticity.

Methods - 14 hemiplegic patients of the clinic school of Paulista University - UNIP, flamboyant campus, underwent application of neural mobilization technique slump for later verification of the same effects on the range of motion.

Result - Can be observed gain range of motion in the upper limb plegic patients.

Discussion - The neural mobilization provides the extensibility and relaxation of myoneural structures that reflect the spasticity and range of motion.

Final Thoughts
-The technique of neural mobilization consists of a slump in technique that may contribute to the treatment of hemiplegic patients in improving range of motion of the member committed to spasticity.

Descriptors: stroke, hemiplegia, spasticity, range of motion.

Introdução

No Brasil, observa-se um acentuado aumento de morte e morbidade em conseqüência de doenças cerebrovasculares, dentre as quais, destaca-se o Acidente Vascular Encefálico (AVE) como uma das maiores preocupações da atualidade, sendo esta, a primeira causa de óbito neste país. Segundo Soriano e Baraldi, nas patologias cerebrovasculares, cerca de 90% dos sobreviventes manifestam algum tipo de comprometimento podendo levar à incapacidade, dependência funcional e, por consequência, prejuízo na qualidade de vida. Estas doenças representam ainda um grande custo em termos socioeconômicos devido a alta incidência e prevalência dos quadros de incapacidade, representando para o sistema brasileiro de saúde em torno de 8,2% das internações e 19% dos custos hospitalares do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS).

Dentre as principais consequências do AVE podem ser mencionadas as seguintes: diminuição da força muscular do lado oposto ao hemisfério afetado; alterações sensoriais; hemiparesia/plegia e hemiparestesia; disartria; disfasia; afasia; apraxia; perda da visão em metade do campo visual e Meneghetti, acrescenta que dentre as principais alterações provocadas pelo AVE no funcionamento motor estão as alterações do tônus, as manifestações de reações associadas e perda do controle postural. Não obstante, de acordo com Minutoli, o comprometimento do neurônio motor superior provocado pela patologia, leva à espasticidade a qual influência de modo significativo a reabilitação destes indivíduos e dificultando os ganhos na função.

Há de se falar que a espasticidade é uma das complicações do AVE podendo ser definida por um aumento do tônus muscular diretamente proporcional à velocidade de estiramento das fibras musculares, associado ao aumento dos reflexos profundos provocado pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento. Acredita-se que sua fisiopatologia não é completamente esclarecida. A base patológica da espasticidade fundamenta-se na perda ou desestruturação do mecanismo de controle supra-espinhal em que todos os elementos que descendem da inervação supra-espinhal recebem dupla influência eferente, ativadora ou inibitória, por consequência, surge um aumento dos reflexos polissinápticos ou redução na atividade das vias inibitórias pós-sinápticas e no mecanismo de inibição pré-sináptico.

Clinicamente a espasticidade pode se manifestar pelo aumento do reflexo de estiramento, clônus, sinal de canivete, hipereflexia tendinosa profunda, sinal de Babinski positivo, sinergismo em massa, fraqueza e diminuição do trofismo muscular, hipertonia muscular, inadequação no recrutamento das fibras musculares para geração de força, perda da destreza e alteração na elasticidade muscular que irão favorecer o aumento da resistência ao movimento passivo, com provável contratura, fibrose e atrofia, levando à diminuição da amplitude de movimento articular. Assim, há comprometimento na função normal do movimento, tornando-o lento e pouco seletivo, o que leva a dificuldade na manutenção postural.

Vários recursos terapêuticos têm sido empregados no tratamento da espasticidade e de outros déficits motores de pacientes hemiplégicos, tais como cinesioterapia, crioterapia, hidroterapia, eletroestimulação (FES - Functional Electrical Stimulation, TENS - Transcutaneous electrical nerve stimulation), uso de órteses, estímulos vibracionais, tratamento com uso de medicamentos, cirurgias, mobilizações passivas com intuito de restaurar os déficits motores e promover o retorno da função e independência do indivíduo. Zamberlan e Kerppers relatam a técnica de mobilização neural como método terapêutico no tratamento da espasticidade em indivíduos acometidos por afecções neurológicas. Esta tem sido aplicada como método de avaliação e tratamento em várias patologias que alteram o sistema nervoso e as estruturas que são inervadas por ele. É uma técnica que tem como objetivo restabelecer a integridade do movimento e elasticidade do sistema mioneural. Este recurso pode ser utilizado como forma de tratamento para diminuição da espasticidade, uma vez que, a mobilização das estruturas nervosas promove a diminuição da tensão neural e por conseqüência, diminuição da tensão dos músculos, favorecendo a redução do tônus muscula.

