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A Efetividade da Fisioterapia em Pacientes com Doença Renal Crônica Durante Hemodiálise Imprimir E-mail
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A EFETIVIDADE DA FISIOTERAPIA EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA DURANTE HEMODIÁLISE

 

Trabalho realizado por:

Bárbara Luiza Novy Cândido¹
Natália Amorim Machado²


1. Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Intensiva1
2. Orientadora, Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Cárdico Respiratória com prática hospitalar- Faculdade de Ciências Médica de Minas Gerais2

Contato: nataliamachado731@gmail.com

 

RESUMO

Este estudo teve como objetivo em verificar e esclarecer quais os reais efeitos da Fisioterapia como tratamento realizado durante as sessões de hemodiálise (HD), nas principais queixas dos pacientes com doença renal crônica (DRC).  Realizado na unidade de diálise do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte, Minas Gerais (HSCBH); trinta e dois (32) pacientes com DRC em participaram da pesquisa, durante um período de três (3) meses, onde foram subdivididos em dois tipos de grupos para o estudo. Um grupo controle (GC) com 16 participantes e um grupo intervenção (GI) com 16 participantes. A pesquisa proposta teve comparação com avaliações inicial e final do programa proposto, para traçar as principais queixas dos pacientes em tratamento de HD pelo HSCBH, assim como, mensuração de dados vitais como, frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), índice de saturação de oxigênio (SpO2), pressão arterial (PA) e nível de esforço pela escala de borg. As analises se compuseram também com o teste de caminhada de seis (6) minutos (TC6M), avaliação da força muscular (FM) com o dinamometro digital, amplitude de movimento (ADM) com goniometria das articulações do ombro e quadril. E ao final da avaliação entregue uma cartilha domiciliar orientada a cada paciente individualmente. Após avaliação inicial o GI teve um protocolo a seguir, supervisionado por colaboradores de fisioterapia, constituído por exercícios de força muscular, exercícios respiratórios, alongamentos e ciclo ergômetro. E então após os 3 meses, ambos os grupos reavaliados. Como resultados houve aumento na distância percorrida pelo TC6M, aumento também da FM e ADM, assim como melhora da queixa principal dos pacientes ao inicio do estudo; evidenciando melhora significativa na capacidade funcional e qualidade de vida dos pacientes submetidos ao protocolo de fisioterapia durante HD. Concluindo então que a fisioterapia por meio de um programa de exercícios físico orientado e supervisionado pode proporcionar melhora significativa na qualidade de vida e capacidade física desse perfil de pacientes.

 

Palavras chave: Fisioterapia. Hemodiálise. Hospital Santa Casa de Belo Horizonte.

 

ABSTRACT

The objective of the study was to verify and clarify the real effects of Physical Therapy as a treatment performed during the hemodialysis (HD) sessions during a period of three (3) months, with the main complaint being chronic kidney disease (CKD). It was performed at the dialysis unit of the Santa Casa Hospital of Belo Horizonte, Minas Gerais (HSCBH). Thirty-two (32) patients with CKD were included in the study, where they were subdivided into two types of groups as follows: One control group (CG) with 16 participants and one intervention group (GI) with 16 participants. The proposed research was compared with the initial and final evaluations of the proposed program, to outline the main complaints of patients on HD treatment by HSCBH, as well as the measurement of vital data such as heart rate (HR), respiratory rate (HR), index oxygen saturation (SpO2), blood pressure (BP) and level of exertion by the Borg scale. The analyzes were also made with the six-minute walk test (6MWT), muscle strength (FM) evaluation with the digital dynamometer, range of motion (WMD) with goniometry of the shoulder and hip joints. And at the end of the evaluation delivered a home booklet aimed at each individual patient. After initial evaluation the GI had a protocol to follow, supervised by physiotherapy employees, consisting of muscle strength exercises, breathing exercises, stretching and cycle ergometer. And then after 3 months, both groups reassessed. As results, there was an increase in the distance covered by the 6MWT, increased FM and WMD, as well as improvement of the patients' main complaint at the beginning of the study; evidencing a significant improvement in the functional capacity and quality of life of the patients submitted to the physiotherapy protocol during HD. Concluding that physical therapy through a supervised physical exercise program can provide significant improvement in the quality of life and physical capacity of this patient profile.

