Trabalho realizado por:
Juliana dos Santos Caetano ¹, Rodrigo da Silva Moreira ¹, Samuel de A. Silveira Tavares ¹
Orientado por: Prof. MS. Blair J. R. Filho ²
¹ Alunos do curso de Fisioterapia da faculdade Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO ² Docente e orientador do curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira
Resumo - De acordo com as movimentações das articulações, existem patologias que são formadas pela movimentação forçada que vão alem dos seus limites anatômicos articulares, como o desarranjo articular, que os fisioterapeutas estão tratando como um método chamado de método de Maitland (Artrocinemática) que trabalha exatamente com o colocamento de articulações rodadas ou deslizadas no seu local de origem.
Palavras Chaves- Artrocinemática, Método de Maitland, Desarranjo Articular
Abstract - According to the movement of joints, there are diseases which are formed by moving forces beyond their limits anatomical joint, such as articular derangement, which physiotherapists are treating as a method called the method of Maitland (arthrokinematics) that works exactly like the placing of rounds or joints slipped in their place of origin.
I- Introdução
Qual a importância da Artrocinemática nos desarranjos articulares?
A artrocinemática é a área da cinemática que investiga os movimentos acessórios que ocorrem entre superfícies articulares durante movimentos fisiológicos. Por causa da terapia manual, fisioterapeutas estão particularmente interessados em dois movimentos artrocinemáticos: o deslize e o rolar. Durante quase todo movimento fisiológico, existe um rolar e um deslize ocorrendo simultaneamente entre duas superfícies articulares. Com uma superfície articular fixa e a outra superfície articular movendo, o rolar sempre ocorre na direção da diáfise do osso em movimento.
Um exemplo claro, está na abdução da articulação gleno-umeral com a cavidade glenóide fixa, a superfície articular da cabeça do úmero rola superiormente, ou seja na mesma direção que a diáfise do úmero move. Este rolar da cabeça do úmero é simultaneamente acompanhado por um deslize inferior da mesma superfície articular na cavidade glenóide. Este deslize inferior da superfície articular ajuda em parte a manter a cabeça do úmero na cavidade glenóide e previne um excesso de tensão nas estruturas Peri- articulares da articulação gleno-umeral. Ao contrario de rolar o deslize entre superfícies articulares não ocorre sempre na mesma direção da diáfise do osso em movimento.
Por motivos variados existem patologias diversas de acordo com esses movimentos da articulação, como exemplo do desarranjo articular, que é a movimentação forçada da articulação que resulta em um movimento fixo da articulação, no entanto diversos fisioterapeutas estão adotando a técnica de Maitland (artrocinemática) para tratar tais problemas, pois nessa técnica é utilizado exatamente a movimentação forçada em diversas formas da articulação que acaba colocando “no lugar” essas tais articulações que foram acometidas.
II- A Síndrome do Desarranjo articular
No desarranjo articular a dor é causada pelo deslocamento, deformação ou despregamento de estruturas localizadas dentro da articulação denominadas “preenchedores articulares”. Quando mau posicionados, os preenchedores articulares altera todo o funcionamento da articulação. Ao alterarem a mecânica da articulação provocam dor e bloqueio do movimento. A dor só é abolida quando o deslocamento é resolvido.
Inúmeras dores articulares dos membros podem ser causadas pelo desarranjo articular. Por apresentarem alguns sintomas comuns, o desarranjo muitas vezes é confundido com tendinites , bursites e outros. As articulações mais afetadas pelos desarranjos articulares são os cotovelos, punhos, quadris, joelhos, tornozelos, têmporo-mandibular (ATM), e acrômio-clavicular.
Um indivíduo com dificuldade de agachar e que sente que seu joelho às vezes “trava” também pode estar sendo acometido desse distúrbio articular. Pacientes com artrose podem ter no desarranjo articular a causa da sua dor, ficando assintomáticos assim que o desarranjo é tratado.
Quem são os preenchedores articulares?
São estruturas localizadas dentro das articulações dos membros como ombros, cotovelos, joelhos, quadris e tornozelos. São considerados preenchedores articulares os meniscos / estruturas meniscóides, os coxins gordurosos, o labrum, a cartilagem articular e os corpos livres intraraticulares. Como já foi dito, estas estruturas articulares podem se deformar, se deslocar ou mesmo se soltarem dentro do espaço articular ( corpo livre ), provocando um desarranjo articular. Quando se deformam, se deslocam ou se soltam produzem dor e alteram todo o funcionamento (mecânica) da articulação acometida.
Sintomas
Os sintomas de uma articulação com desarranjo são dor , bloqueio ou limitação articular, perda da força ao executar determinados movimentos.
O desarranjo articular pode ser causado por vários fatores como:
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Trauma provocado por uma queda ou um movimento brusco.
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Posições e posturas inadequadas da articulação mantidas por muito tempo.
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Prática de esportes , principalmente esportes de impacto.
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Articulações em processo de degeneração como na artrose ou osteoartrose.
A síndrome da Disfunção
A articulação pode também emitir dor quando ela tem seus movimentos limitados devido à perda da sua flexibilidade. A articulação que sofreu um trauma, uma inflamação ou uma degeneração pode desenvolver uma aderência ou cicatriz e perder sua flexibilidade. Exemplos: Um cotovelo que não estica completamente após a retirada de um gesso; o joelho que não dobra há muitos meses após uma cirurgia e uma articulação que passou por um processo inflamatório como a artrite reumatóide. Esse tipo de dor causada pelo encurtamento ou retração da articulação é denominado Síndrome de Disfunção da articulação.
Diferentemente do desarranjo, cuja resolução é rápida, o tratamento da disfunção articular pode demorar semanas ou meses. Isto porque os tecidos retraídos e encurtados precisam ser remodelados com a repetição regular dosexercícios.