A mobilização neural é uma técnica que aplica uma grande tensão sobre o sistema nervoso, por meio de determinadas posturas, para que, logo após, sejam realizados movimentos lentos e rítmicos em direção aos nervos periféricos e/ou medula espinhal, o que irá proporcionar melhora na condução do impulso nervoso. A finalidade da técnica consiste em melhorar a hemodinâmica e restabelecer o fluxo axoplasmático, promovendo a homeostasia dos tecidos nervosos.

Zamberlan e Kerppers relatam que há poucos estudos sobre a utilização da mobilização neural como método terapêutico em distúrbios ou afecções neurológicas. Em sua pesquisa foi observado os benefícios da aplicação da mobilização neural no tratamento de pacientes hemiplégicos. Os movimentos realizados pela técnica permitem que ocorra a manutenção da elasticidade e extensibilidade do tecido nervoso, o que vem a auxiliar a manutenção da extensibilidade das fibras musculares e por conseqüência favorecer a amplitude de movimento articular, e principalmente as propriedades de alongamento adaptativo do sistema nervoso.    

Há escassez da literatura sobre a utilização da técnica como forma terapêutica, no entanto, os autores que abordam sobre o assunto enfatizam seus benefícios sobre o tecido neural20,23. Deste modo, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da mobilização neural sobre a amplitude articular de movimento em pacientes hemiplégicos, portadores de espasticidade.

Metodologia

O estudo foi realizado na Clínica escola da Universidade Paulista – campus Flamboyant - Goiânia, Goiás. Investigou-se os efeitos da mobilização neural em slump sobre a amplitude articular de pacientes hemiplégicos, quando estas se encontravam diminuídas, verificada após avaliação física com uso do goniômetro. Foram incluídos na pesquisa indivíduos vítimas de AVE, independente da etiologia, que apresentavam como seqüela a hemiplegia espástica, sendo estes 07 do sexo masculino e 07 do feminino, com idade entre 38 a 64 anos, com cognitivo preservado e que não apresentavam contra-indicação à aplicação do método, tais como: problemas agudos com agravamento recente dos sinais neurológicos, lesão da cauda eqüina, lesões medulares e tumores. Foram excluídos da pesquisa indivíduos que não eram portadores da hemiplegia espástica, com osteoporose, indígenas, portadores de necessidades especiais, crianças, militares, e que apresentavam contra-indicações quanto à realização do método. Todos os voluntários não faziam uso de medicamentos para tratamento da espasticidade e realizavam fisioterapia na clínica onde a pesquisa foi efetuada. O paciente assinou o termo de consentimento livre esclarecido antes de iniciar o tratamento, respeitando assim, a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Os riscos para esta pesquisa consistiam na possibilidade do voluntário sentir dor durante a aplicação da técnica, como também provocar estiramento muscular. Todavia foi tomado o devido cuidado, respeitando as limitações do paciente e executando a técnica com precisão. A coleta de dados foi utilizada somente para fins acadêmicos, não sendo arquivada para estudos futuros.

Os materiais utilizados nesta pesquisa foram:

•    Goniômetro da marca Carci;

•    Tablado de madeira, estofamento com espuma, revestido em courvin;

•    Ficha de avaliação (Anexo I);

•    Escala de Ashwort modificada (Anexo II, tabela I)

Realizou-se uma pesquisa exploratória de análise quantitativa e em forma de pesquisa de campo. Primeiramente, foi explicado o que seria realizado com o paciente, que assinou o termo de consentimento livre esclarecido. Em seguida, foi feito a avaliação de forma específica para elaboração do estudo, composta de dados pessoais; anamnese; diagnóstico clínico; queixa principal; exame físico, incluindo, avaliação da amplitude articular de movimento, por meio de goniômetro, tônus (realizou-se movimentação passiva do membro, promovendo estiramento do músculo avaliado, por meio de movimentos passivos e relativamente velozes, como forma de promover a excitabilidade do fuso neuromuscular e verificação de sua resposta, se aumentada ou diminuída. A analise foi feita de acordo com a escala de Ashworth modificada (Anexo II, tabela I)) e teste especial, o slump test (o paciente foi instruído a ficar sentado próximo à borda anterior do tablado, a realizar uma flexão anterior do tronco, com flexão do quadril contralateral ao lado comprometido, em seguida, a flexionar a cervical, enquanto se realizava passivamente o movimento de dorsiflexão do membro testado). O sinal foi considerado positivo quando havia aumento dos sintomas ou redução acentuada da ADM de extensão de joelho, que comprovava a retração neural24.