 

Keywords: Physiotherapy. Hemodialysis. Santa Casa Hospital of Belo Horizonte.

 

1 INTRODUÇÃO

No presente estudo, abordou-se a efetividade da fisioterapia em pacientes com Doença Renal Crônica durante Hemodiálise. Atualmente, a Doença Renal Crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública mundial, sendo que em todo o mundo mais de um milhão de pessoas estão em diálise e outros tantos milhões apresentam algum grau de perda de função renal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2012).

Diante disso, o estudo trouxe como objetivo geral relatar os benefícios da Fisioterapia como tratamento associado a HD no DRC. E  como objetivos específicos buscou proporcionar um aumento na taxa de sucesso para o tratamento dos pacientes com DRC, com excelência de intervenção, objetivando um prognóstico mais preciso aos indivíduos que desenvolverem tal doença e evidenciar a importância da fisioterapia em pacientes com DRC.

Segundo Magalhães HG, et al (2004), os principais fatores de risco para a DRC são a hipertensão arterial (HAS), o diabetes melittus (DM), aumento do  índice de massa corporal (IMC), tabagismo, idade acima de 50 anos, história familiar (HF) de doença renal e o histórico pessoal (HP) de algum tipo de doença renal.

De acordo com as Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao Paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde (2014), programas de prevenção tem foco multiprofissional e devem ser incentivados e executados de maneira contínua, com suas diretrizes apropriadas. A implantação de estratégias de rastreamento para melhor qualidade de vida ao perfil de pacientes com DRC.

Nesse contexto, o estudo tornou-se importante visto que a fisioterapia pode contribuir para melhoria das manifestações e complicações que os pacientes que realizam HD possuem. Pois, alguns estudos científicos já comprovaram o impacto da fisioterapia no tratamento de doentes renais, programas de exercícios, para pacientes que realizam HD, têm sido estudados e realizados em vários países, e os benefícios destes exercícios parecem ser os mesmos com relação à população geral, acrescentando outros ganhos que são específicos para estes pacientes como, por exemplo, melhora na incidência de cãibras (MAGALHÃES HG, et al, 2004).

Segundo CHERCHIGLIA et. al (2010), as atividades fisioterapêuticas têm sido bem reconhecidas como uma forma de intervenção terapêutica que pode melhorar as alterações fisiológicas, psicológicas e funcionais desses pacientes, pois a insuficiência renal crônica (IRC) é considerada um problema de saúde pública devido sua evolução progressiva, sem alternativas de melhoras rápidas tem como consequência altas taxas de morbidade e mortalidade.

Diante do exposto acima, fez-se necessário um estudo sobre a Efetividade da Fisioterapia em pacientes com Doença Renal Crônica durante Hemodiálise, tendo como propósito estabelecer programas de exercícios durante a diálise para pacientes em hemodiálise dando motivação em um ambiente estruturado e monótono a fim de prevenir e diminuir os efeitos da condição clínica da doença renal, como as manifestações musculoesqueléticas, cardiovasculares e respiratórias nos pacientes.

Metodologicamente o estudo foi uma pesquisa de campo, exploratório-descritiva, quali-quantitativo; aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Instituição de Ensino e Pesquisa do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais (HSCBH), sob o CAAE n° 98657518.8.0000.5138. Foram incluídos ao estudo todos os pacientes portadores de Doença Renal Crônica (DRC) e que realizam tratamento de HD no HSCBH. E excluídos todos os pacientes com idade inferior a 18 anos, indivíduos com alterações cognitivas, deficiências físicas, disfunções neuromusculares e ortopédicas, e lesões nos membros que possam afetar a condução da intervenção.