A síndrome postural
A dor é produzida quando a articulação é alongada ou estirada excessivamente além da sua flexibilidade normal. Geralmente essas dores são abolidas assim que suspendemos o stress do alongamento sobre elas. Um bom exemplo é quando assentamos sobre um pé ou quando dormimos sobre o braço. Com o passar do tempo, a articulação começa a ficar dolorida nos obrigando a sair da posição. Assim que saímos da posição, a articulação para de emitir dor. Nesta síndrome não há lesão articular.
III - Movimento Artrocinemático
Ovóides:
- Côncavas (fêmea)
- Convexas (macho)
Ex: art. Glenoumeral
Selar:
- Combinação de ambas as formas, côncava e convexa
Ex: 1ºcarpometacarpal
Tipos de movimentos nas superfícies articulares
Ex:- rotação interna e externa da glenoumeral com úmero em 90º de abd.
- prono-supinação do antebraço
Ex: pneu de carro
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Deslizamento: um ponto da superfície articular entra em contato com vários pontos da superfície oposta.
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Compressão: Durante a compressão uma superfície articular se aproxima uma da outra com as seguintes características :
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Tração: Durante o movimento de tração as superfícies articulares afastam-se uma da outra com as seguintes características .
Indicações
- Hipomobilidade articular causada por processos degenerativos como traumas, microtaumas de repetição, imobilização, maus hábitos posturais, desuso, idade avançada.
- Dor e espasmo muscular.
- Processos inflamatórios sem efusão articular.
- Patologia que causam uma hipomobilidade articular progressiva, como artrite reumatóide.
Contra-indicações e cuidados
- Hipermobilidade.
- Efusão articular: Devido ao acumulo de líquido no interior da cápsula articular ( líquido sinovial, sangue, exudado etc. ) que já esta distendida, o que provoca a dor devido ao estimulo dos nociceptores , um alongamento ou mobilização articular irá provocar uma maior distensibilidade causando mais dor, porém movimentos delicados oscilatórios podem em alguns casos ajudar a diminuir a dor e o edema articular por melhorar o fluxo de líquido e manter a mobilidade já existente da articulação lesionada.
- Processos inflamatórios agudos: No processo inflamatório ocorre acúmulo exudato intra-articular causando distensibilidade da cápsula articular, o que promove dor, técnicas de alongamento não são indicadas devido a origem da dor se causada pela resposta do organismo pelo excesso de líquido e espasmo articular, e não devido ao tecido mole estar encurtado. Apesar de muitos fisioterapeutas utilizarem o alongamento para " ganhar arco de movimento" durante a inflamação aguda ,esta é contra-indicada por aumentar a dor e o espasmo articular devido a resposta do organismo ao tentar proteger-se do alongamento e também, quando o edema reduzir poderá ocorrer subluxações devido a uma hipermobilidade causada pelo excesso de distensibilidade capsular provocado pela mobilização articular.
- Devemos ter precauções com doenças ósseas detectadas no RX, fraturas não consolidadas, tecido conectivo recém-formado (processos cirúrgicos), artrite reumatóide e idosos (devido ao enfraquecimento do tecido mole, técnicas de mobilização podem romper algumas estruturas periarticulares causando imobilidade e dor ).
IV - Artrocinemática no Desarranjo Articular
Por meio de testes o fisioterapeuta é capaz de detectar se o problema articular está sendo causado por um desarranjo, uma disfunção ou por uma síndrome postural. Após feito o diagnóstico mecânico e constatado ser um desarranjo a causa da dor, são prescritos exercícios redutores que têm o objetivo de “ recolocar” a estrutura deslocada ou deformada em uma posição fisiológica ( natural ).
Assim que o movimento é aplicado, o paciente relata uma melhora significativa da dor e da limitação articular. A grande maioria dos desarranjos é resolvida em poucas sessões. O paciente deverá fazer o movimento reparador em sua casa ou no trabalho, não necessitando de ir diariamente ao setor fisioterápico para ser tratado.
Alem de restaurar a biomecânica articular proporcionam efeitos fisiológicos benéficos, o tecido articular e as estruturas periarticulares também podem ser restauradas, tais como :
- Movimenta o líquido sinovial levando nutrientes para as partes avasculares da articulação.
- Mantém a extensibilidade e a força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares.
- Inibe a ação dos nociceptores profundos e superficiais através de estímulos dos mecanoceptores articulares.
V- Conclusão
Á técnica de Maitland (Artrocinemática) e em resumo uma técnica de manipulação ou mobilização onde temos um rolar ou um deslize de duas superfícies articulares. Esses deslizes ou “escorregamentos” ou giro da articulação alem do seu limite anatômico pode levar a inúmeras patologias entre elas os desarranjos articulares. Para se aplicar essa técnica Maitland o profissional tem que ter amplo conhecimento de terapia manual. Pois apesar da artrocinemática corrigir problemas dos desarranjos articulares gerados por má postura, a vida sedentária e a falta de exercícios físicos, a artrocinemática se mal executada pode piorar o quadro patológico do paciente. Cabe ao terapeuta na hora da execução da técnica avaliar o limite anatômico e o limite neuromuscular do paciente pois Maitland é aplicada entre esses dois pólos limites. Em seguida a executado um golpe (Thurst), rápido e seco ao final do bloqueio do movimento articular passivo, muitas vezes seguido de um “estalar” no local aplicado. Quando bem sucedida a artrocinemática produz um efeito de redução ou anulação total da dor do paciente.
VI- Referencias
- Fisionet.com
- Dorcoluna.com
- Artigo Científicos do Prof. Ms. Fábio Facio
Obs:
- Todo crédito e responsabilidade do conteúdo é de seu autor.
- Publicado em 1/06/2010.
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