A mobilização neural foi realizada com a elevação da perna estendida (SRL) e flexão passiva do pescoço (PNF) seguindo uma seqüência pré-estabelecida: paciente foi posicionado em decúbito dorsal com hiperflexão de cervical, na seqüência foi elevado o membro inferior contra-lateral ao lado plégico, pois a SRL promove a tensão global do sistema neural28.. Apartir desta postura, realizou-se movimentos oscilatórios de dorsiflexão no tornozelo por 1 minuto, em 3 repetições24. A intensidade das oscilações da mobilização articular foi do grau Ia II, de acordo com classificação de Maitland (Anexo II, tabela II). Logo após, o sujeito foi reavaliado reproduzindo-se o slump test, avaliação do tônus muscular através da escala de Ashworth modificada e verificação da amplitude articular de movimento, mediante utilização do goniômetro.

Os dados obtidos foram anotados em uma planilha do Excel versão 2007 e, posteriormente, analisados estatisticamente. Os resultados foram demonstrados em forma de tabela e gráfico.
Este estudo foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade União de Goyazes– CEP/FUG, conforme protocolo de numero 052/2011-2.

Resultados

Na tabela III (ANEXO II) encontram-se as características dos pacientes estudados.

A realização do slump test apresentou-se positivo com dor irradiada para o membro inferior e irritação do trato neuromeníngeo para todos os pacientes submetidos à pesquisa, antes da aplicação do método.

De modo geral, os voluntários apresentaram diminuição da espasticidade, evidenciando a diminuição do tônus muscular patológico em todos os indivíduos submetidos à pesquisa (ANEXO II, tabela IV).

Os dados obtidos de amplitude de movimento articular através da goniometria possibilitaram observar que, após o tratamento com a mobilização neural por meio de movimentos oscilatórios com Elevação da Perna Estendida (SLR) e flexão passiva do pescoço (PNF) houve melhora da amplitude de movimento de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna, externa de ombro, extensão de cotovelo e punho, desvio ulnar e radial do membro superior espástico de pacientes com diagnóstico clínico de AVE, com melhores resultados nos movimentos de abdução de ombro, extensão de cotovelo e punho (Anexo III, gráfico III).

Pôde-se verificar na pesquisa que os indivíduos do sexo masculino obtiveram melhores resultados que os do sexo feminino. Em uma média aritmética, o grupo feminino apresentou ganho de 69,8º, enquanto o masculino de 70,4º, com diferença de 0,6º (média em graus de todos os grupos musculares testados do membro superior afetado) (ANEXO III, gráfico II).

Os indivíduos com diagnóstico de AVE isquêmico apresentaram resultados mais satisfatórios do que os pacientes com seqüelas do AVE hemorrágico (ANEXO III, gráfico III).

Apesar de não ser o foco da pesquisa, 30% dos pacientes relataram alivio de dor após a aplicação da técnica. A melhora do quadro álgico foi observada na região lombar e nos membros inferiores.

Discussão

Os pacientes analisados na pesquisa tinham idade variando de 38 a 64 anos. Estes dados foram condizentes com a literatura, que denota que o AVE acomete pessoas em uma faixa etária mais elevada, todavia o número de jovens acometidos vem aumentando de forma significativa devido à exposição de fatores de risco, como métodos contraceptivos orais, fumo, estresse, uso de drogas25.
Ao que se refere ao sexo, neste estudo não houve prevalência, os voluntários foram escolhidos de forma aleatória e que apresentavam as características pré-estabelecidas. Todavia, sabe-se que os homens são mais acometidos pelo AVE em uma proporção de 60,56% para homens e de 34,44% para mulheres26. Em contrapartida, Cardoso menciona que até os 35 anos há um predomínio do sexo feminino, na proporção de (F/M = 3,7:1), após essa idade ocorre predomínio do sexo masculino (F/M = 1:2).

Ainda segundo Silva, o AVE pode ser classificado como isquêmico e hemorrágico. Afirmam-se que cerca de 70% a 80% dos AVEs são do tipo isquêmico, enquanto que o AVE hemorrágico corresponde a 9%. Resultados semelhantes foram observados em nossa pesquisa, uma vez que 9 (64,3%) dos pacientes estudados apresentavam o diagnóstico clínico de AVE isquêmico e os demais, 5 (35,7%) possuíam o diagnóstico de AVE hemorrágico. Destes, os que apresentaram melhores resultados foram os indivíduos com diagnóstico de AVE isquêmico, com ganho de ADM de 61,9º, comparado ao grupo com AVE hemorrágico que obteve aumento de ADM em 32,7º (média dos grupos musculares investigados).