 

 

2 RELATO DE CASO

O caso clínico escolhido foi de portadores de Doença Renal Crônica (DRC) e que realizam tratamento de HD no HSCBH.  Os dados analisados neste estudo foram obtidos a partir de análise de índices preditivos em dois grupos de pacientes, um Grupo Controle (GC) e um Grupo Intervenção (GI); ambos avaliados ao iniciar e ao finalizar a pesquisa por uma anamnese, teste de caminha de 6 minutos, avaliação de goniometria, dinamometria e cartilha com orientações domiciliares ao início do estudo. Tais avaliações realizada por um único colaborador, estagiário fisioterapeuta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMG), treinado e capacitado, submetido a acompanhar todos os pacientes da pesquisa. Colaboradores acompanhados e treinados pela Fisioterapeuta e Pesquisadora Bárbara Luiza Novy Cândido.

Os pacientes estudados realizaram tratamento de hemodiálise (HD) pelo HSCBH em um período de 3 vezes por semana com duração de 5 horas por dia. O GC realiza HD nos dias terça-feira, quinta-feira e sábado; já o GI realiza HD durante a segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira. Os pacientes foram acompanhados no período de 3 meses, iniciado em outubro de 2018. Anamnese inicial composta pelos seguintes itens: identificação, queixa (s) principal (is), história da doença renal, histórico familiar, histórico social, medicamentos. A anamnese final considerado como relevante a queixa (s) principal (is). De acordo com anamnese inicial colhida, foi realizado uma cartilha de orientações domiciliares para o perfil de pacientes estudado (cartilha – em anexo 01), onde foi entregue e orientado aos dois grupos estudados no início da pesquisa.

O segundo componente da avaliação foi o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), que teve como base as Diretrizes Brasileiras de Cardiologia, o teste mede a distância máxima que um paciente pode andar por conta própria em um corredor durante 6min, desde que o paciente escolha a velocidade em que anda, o teste se aproxima mais das atividades normais do que um teste de consumo máximo. O teste foi realizado por dois colaboradores treinados para garantir sua qualidade e conferir maior segurança a essa prática. Um terapeuta registrando as variáveis numa planilha e contabilizando o número de voltas percorridas, e o outro acompanhando o paciente no percurso, a fim de executar os comandos verbais adequados no decorrer da caminhada e, se necessário, conduzir o cilindro de oxigênio e oxímetro de pulso.

O teste foi realizado em um corredor continuo e de superfície plana, de temperatura agradável, sem trânsitos de pessoas. Marcado o piso no trajeto do corredor a cada um metro, sinalizando também o ponto de início e término de cada volta. Os pacientes foram orientados a utilizar roupas confortáveis e sapatos adequados para caminhar, não se deve suspender a medicação administrada. Realizado repouso mínimo de 15 minutos antes de realizar o teste, a fim de estabilizar parâmetros vitais em níveis basais.

O paciente então recebido uma clara explicação, de forma clara e pausada do procedimento do teste, dos seus riscos e benefícios; previamente instruído e compreendido a escala de percepção de esforço (Escala em anexo 02). O Colaborador foi encarregado a obter a frequência cardíaca (FC), saturação de pulso de oxigênio (SpO2), pressão arterial basal (PA) e percepção dos sintomas de dispneia e fadiga de membros inferiores antes da caminhada (Escala de percepção de Esforço), colido com os dados iniciais.

Posiciona-se atrás do paciente estimulando-o para que continue com o esforço e indicando-o quanto tempo resta para finalizar o teste, a cada 1 minuto durante a caminhada; a estimulação verbal é realizada (TC6M com frases em anexo 03). Em repouso e a cada minuto do teste (caminhando) colhido novamente as variáveis: FC, SpO2, PA e a escala de percepção de esforço para fadiga de membros inferiores; e mais qualquer sintoma que se apresente. O outro colaborador então registra a quantidade de voltas que o paciente realiza no circuito. Quando finalizado os seis minutos ou quando o paciente interromper a caminhada, é mensurado a distância percorrida até a última volta e deve-se também adicionar a distância obtida em todas as voltas completadas no circuito.

Se o paciente interrompesse a caminhada por algum motivo, este deveria ser colocado sentado em uma cadeira e ser orientado a cada 15 segundos. Quando finalizado os seis minutos, senta-se o paciente em uma cadeira no corredor e o terapeuta continuará registrando a cada minuto, por mais três a quatro minutos: FC, PA, SpO2, pontuação de dispneia e fadiga, e a presença de outros sintomas se o paciente os apresentou. O paciente deverá permanecer sentado até que todas as variáveis retornem ao estado basal e se encontre livre de sintomas. Sugere-se um repouso mínimo de 20 minutos logo que concluído o teste.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, é recomendado realizar dois testes num mesmo dia, sendo o primeiro utilizado como aprendizado. Por se tratar de um teste que depende da cooperação do paciente, existe a influência do denominado “efeito aprendizado”. São necessários 30 minutos de espera entre a realização dos dois testes. Caso não fosse possível realizá-los no mesmo dia, outro teste poderá ser realizado no dia seguinte, respeitando o mesmo horário de realização do primeiro para evitar variações circadianas da função pulmonar. Não há relatos de incremento na distância percorrida à realização de mais de dois testes, por isso na pesquisa foi realizado apenas duas caminhadas.

O próximo componente realizado na avaliação inicial e final, foi a avaliação de amplitude de movimento (ADM) pela goniometria, teve como base os autores Marques (2003), Palmer; Epler (2000) e Magee (2002). Por opção da equipe foi escolhido o quadril e ombro como articulações de referências, e realizado também por um único colaborador em ambos os grupos.  A goniometria do quadril como movimento a flexão ocorre no plano sagital entre a cabeça do fêmur e o acetábulo do ilíaco. Paciente em decúbito dorsal, fisioterapeuta pede que realize o movimento de flexão com os joelhos fletidos: 0°-125° e 0°-135°. Deve-se ter como precaução manter o membro oposto plano sobre a maca para controlar a inclinação pélvica posterior; evitar a movimentação lombossacra. Já a goniometria do ombro, foram realizados três movimentos, sendo eles, flexão, abdução e adução.

A flexão do ombro ocorre na articulação glenoumeral no plano sagital, sendo acompanhado por movimentos nas articulações esterno clavicular, acrômio clavicular e escapulo torácica. Paciente sentado com os braços ao longo do corpo, podendo também ficar deitado em decúbito dorsal mantendo sempre um bom alinhamento corporal, então realizado o movimento: 0-180° (MARQUES, 2003). Evitou-se a hiperextensão da coluna lombar, a abdução do ombro e a elevação da escápula. Mantendo a articulação do cotovelo em extensão. Na abdução, o movimento ocorreu no plano frontal. A abdução da articulação glenoumeral é acompanhada por elevação clavicular, seguida por rotação lateral do úmero. Sentado ou em pé, de costas para o avaliador. A palma da mão ficará voltada anteriormente, paralela ao plano frontal, e então realizado o movimento: 0-180° (MARQUES, 2003).

Evitou-se a flexão da coluna vertebral para o lado contralateral, a elevação da escápula. Permitiu-se que o ombro rodasse lateralmente em aproximadamente 90°. Evitou-se ainda a flexão e extensão do braço. Por último, adução do ombro, que é o retorno a partir da abdução e ocorre no plano frontal. A adução horizontal ocorre no plano transverso. O paciente preferencialmente sentado, podendo ficar em pé com o cotovelo, punho e dedos estendidos; e então realizado o movimento: 0°-40° evitando a flexão ipsilateral da coluna vertebral, a depressão escapular e a rotação de tronco (MARQUES, 2003).

Avaliou-se também a força muscular (FM) da musculatura dos membros superiores (MMSS) através do dinamômetro, consiste em um procedimento simples, objetivo e prático. Recomendado pela Sociedade Americana de Terapeutas de Mão (SATM) e pela Sociedade Americana para a Cirurgia da Mão (SACM). Também realizado por um único colaborador. Para avaliação dos MMSS os participantes se posicionaram sentados confortavelmente em uma cadeira sem braços, com os pés apoiados no chão e quadril e joelho posicionados a aproximadamente 90 graus de flexão. O ombro do membro testado ficou aduzido e em rotação neutra, cotovelo em flexão de 90 graus, antebraço na posição neutra e punho entre 0 e 30 graus de extensão e entre 0 a 15 graus de adução. A mão do membro não testado repousou sobre a coxa do mesmo lado.