A hemiplegia e/ou hemiparesia consiste em um dos sinais clínicos mais típico do AVE, caracteriza-se pela perda total ou parcial da função motora contra-lateral ao hemisfério afetado, tendo como resultado vários níveis de limitação e incapacidade28. Delboni 29 em sua pesquisa 13 (86,7%) dos indivíduos estudados apresentavam hemiplegia/paresia à esquerda, e apenas 2 (13,3%) à direita. A população analisada vai de encontro com os achados em nossa pesquisa, na qual, a maioria dos pacientes possuíam hemiplegia à esquerda 10 (71,4%), e os demais, 4 (28,6) à direita.

De acordo com a distribuição da proporção da hemiplegia, ela pode ser classificada como: proporcionada/desproporcionada com predomínio braquial, crural, facial e faciocrural30. As hemiplegias proporcionadas apresentam prognóstico menos satisfatórios por estar envolvida em lesões do trato piramidal, todavia, nas hemiplegias desproporcionadas ocorre maior comprometimento do membro superior do que o inferior, sobretudo nos casos de AVE, visto que, a artéria cerebral média costuma ser mais afetada que a artéria cerebral anterior, desta forma, a artéria cortical da perna e do pé é pouco afetada31. Em nosso estudo, a maioria dos pacientes apresentavam hemiplegia desproporcionada com predomínio braquial, correspondendo 11(78,6%) dos indivíduos pesquisados, e o restante 3 (21,4%) com predomínio crural.

O sistema nervoso está envolvido em quase todas as disfunções do paciente, podendo estar comprometido e ser uma fonte de sintomas. Acredita-se ainda, que os ligamentos durais forneçam restrições mínimas ao movimento dural no eixo axial transmitindo ao neuroeixo e suas membranas uma ligação física significativa com as demais estruturas do corpo.

Portanto, optou-se pelo SLR por ser um dos testes neurodinâmicos mais utilizado e por demonstrar uma validade considerável. Visa-se com a mobilização neural normalizar as funções mecânicas e fisiológicas do sistema nervoso, atuando sobre disfunções do próprio sistema, como também em estruturas musculoesqueléticas que recebem sua invervação.

Vários estudos analisaram as alterações na flexibilidade de grupos musculares através da avaliação da ADM articular após submetê-los a diferentes protocolos de tratamento. Sabe-se que o sistema nervoso é um sistema único, contínuo eletricamente e quimicamente. Portanto, qualquer alteração que ocorra em uma parte do corpo irá repercutir em todo o sistema. A espasticidade altera o fluxo axoplasmático e faz com que os nervos periféricos sofram aderências com os tecidos circunvizinhos proporcionando alterações tróficas e inflamatórias. A mobilização neural melhora o fluxo axoplasmático, sobretudo o retrógrado, diminuindo assim as tensões nervosas. No presente estudo pode-se observar que os pacientes após serem submetidos à mobilização neural apresentaram um relaxamente do tônus muscular que refletiu na amplitude articular de movimento.

Em um estudo realizado em indivíduos com comprometimento neural (A) e sem comprometimento neura (B) constatou-se que no grupo (A) 90,47% obteve melhora na amplitude de movimento articular de flexão de quadril, enquanto no grupo (B) 96, 55% obtiveram ganho na ADM de flexão de quadril20. A mobilização neural, neste estudo, apresentou resultados positivos para os dois grupos, porém o grupo (B) adquiriu resultados mais satisfatórios. Em nossa pesquisa todos os indivíduos submetidos à aplicação do método obtiveram aumento da amplitude de movimento articular, sendo os abdutores de ombro, os extensores de cotovelo e punho, os grupos musculares que apresentaram melhores resultados.

Investigou-se em outro estudo a influência da mobilização neural no ganho de ADM em flexão de quadril por meio de alongamento dos isquiotibiais. Todas as voluntárias obtiveram melhora na ADM do membro inferior direito, apresentando uma diferença pré e pós-mobilização mínima de 5º e máxima de 11º, comprovando assim, que a técnica de mobilização neural representa um instrumento eficaz na melhora da amplitude de movimento articula.

A mobilização do sistema nervoso pode ser aplicada como recurso terapêutico para o tratamento de diversas patologias. Sabendo-se disto, foi realizado um estudo comparativo de casos entre a mobilização neural e um programa de alongamento muscular em lombálgicos crônicos por Machado33, com intuito de avaliar seus efeitos sobre a flexibilidade e quadro álgico nestes indivíduos. Constatou-se que ambos os recursos terapêuticos apresentaram melhora no quadro álgico e flexibilidade dos mesmos, todavia, apenas a mobilização neural apresentou resultados significativos. Em nosso estudo foi observado que cerca de 30% dos pacientes relataram alívio de dor na região lombar e membros inferiores após aplicação da técnica, apesar deste critério não estar incluso nos objetivos na pesquisa.