Ressalta-se que os participantes instruídos a manter o posicionamento durante os testes e corrigidos pelo examinador quando necessário. Acessórios tais como relógios, pulseiras, anéis e braceletes foram removidos de ambos os membros superiores dos participantes antes do início dos testes.  Foi realizado a terapêutica com duração de 30 minutos durante HD. Padronizado que a intervenção fosse realizada após a primeira hora iniciada a HD e finalizada após a terceira hora. Pacientes em posturas de decúbito dorsal e/ou sentado. Sendo realizado e acompanhado o monitoramento da pressão arterial (PA), frequência respiratória (FR) e Escala subjetiva de Esforço antes de depois, e frequência cardíaca (FC) e oximetria de pulso durante o tempo todo da intervenção.

O setor de nefrologia do HSCBH é dividido em três turnos, o 1° turno inicia-se as 6 horas e finaliza as 10 horas, o 2° turno das 10:30 horas até as 15:30 horas, e por último o 3° turno das 16 horas até as 21 horas. Os pacientes são divididos em setores, sendo 4 postos com variados quantidades de pacientes. Para não ter distinção de pacientes pegamos 4 pacientes de cada posto e entraram para a pesquisa apenas os pacientes do 2° turno (devido a disponibilidade de horário para a pesquisa).

O protocolo proposto de intervenção foi composto por alongamento muscular das musculaturas do quadril, realizando extensão, flexão, abdução e adução; musculatura do ombro flexão e extensão, musculatura da coluna lombar com alongamento de flexão, e musculatura da coluna cervical com inclinação lateral, rotação, flexão e extensão; todos os alongamentos realizados de forma passiva pelo terapeuta. Alongamentos foram realizados 1 serie de 30 segundos por movimento. Treino de força muscular com theraband, caneleiras de 0.5 quilograma (Kg) e 1 Kg, halteres de 0.5 Kg e 1 Kg, realizado pelos mesmos grupos musculares do quadril e ombro de forma ativa, mesmo movimentos dos alongamentos. Treino de força realizado 3 series de 8 repetições. E realizado treino aeróbico com cicloergômetro com duração de 15 minutos (min) com carga de leve a moderado, de acordo com sinais vitais e escala de percepção de esforço do paciente.

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados colhidos foram armazenados em banco de dados criado a partir do software Microsoft Excel 2010 para posterior realização de análise estatística descritiva e comparativa dos resultados. O programa estatístico utilizado foi através do SOFTWARE BIO ESTAT 5.0. Termo de compromisso e ciência do paciente devido ao uso das fotos em anexo, foram assinados por todos participantes.

A análise da população estudada tiveram como diagnóstico constatado por Doença Renal Crônica, já no estágio avançado (100%), total de 32 pacientes, todos realizando tratamento de hemodiálise no HSCBH, com um período entre 1 ano a 15 anos de tratamento, obtendo uma media de 8 anos. Subdivididos em dois grupos, grupo controle (GC) com 16 participantes (50%) e o grupo intervenção (GI) com 16 participantes (50%), ambos com 9 integrantes do sexo masculino (56,25%), e 7 do sexo feminino (43,75%), (TAB. 1).  Ressaltando que 5 pacientes recusaram participar da pesquisa de imediato, nenhum dos 32 participantes obtiveram desistência ou abandono.

 

Tabela 1: Dados dos pacientes, diferenciação dos grupos pesquisados

Fonte: Elaborado pela autora

 

Na amostra os integrantes tem dentre 25 a 92 anos de idade, sendo uma média de 57,81 no GI e 65,5 no GC.  Nos dois grupos encontra-se 3 pessoas ativo em algum trabalho (sendo, 1 servente de pedreiro, 1 cabeleireira, 1 motorista, 2 parte de vendas e 1 comerciante), total de 6 pessoas (18,75%); já o restante, total de 26 pessoas (81,25%), 13 a cada grupo estão aposentados. Quatro 4 (12,5%) dos pacientes usavam prótese, 2 a cada grupo estudado, e 28 (87,5%) realizavam hemodiálise pelo cateter na fistula, 14 em cada grupo. Sendo como local no GI, 12 pessoas em membro superior esquerdo, 2 em membro superior direito e 2 em membros inferiores.

No GC 4 pessoas em membro superior esquerdo, 9 em membro superior direito, 1 em membros inferiores, 1 cervical e 1 na região peitoral. Como estado civil no grupo GI encontrasse 1 integrante viúva, 12 casados, 2 solteiras e 1 separado. No GC 4 viúvas, 9 casados, 2 solteiras e 1 separado.

Como etiologia da DRC, demonstrado na tabela abaixo (TAB. 2), 31 pacientes (96,88%) HAS, 28 (87,5%) Ulcera péptica, 27 (84,38%) Pneumonia frequente e 9 (28,12%) Diabetes Mellitus. E 27 (84,38%) dos pacientes são ex-tabagista e ex-etilista.

 

Tabela 02: Etiologia DRC.

Fonte: Elaborado pela autora

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de 50% apresentaram índice de massa corporal (IMC) dentro da normalidade e 50% alterados. Dentre os que estão alterados, encontrasse 3 (9,37%) indivíduos com baixo peso, 7 (21,87%) com sobrepeso e 6 (18,75%) em obesidade classe I. Os participantes foram avaliados antes do inicio do protocolo de treinamento, intervenção proposta, e após; decorridos de 3 meses.

Foram realizado 27 sessões no total de 3 meses de  acompanhamento (intervenção), com duração de 30 minutos para cada paciente. No inicio (até as 3 primeiras sessões), alguns pacientes foram dispensados de alguns exercícios, por apresentarem cãimbra intensas, impossibilitando de realiza-los. Após as primeiras sessões não tivemos nenhum caso que impossibilitava qualquer paciente de tais intervenções. Sem apresentarem nenhuma intercorrências.

Ao período que estávamos acompanhando nossos pacientes no setor de nefrologia, 5 pacientes que não entraram para a pesquisa precisou do nosso suporte fisioterápico, com sudorese, queixa de dispneia, queda de saturação, necessidade de suporte de oxigênio e 1 paciente foi necessário auxilio para intubar.

A grande maioria dos pacientes queixou-se na avaliação inicial câimbras, com um total de 12 pessoas (37,5%), depois lombalgia com 7 pessoas (21,88%) e em terceiro hipotensão, com 6 pessoas (18,75) e o restante queixaram outras coisas. Sendo que no GI 5 queixaram câimbra, 3 lombalgia, 3 dor nas pernas, 2 hipotensão, 1 hipotensão mais déficit de equilíbrio, 1 câimbra mais dor nos ombros e 1 câimbra mais lombalgia. Já no GC, 3 queixaram câimbra, 3 lombalgia, 3 hipotensão, 2 dor nos braços, 2 dores nas pernas, 2 dor nos membros inferiores mais câimbra e 1 tosse seca ativa.

Os resultados da análise dos domínios da avaliação como queixa principal, relatada no inicio da avaliação, antes da intervenção, e relatadas novamente após 3 meses de intervenção, estão descritos no gráfico abaixo (GRÁF. 1).  Na avaliação das queixas observamos melhoria estatisticamente significativa no GI, 14 (43,75%) dos participantes disseram não apresentar mais os sintomas ditos no inicio como queixa principal, e 2 (6,25%) pacientes apenas obteve melhora na capacidade funcional e dor parcialmente, apresentando ainda dificuldade em deambular por longas distâncias. Já o GC não teve relato de melhora significativa relacionadas a ausência das queixas iniciais, 3 pacientes relatam melhora parcial.

 

Gráfico 01: Principais queixas ditas pelos pesquisados.

 

Fonte: Elaborado pela autora

 

No início nos dois grupos todos participantes eram sedentários, após a orientação das cartilhas, esclarecimento de duvidas e acompanhamento, 8 participantes deixaram de ser sedentários, sendo 6 do GI e 2 GC. Praticando caminhada 4 vezes por semana, com duração de 40 a 50 minutos por dia, e 3 participantes iniciaram também o futebol em sua vida diária.