Conclusão

A mobilização neural consiste em um recurso terapêutico que pode ser aderido ao tratamento da espasticidade, quadros álgicos, e para ganho de flexibilidade, porém ainda pouco utilizado como método de tratamento.

De acordo com os resultados na pesquisa, a aplicação da mobilização neural teve efeito sobre a amplitude de movimento articular de pacientes com diagnóstico de acidente vascular encefálico com hemiplegia espástica. Todavia, salienta-se a necessidade da realização de novos estudos que comprovem, ou que relatem os efeitos da mobilização neural como forma de tratamento nos diversos distúrbios neurais e músculo-esquelético.

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Anexo I

Ficha de Avaliação Nº__________
Data:      /       /
Identificação:

Sigla do Nome: _______________________________________________________
Data de nascimento: ____ / ____ / _____  Idade: _____    Sexo: ____________
Ocupação:__________________________Escolaridade:__________________
Diagnóstico: AVE: (   ) hemorrágico      (   ) isquêmico
Diagnóstico funcional:_____________________________________________
Queixa Principal:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Faz reabilitação: (   ) fisioterapia  (   ) fonoaudiologia  (   )TO   (   )
Exame físico:
ADM

Ombro

Cotovelo

Punho

Flexão

/

Extensão

/

Extensão

/

Extensão

/

 

 

D.U

/

Abdução

/

 

 

D.R

/

Adução

/

 

 

 

 

RI

/

 

 

 

 

RE

/

 

 

 

 


Tônus
_____________________________________________________________

Teste especial
Slump test:_____________________________________________________


Anexo

ANEXO II

Escala modificada de Ashworth

Tabela I:Tipos de tônus muscular.
  • 0 – Sem aumento do tônus muscular.
  • 1 – Ligeiro aumento do tônus manifestado por uma resistência mínima, no final do movimento passivo.
  • 1+ - Ligeiro aumento do tônus manifestado por uma resistência mínima, na metade do movimento passivo.
  • 2 – Aumento do tônus, manifestado por uma resistência em todo o movimento.
  • 3 – Grande aumento do tônus com dificuldade em realizar o movimento passivo.
  • 4 – Rigidez do segmento.

 

 

Tabela II: Classificação do grau de mobilização articular segundo Maitland.

Grau de mobilização articular - Maitland

Grau I

Mobilização de pequena amplitude que não chega na barreira restritiva;

Grau II

Mobilização de grande amplitude que não chega na barreira restritiva;

Grau III

Mobilização de grande amplitude que chega na barreira restritiva;

Grau IV

Mobilização de pequena amplitude que chega na barreira restritiva;

Grau V

Mobilização de pequena amplitude, feita em alta velocidade após barreira restritiva.

 

 

Tabela III: Dados das características dos pacientes pesquisados.

Característica dos pacientes estudados

%

Sexo

Feminino: 7

Masculino: 7

50

50

Idade (variação)

38 e 64 anos

 

Tipo de AVE

Isquêmico: 9

Hemorrágico: 5

64,3

35,7

Diagnóstico funcional

Hemiplegia à direita: 4

Hemiplegia à Esquerda: 10

28,6

71,4

Predomínio de comprometimento

Braquial: 11

Crural: 3

78,6

21,4

Tônus (escala de ashworth modificada)

Grau 1: 7

Grau 1+: 4

Grau 2: 1

Grau 3: 2

Grau 4: 0

50

28,6

7,1

14,3

0

Uso de fármaco (espasticidade)

0

0

Faziam fisioterapia

14

100%

 

 

Tabela IV: Alteração do tônus muscular logo após a mobilização neural.

Alterações do tônus muscular  - de acordo com a escala de Ashworth modificada

Voluntários

Antes

Depois

7

1

0

4

1+

1

2

3

2

1

2

1


Anexo III

Gráfico I: Amplitude articular de movimento antes e após a aplicação da mobilização neural.

 

 

Gráfico II: Melhora da amplitude de movimento articular após a mobilização neural de acordo com os resultados obtidos por sexo.

 

 

Gráfico III: Resultados de ganho de amplitude articular de movimento obtidos de acordo com o tipo de lesão do paciente.

 

 

Obs:

- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo são de seu autor.

- Publicado em 22/11/2011.


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