Antes dos pacientes serem submetidos à pesquisa eram mensurados os dados vitais (frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (PA), índice de oxigenação no sangue (SpO2) e escala de Borg) no início e ao termino da pesquisa. Todos em parâmetros dentro da normalidade para realizar tais tarefas propostas, de acordo com Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Outros dados correlacionados na pesquisa foi o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), onde é possível observar que a distância média percorrida antes pelo GC foi de 387,75 ± 5,02 metros (m), e o GI 375,00 ± 40,88 m. Após o período de 3 meses o valor de distancia media percorrido no TC6M  foi no GC 428,31 ± 55,91 m, e no GI 413,17 ± 60,8 m. Assim observamos no gráfico abaixo (GRÁF. 02), que a distância percorrida pelos pacientes após o programa o programa fisioterapêutico aumentou significativamente.

 

Gráfico 02: Correlação do Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC6M).

 

Fonte: Elaborado pela autora

 

E para correlacionar se houve melhora na musculatura, foi mensurado também a goniometria e dinamometria. A goniometria para avaliar amplitude de movimento (ADM) dos pacientes, demonstrou na articulação do ombro (movimentos de flexão, abdução e adução) no GI um ganho de ± 46°, enquanto o GC perdeu ± 8°. Já relacionado a articulação do quadril (movimento de flexão) o GI obteve um ganho de ± 32°, enquanto o GC manteve e ± 5°. Para a força muscular (FM), com o dinamômetro, foi mensurado em ambos os grupos, 8 pacientes com FM caracterizada como fraca, 5 normal e 3 fortes.

Os valores de referência para a força de preensão atingem valores variados referente à fase de cada idade. Observamos que o GC obteve sem alterações, os mesmo pacientes que eram fracos, normal e fortes, se manteve. O GI obteve um aumento de 7 participantes com força normal, 6 fortes, e reduzindo o numero de pessoas fracas para 3. Mostrando assim a diferença significativa dos grupos. Durante toda pesquisa vale ressaltar que não houve qualquer evento adverso ou qualquer tipo de intercorrências aos nossos pacientes.

De acordo com os resultados obtidos, podemos observar que o tratamento fisioterapêutico foi efetivo na resolução ou redução das queixas principais, proporcionando melhor qualidade de vida aos doentes. Demonstram grande relevância em seguir um protocolo estruturado e a supervisão de um profissional, sendo realizado de forma regular podem proporcionar aos pacientes com DRC alívio dos sintomas, ganho de FM e ADM, e melhora no desempenho de suas vidas diárias.

Igualmente, Magalhães ( 2004), afirma que a fisioterapia pode contribuir para a redução da incidência de cãibras, pois os alongamentos devolvem aos músculos seu comprimento e elasticidade normal; e os exercícios de fortalecimento ajudam, pois devolvem a tensão normal do músculo, auxiliando o retorno venoso, e assim, atenuando a perda rápida de líquido que a hemodiálise causa além de promoverem força muscular necessária para a realização de suas atividades de vida diária.

Assim, comprovado que a fisioterapia é eficaz também nesse perfil de pacientes, como um tratamento conservador. Outro ponto que confirma o ganho de FM e resistência muscular, é o aumento progressivo da carga e das repetições oferecidas durantes os exercícios de fortalecimento. Apesar de não ser uma medida fidedigna, mas o teste com o dinamômetro comprova o mesmo achado.

Utilizado como um método de treinamento cardiovascular, usado 15 minutos de ciclo ergômetro, como trabalho aeróbico já comprovado cientificamente por alguns autores que a bicicleta contribui com a redução e controle significativo das FC, FR, PA e sensação de esforço durante práticas relacionadas à rotina diária. Proporcionando redução na incapacidade funcional.

Segundo Tawney et al. (2003), tanto exercícios aeróbicos quanto anaeróbicos trazem benefícios para pacientes com DRC em HD, mas a importância destes benefícios depende de qual exercício foi oferecido, tendo em ponto de vista cada individuo individualmente, por isso um programa com associação de atividades orientadas individuais geram maiores ganhos.

Como queixa principal mais evidenciada, obteve a câimbra, e demonstrado que após a intervenção os pacientes não as queixavam mais, ou seja, os episódios de câimbras diminuíram. Podemos dizer que as melhorias é um contexto inteiro de uma equipe multidisciplinar atuando em prol do paciente, e os exercícios de alongamento são de extrema eficácia no tratamento das cãibras.

Já se mostra evidências que a fisioterapia auxilia na resolução, diminuição ou prevenção destas queixas, principalmente com a terapêutica de exercícios de alongamento e fortalecimento bem instruídos. Sendo de competência do fisioterapeuta.

Segundo Moore et al. (1998, apud MAGALHÃES HG, et. al 2004), a realização de um acompanhamento de fisioterapia durante a hemodiálise apresenta como vantagens: aderência ao tratamento, diminuição da monotonia durante a HD, supervisão médica, melhor assistência ao paciente, entre outros. Sendo confirmado também neste estudo.

Como resultado verbal podemos ressaltar a grande satisfação de ouvir aos pacientes dizerem o quanto a fisioterapia mudou a vida deles, assim mostrando melhoria em suas pequenas atividades como, amarrar um tênis, pentear os próprios cabelos, conseguir ir a manicure, cuidar do terreiro, entre outros.  Outro ponto também visto como a diferença de grupos, a constituição de exercícios domiciliares quando um profissional em contato cobrando faz a diferença. Afinal os pacientes em intervenção passaram associar com orientação exercícios em casa e durante HD, enquanto o grupo controle ao reavaliar não lembravam mais dos exercícios oferecidos ao inicio.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa realizada possui grandes fatores como, a promoção à saúde e a manutenção de um estilo de vida saudável, pois a análise de dados demonstrou que possui efetividade da fisioterapia em pacientes com DRC. Entretanto, o estudo teve duas grandes limitações como, o número de pacientes e o tempo do estudo proposto.

Considerando os resultados apresentados e discutidos anteriormente, o estudo poderá ter implicações para futuras investigações na medida em que subsistem algumas questões e finalidades propostas as quais não supriram completamente a curiosidade pois, dentre os pontos fortes da pesquisa, destacam-se: a melhoria da qualidade de vida, retorno as simples atividades de vida diária e consideravelmente o alivio sintomas ditos como queixa principal pelos próprios estudados.

Seria importante, para compreender e atuar junto á população estudada, quantificar e tipificar o papel de toda equipe multiprofissional em acompanhamento. O tratamento fisioterapêutico com base em um programa terapêutico realizado durante HD foi efetivo apesar de ter outros fatores que também contribuem.

A inserção do fisioterapeuta mostrou-se portanto ser de grande relevância, pois proporcionou benefícios na condição física, e consequentemente em uma melhor qualidade de vida a esse perfil de pacientes. Estes princípios chamam atenção e sugerem a realização de novos estudos visando caracterizar o envolvimento de outras áreas assim como protocolos fisioterapêuticos, que favoreçam adequações tanto no processo físico como em implantações de medidas de intervenção.

 

REFERÊNCIAS

CHERCHIGLIA, M.L., et al.Determinantes dos gastos com diálises no Sistema Único de Saúde, Brasil, 2000 a 2004. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(8):1627-1641, ago., 2010. 15p.

INSTITUTO DE NEFROLOGIA E DIÁLISE – INED / SBN. Pacientes em hemodiálise encontram na fisioterapia uma aliada para melhor qualidade de vida – ABCDT – Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante. Disponível em: <http://www.ined.com.br>. Acesso em julho de 2017, em ABCDT News.

MAGALHÃES HG, et al. Análise de Eficiência do Atendimento Fisioterapêutico em Pacientes com Doença Renal Crônica em Hemodiálise. 2° Cong Bras de Ext Universitária – Belo Horizonte, set 2004.

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ANEXOS

 

Cartilha


 

 

Escala de percepção de esforço


 

 

Obs:

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- Publicado em Agosto/2023

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